Política

Sinteal é contra retorno das aulas presenciais durante a pandemia

Ministério Público de Alagoas defende retorno e diz ter dados científicos de baixo contágio nas escolas

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 07/05/2021 07h31
Sinteal é contra retorno das aulas presenciais durante a pandemia
Reprodução - Foto: Assessoria
O Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal) é contra o retorno das aulas presenciais na rede pública enquanto durar a pandemia de covid-19, ainda mais que a quantidade de vacinas é insuficiente. Para Consuelo Correia, presidenta do Sindicato, “não existe educação presencial sem aglomeração”. “Somos contrários ao retorno presencial, sem vacina, sem testagem, porque nós sabemos o risco de para os profissionais e para os estudantes em sala de aula. A natureza do nosso trabalho é de aglomeração. Não existe educação presencial sem ter aglomeração”, crava. “Nós sabemos o quantitativo que nós temos em sala de aula e nossas salas não são tão grandes, exceto algumas da rede estadual. É um risco muito grande expor a classe trabalhadora e os estudantes à covid-19”, completa a presidenta do Sinteal. O Ministério Público de Alagoas (MPAL) defende o retorno às aulas presenciais na rede pública. Segundo a Força-tarefa do órgão voltada às ações contra a covid-19, estudos apontam o baixo contágio nas escolas. Além disso, o MP/AL ressalta a queda na qualidade do ensino e a dificuldade do acesso à educação. Segundo Consuelo Correia, os trabalhadores desejem retornar às escolas, mas os riscos ainda são altos. “Quem mais quer que volte as aulas presenciais são os trabalhadores porque eles estão na exaustão, no limite do seu trabalho. Perderam sua privacidade e a sala de aula. A casa das trabalhadoras e dos trabalhadores virou a escola, virou a sala de aula. Fazem o trabalho doméstico junto ao da escola. É muito difícil. Fora que os pais não tem hora para ligar para os profissionais”, relata. “Tem alguns estudantes que só tem um único celular na casa e a mãe o leva para o trabalho, o pai, à noite, é que ele vai recuperar as atividades do dia, outros são analfabetos e pedem para os professores ligarem para ele porque não sabem ler as mensagens”, completa a sindicalista. A presidenta do Sinteal ressalta a preocupação com o ensino infantil. “E você imagine a educação infantil, que é uma relação mais próxima. Você vai dar banho na criança, vai botá-la no colo, vai sentar no chão para desenvolver sua coordenação motora. É tudo muito próximo”, comenta. “Nossa defesa é pelo retorno às aulas só com vacina, com a garantia das duas doses para todos os profissionais, para que tenhamos um pouco de segurança. Sabemos que vacina só não basta e ainda se requer muitos cuidados, como o uso da máscara, álcool em gel, escola higienizada, tapete sanitizante, vários e vários lavabos dentro da escola para as crianças higienizarem as mãos. Então, é muita coisa para se dar conta”, pontua Consuelo Correia. Ela ainda comenta o fato que de um dos fatores que fazem o MP/AL querer a volta às aulas presenciais é a vulnerabilidade de muitos estudantes, que passam por provações e até violência doméstica e sexual. “Sabemos tudo isso. Porém, essa responsabilidade não pode ser imputada aos trabalhadores em educação. Só a escola vai assumir essa responsabilidade?”, questiona a presidenta do Sinteal. FORTA-TAREFA A Força-tarefa do MPAL voltada ao enfrentamento da Covid-19 decidiu, após reunião na última quarta-feira (5), enviar ofício ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, questionando o retorno às aulas presenciais na rede pública e sobre a imunização dos profissionais da educação. No documento, segundo a assessoria de comunicação do órgão, o MPAL afirma haver “evidências científicas que denotam serem as escolas ambientes seguros no contexto pandêmico”. Ainda de acordo com o MPAL, o ofício enviado a Brasília ressalta haver perda de qualidade nas aulas ministradas on-line em relação às presenciais, além do reclame a “uma resistência na retomada dessas atividades na rede pública, a despeito do funcionamento de atividades comerciais, esportivas e de lazer, entre outras e, até mesmo, atividades escolares presenciais na rede privada”.