Política

Políticos fortalecem nomes para novas eleições

Governador é citado para presidência e Fernando Collor projeta reeleição no Senado

Por Carlos Amaral 25/12/2020 08h34
Políticos fortalecem nomes para novas eleições
Reprodução - Foto: Assessoria
O ano de 2021 será de articulações e fortalecimento de grupos políticos para as eleições gerais de 2022. Alguns dos atores que entrarão em cena daqui – quase – dois anos já plantaram sementes nas eleições municipais de novembro último. Mesmo assim, o cenário ainda é de incertezas. A Tribuna conversou com o cientista político Ranulfo Paranhos sobre alguns desses apontamentos, num exercício de futurologia. Para o Senado, o que se tem hoje é uma disputa mais acirrada entre o governador Renan Filho (MDB) – que nunca disse ser candidato – e o senador Fernando Collor (PROS), cujo mandato chega ao fim em 2022. “Para o Senado, entre Renan Filho e Fernando Collor, a disputa é uma incógnita, mas o governador tem vantagem porque tem o arco de aliança dos prefeitos do MDB. Isso faz uma diferença grande. Já o Collor, por seu estilo de campanha – mais personalista – tem a surpresa ao seu lado. Por vezes, os prefeitos não conseguem exercer influência nos eleitores”, comenta Ranulfo Paranhos. Já para o Governo do Estado, o cientista político aponta algumas dificuldades para o senador Rodrigo Cunha (PSDB) que, assim como Renan Filho, jamais afirmou que se candidatará em 2022. “Para Governo, tem o Rodrigo Cunha, que já está em campanha. Ele tem uma vantagem, que é poder se candidatar e, se perder, volta ao mandato de Senado. Ele ainda é um nome mais leve e sem discurso antipolítica. Na verdade, ele fala em ‘política do bem’ e que não teria ‘rabo preso’. Isso parece vantagem, mas traz desvantagem porque não ter ‘rabo preso’ significa que ele não tem grupo político. É impensável ganhar uma disputa para o Governo do Estado sem grupo político de apoio. É óbvio que pode ganhar só com o nome e imagem, mas é importante ter grupo”, pontua Ranulfo Paranhos. Já em relação ao deputado federal Arthur Lira (PP), apontado como possível candidato ao Governo do Estado em 2022, o cientista político reforça o grupamento que ele possui. “Arthur Lira montou, este ano, uma máquina muito poderosa. Ele tem maioria na ALE, tem influência junto ao governo federal, tem uma quantidade de prefeituras que, se operacionalizada para uma campanha – como os Renans sempre fazem – faz muita diferença”, diz Ranulfo Paranhos que ainda aponta Rui Palmeira (sem partido) como mais um nome a ser inserido nessa equação. “Ainda tem de se levar em conta o que vai acontecer com o Rui Palmeira após esses dois anos sabáticos”, completa Ranulfo Paranhos. Outros pontos a serem considerados, segundo ele, é o fato de o PSDB não ter mais a força política de outrora em Alagoas e quem será o nome do governador Renan Filho para sua sucessão. “Com o Pedro Vilela assumindo o mandato em Brasília, o partido passa a ter 2 federais. Ele e a Tereza Nelma. Mas o PSDB não fez prefeituras”, destaca. “Quem será o nome de Renan Filho para o Governo do Estado? Ele vai compor com o Arthur Lira? Vai compor com o próprio Rodrigo? Ainda é tudo muito nebuloso. O que dá para afirmar é que não dá para fazer campanha sem um grupo político de apoio, com bons nomes candidatos a deputado”, completa o cientista político. Boa avaliação de mandato tem peso Em recente entrevista ao portal Congresso em Foco, o deputado federal Baleia Rossi, presidente nacional do MDB, citou o nome de Renan Filho como um presidenciável do partido em 2022. O governador, em entrevista coletiva realizada nesta semana, chegou a dizer que está “a disposição do MDB”, mas para o cientista político Ranulfo Paranhos, isso não passa de retórica para tentar colocar a legenda no cenário da disputa majoritária nacional nas próximas eleições. “Esse fogo de palha ‘Renan Filho, candidato a presidente da República’ pode fazer sentido agora porque ele é um governador bem avaliado, se comparado com outros governadores. Contudo, ao tempo que tem muita coisa boa que pesa para ele, isso tem efeito concreto só dentro de Alagoas. Isso, para mim, é mais coisa de entrevista mesmo, para dizer que o MDB está forte e também não creio que isso tenha partido, de alguma forma, do Renan Filho. Não creio que ele abriria mão de uma candidatura ao Senado para uma aventura dessa”, comenta. “Talvez ‘Calheiros’ seja o nome mais odiado, no Brasil, que qualquer outro da política nacional, por causa do desgaste do pai, ‘velha raposa poderosa’ que o senso comum odeia”, completa Ranulfo Paranhos. Além de Renan Filho, presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, citou ainda os nomes da senadora Simone Tebet (MS) e Ibaneis Rocha (DF), e do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. “Nós temos a Simone Tebet, que é a presidente da CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] do Senado, que é um grande nome do partido, temos o governador Ibaneis Rocha, que é um grande nome do partido, nós temos o Renanzinho que é o governador mais bem avaliado do Nordeste. Só para falar três, tem outros nomes, o próprio Henrique Meirelles é um grande quadro do MDB, foi candidato a presidente”, disse o dirigente partidário.