Política

Davi reclama de “fake news”, mas não explica suspeitas de “rachadinha”

Deputado estadual e coordenador da campanha a prefeito de Maceió de JHC não apresenta defesa ou provas sobre trama em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Estado

Por Tribuna Independente 28/11/2020 08h58
Davi reclama de “fake news”, mas não explica suspeitas de “rachadinha”
Reprodução - Foto: Assessoria
O deputado estadual Davi Maia (DEM) reagiu à denúncia de que mantém um esquema de “rachadinha” com o salário dos servidores de seu gabinete na Assembleia Legislativa. “Mais uma produção de fake news”, diz Maia em vídeo postado em redes sociais. Reportagem da Tribuna de sexta-feira (27) revelou uma série de diálogos por WhatsApp que sugerem o acerto entre funcionários e o parlamentar para a devolução de parte do rendimento. Na gravação para o Instagram, Davi Maia prefere fugir do tema. Ele evita o termo “rachadinha” e, portanto, não informa aos seus seguidores de que denúncia afinal ele está se defendendo. De maneira vaga, sem explicar os diálogos que aparecem na reportagem, Maia se apresenta como vítima. “Dessa vez o ataque se refere a mim. E atacaram a minha família, atacaram a minha honra. E Agora atacam o meu mandato”. A reportagem não ataca a honra do parlamentar, não se refere a sua vida particular e nem à conduta íntima de outras pessoas. O que aparece são conversas entre a secretária parlamentar Cláudia Marques Freire e servidores do gabinete do deputado nas quais se combina a forma de devolução de parte do salário. O dinheiro recolhido pela secretária é repassado para Marcelo Maia, irmão do deputado e assessor do candidato a prefeito de Maceió João Henrique Caldas (PSB). Numa das conversas gravadas, Cláudia Marques orienta uma servidora a deixar um valor, em espécie, no escritório de Davi Maia. “Deixa dentro da gaveta que segunda eu estarei no terra”, diz a secretária, numa referência ao Edifício Terra Brasilis, na praia da Avenida, onde está localizado o escritório do deputado. Em outro diálogo, a secretária reclama do atraso no repasse por parte de um servidor. “Meu lindo, o salário já tá na conta desde ontem, as meninas já trouxeram e só falta você”. E reforça com o mesmo funcionário: “Quero isso logo que Marcelinho vem já aqui no gabinete pra pegar”, diz ela numa referência ao gabinete de Davi Maia na ALE. “Marcelinho” é Marcelo, o irmão do parlamentar. Nas mensagens do Instagram, gravadas para responder às acusações, Maia diz que seu mandato “é transparente”, mas em nenhum momento rebate as falas que aparecem na reportagem e que indicam a suposta prática de “rachadinha” em seu gabinete. Maia fala ainda de política e eleição: “O desespero bateu na porta do adversário. Eles sabem que perderam. E vão continuar criando”. As gravações reveladas agora mostram que as conversas ocorreram entre dezembro de 2019 e julho deste ano. Pela frequência dos diálogos, a suspeita é de uma prática organizada, com método e regra para o repasse do dinheiro ao parlamentar.