Política

Mesmo com mais vagas, cai número de mulheres na Câmara Municipal de Maceió

Na avaliação da cientista política Luciana Santana, a tática eleitoral dos partidos em Maceió desconsiderou a representação de gênero – e de raça – nestas eleições

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 27/11/2020 07h52
Mesmo com mais vagas, cai número de mulheres na Câmara Municipal de Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
A próxima legislatura na Câmara Municipal de Maceió (CMM) contará com mais quatro cadeiras, mas, mesmo assim, o número de mulheres parlamentares diminuiu de cinco para quatro vereadoras. Percentualmente, a queda foi de 23,8% para 16%. Das atuais parlamentares, apenas uma conseguiu a reeleição: Silvânia Barbosa (PRTB). Através de sua assessoria, a parlamentar comentou a redução de mulheres na Casa de Mário Guimarães. “Eu estou feliz pelas mulheres eleitas, espero que elas façam um excelente trabalho na Câmara e sigam levantando bandeiras importantes como o feminismo, mas lamento a saída das minhas colegas, que são, na minha opinião, grandes parlamentares que farão falta aos maceioenses. O ideal seria que tivéssemos mais três mulheres, sem a perda de quatros atuais”, pontua. “Lamento profundamente essa perda de representatividade feminina no Poder Legislativo de Maceió”, completa Silvânia Barbosa. As outras três eleitas para a CMM foram: Teca Nelma (PSDB), Gaby Ronalsa (DEM) e Olívia Tenório (MDB). Já as vereadoras não eleitas são: Fátima Santiago (PP) Aparecida do Luiz Pedro (PP), Simone Andrade (DEM) e Ana Hora (MDB). Na avaliação da cientista política Luciana Santana, a tática eleitoral dos partidos em Maceió desconsiderou a representação de gênero – e de raça – nestas eleições. No entanto, ela enfatiza que isso também pode ter sido causado atipicidade do pleito deste ano. “Essa eleição foi atípica e, além disso, por causa da pandemia, a gente tem alteração na regra eleitoral para a disputa proporcional. Consequentemente, há aí a adoção de novas estratégias para o êxito eleitoral dos candidatos. Acredito que não se considerou a representação de gênero pelos partidos aqui em Maceió. Diferente de outras municípios onde teve cerce de 30% de mulheres eleitas”, diz Luciana Santana. Outro fator apontado pela especialista é o aumento da abstenção no pleito deste ano. Em 2016, 17,08% dos eleitores não compareceram às urnas. Este ano, 25,25% deixaram de votar. “Tivemos esse aumento da abstenção eleitoral, que fez o quociente eleitoral baixar um pouco. Daí, outros candidatos com votação menor que de mulheres, se elegeram... mas estavam num partido com mais votos no total”, destaca. “É um conjunto de fatores o fato de termos apenas uma mulher reeleita na Câmara este ano”, completa a cientista política. Para Luciana Santana, é preciso que os partidos políticos estejam mais sensíveis à representação de gênero e raça. “Não é algo que se altera da noite para o dia, é preciso mais conscientização da população, mais aproximação dos partidos com a sociedade, para termos uma representação mais equilibrada da população nos espaços legislativos”, sugere a cientista política. 2012 E 2008 Em 2012, a abstenção foi de 8,5%. Naquele ano, das 21 vagas na CMM, sete foram ocupadas por mulheres. Inclusive, a candidatura mais votada foi a de Heloísa Helena, então no PSOL, com 19.216 votos. Em 2008, a abstenção foi de 14,9% e, assim como quatro anos depois, também foram eleitas sete mulheres para a Casa e, de novo, Heloísa Helena foi a mais votada, com 29.516 votos.