Política

Debates têm mais peso entre indecisos

Segundo turno para Prefeitura de Maceió conta com dois confrontos entre Alfredo Gaspar e o deputado JHC

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 24/11/2020 08h14
Debates têm mais peso entre indecisos
Reprodução - Foto: Assessoria
Esta semana se inicia a reta final da campanha eleitoral do segundo turno entre Alfredo Gaspar (MDB) e JHC (PSB) para a Prefeitura de Maceió. E como se trata da reta final na corrida por votos, qualquer erro pode ser a diferença entre a eleição e a frustração, ainda mais com dois debates na televisão, um já nesta terça-feira (24) e outro na próxima quinta (27). Mas até que ponto estes confrontos de ideias jogam peso real na decisão do eleitorado? Para os cientistas políticos Ranulfo Paranhos e Luciana Santana, os encontros na televisão atingem mais os indecisos. “Os debates ajudam a quem está indeciso e, geralmente, num cenário de disputa mais acirrada. Para ter mais clareza na situação atual, é preciso ter pesquisas recentes [esta reportagem encerrou antes do resultado do Ibope desta segunda, 23]. De qualquer forma, é importante para o eleitor tirar as últimas dúvidas em relação ao seu voto. Seja para escolher um dos dois candidatos ou se manter neutro e votar nulo ou branco, ou se abster”, comenta Luciana Santana. Já Ranulfo Paranhos pondera para a possibilidade de os debates no segundo turno se tornarem “mais do mesmo”. “Os debates servem para apresentar propostas, mensurar desenvoltura dos candidatos e comparar uns com os outros em situações de pressão e ataques e reduzir o grau de indefinição dos eleitores. Eles são feitos para colocar candidatos frente a frente para o eleitor escolher. O debate é uma vitrine, mas se as propostas foram postas no primeiro turno, se ataques e acusações já foram feitos, se esses indivíduos já foram colocados frente a frente, os debates do segundo turno, um seguido do outro – como está previsto –, pode não trazer novidade e pode não alterar o quadro de escolhas”, diz Ranulfo Paranhos. Na última sexta (20), a TV Pajuçara realizaria um debate entre Alfredo Gaspar e JHC, mas o candidato do PSB desistiu poucas horas antes do início do encontro e alegou, em vídeo em suas redes sociais, se tratar de “arapuca” porque a empresa de comunicação tem em seu quadro societário parentes do prefeito Rui Palmeira (sem partido), que apoia o emedebista. Outro ponto importante a ser considerado é se os debates na televisão ainda possuem o peso político de outrora, devido ao boom das redes sociais. O próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito em 2018 indo apenas ao primeiro debate – no primeiro turno –, organizado pela Rede Bandeirantes. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito em 1994 e reeleito em 1998 sem ir a nenhum debate. O ex-presidente Lula (PT), quando de sua reeleição em 2006, só participou dos debates do segundo turno. Dilma Rousseff (PT) foi a todos os debates, tanto na sua eleição – 2010 – quanto na reeleição, em 2014. “O debate é um dos fatores para a escolha do voto, mas também há o tipo de campanha que está sendo feita, o corpo-a-corpo nas ruas, mensagens diretas, redes sociais. São vários fatores que influenciam a decisão do eleitor, mas ter uma noção clara do desempenho dos candidatos um debate faz muita diferença”, diz Luciana Santana. Já Ranulfo Paranhos entende que, por mais que as redes sociais estejam a todo vapor, elas são pautadas pela televisão. “Mesmo com a força das redes sociais, eu ainda aponto que quem pauta a internet é a televisão. Então, o que acontece nos debates vai às redes sociais e atinge o eleitor médio”, comenta Ranulfo Paranhos.