Política

No comando de prefeitura, família de JHC deixa herança de desvios e calamidade social

Histórico da família Caldas põe em xeque discurso de ética e moralidade pregado pelo candidato a prefeito de Maceió

Por Assessoria 11/11/2020 15h17
No comando de prefeitura, família de JHC deixa herança de desvios e calamidade social
Reprodução - Foto: Assessoria
O passado bate à porta e incomoda João Henrique Caldas (PSB), um dos concorrentes à prefeitura de Maceió. O passado, nesse caso, é a gestão de Eudócia Caldas, mãe do candidato, como prefeita de Ibateguara no período entre 2009 e 2013. Como JHC se vende com o figurino da ética e da renovação na política, o histórico de sua família em Ibateguara revela o oposto do que o candidato diz defender. Ao longo das últimas décadas, a linhagem dos Caldas já comandou a prefeitura da cidade em diversas ocasiões e diferentes épocas. Da última vez, a gestão da mãe de JHC deixou uma herança de suspeita de desvio de verbas e crise administrativa. Eudócia foi formalmente denunciada pela Controladoria Geral da União por uma série de irregularidades no período de agosto de 2009 a fevereiro de 2010. A CGU investigou a aplicação de repasses de recursos federais em 38 ações de governo. O resultado é um festival de delitos e irregularidades, segundo apontam os técnicos no relatório da apuração. Esquema de fraude em licitações, pagamentos não comprovados, compras superfaturadas e desvio de combustível são alguns dos problemas verificados pelo órgão federal. Há também desvios na merenda, locação fraudulenta de veículos e sumiço de livros escolares. Num convênio com o Ministério da Saúde, a prefeitura pagou por serviços não realizados e não cumpriu os objetivos do programa em questão. Somente nesse caso o prejuízo aos cofres públicos foi de quase R$ 300 mil (precisamente R$ 299.555,44). Segundo o relatório da CGU – com mais de 470 páginas –, as despesas indevidas eram “amparadas por documentos inidôneos”. Em outro convênio, desta vez com o Ministério dos Transportes, as cifras do que teria sido desviado são ainda mais altas. A prefeitura pagou R$ 572.641,34 numa obra cuja terraplanagem teve as medições “em desacordo com as especificações técnicas” – o que acabou inviabilizando o projeto e sacramentando o prejuízo. Em outra obra a prefeitura pagou a mais R$ 815.337,47. Também do Ministério dos Transportes, a prefeitura de Ibateguara teria desviado, em outro convênio, uma bolada de quase R$ 2 milhões (no valor exato: R$ 1.824.583,13). De acordo com os dados da CGU, esse valor representa “um sobrepreço no serviço de biomanta antierosiva”. Na mesma obra, uma falha nas dimensões do terreno provocou mais um prejuízo, agora no valor de R$ 817.544,35. Localizado na Zona da Mata de Alagoas, Ibateguara é um dos municípios mais carentes do estado. Os principais indicadores sociais mostram o atraso da região, ano após ano, sem qualquer avanço na qualidade de vida da população de pouco mais de 15 mil habitantes. Alta taxa de mortalidade infantil, baixa expectativa de vida e baixíssimo IDH são alguns dos dados do IBGE que confirmam a situação de quase calamidade. E boa parte do dramático panorama atual foi “construído” com a firme colaboração do sobrenome Caldas. Confira o documento da Controladoria Geral da União neste link.