Política

Uso eleitoral da tragédia do Pinheiro é afronta à Defensoria e aos MPs Estadual e Federal

Grupo de moradores esteve em visita de Bolsonaro a Piranhas para fazer política travestida de “pedido de ajuda”

Por Tribuna Independente 06/11/2020 14h56
Uso eleitoral da tragédia do Pinheiro é afronta à Defensoria e aos MPs Estadual e Federal
Reprodução - Foto: Assessoria
Como era de se esperar, a tragédia do Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto seria bandeira de muitos candidatos nas eleições deste ano em Maceió. O que não se esperava é que a sede de vencer derrubasse a coerência e até o respeito a instituições que nada têm a ver com o pleito e que tiveram um papel determinante para que alguma justiça fosse feita no caso. Durante a visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à cidade de Piranhas, na manhã desta quinta-feira, um grupo de moradores liderado pelo candidato a vereador Geraldo Neto esteve no local para fazer política travestida de “pedido de ajuda” aos bairros. O palanque armado por Geraldo, que é da coligação de JHC (PSB), prestou-se a desconstruir o acordo conduzido pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal e as Defensorias Públicas Estadual e da União que beneficiou 17 mil pessoas que tiveram suas casas e estabelecimentos comerciais atingidos pela atividade de mineração. As indenizações já começaram a ser pagas aos moradores mais prejudicados, que são os mais pobres. Sem o pacto feito por meio dessas instituições, muito provavelmente, pouca ou nenhuma ajuda ou compensação teria chegado. Isso é de conhecimento de toda a população da capital e tem o reconhecimento da sociedade maceioense. Só é alvo de crítica de uma minoria que se presta a explorar a tragédia da pior forma possível. Vale relembrar: essas instituições pactuaram com a Braskem S.A o financiamento e fornecimento dos recursos materiais necessários para apoiar as ações de desocupação, com a inclusão dos moradores no Programa de Apoio à Realocação e Compensação Financeira, que contemplou auxílio aluguel, auxílio mudança e pagamento de danos materiais e morais. O acordo fechado envolve R$ 2,7 bilhões que a Braskem foi obrigada a liberar. Atirar pedra em adversários faz parte do jogo político, mas questionar a lisura e o papel em defesa dos moradores desses bairros é uma afronta à toda sociedade alagoana.