Política

Folha, Estadão e O Globo criticam ideologização e politização da vacina contra a Covid

Em uníssono, jornais criticam a reação de Jair Bolsonaro ao apoio do Ministério da Saúde para a compra da Coronavac, vacina contra a Covid produzida por laboratório chinês

Por Plinio Teodoro com Revista Fórum 22/10/2020 08h36
Folha, Estadão e O Globo criticam ideologização e politização da vacina contra a Covid
Reprodução - Foto: Assessoria
Em uníssono, os três maiores jornais do país – controlados pelas famílias Marinho, Frias e Mesquita – criticaram a ideologização e politização em torno da compra da Coronavac, a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, pivô da troca de acusações públicas entre Jair Bolsonaro (Sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em editorial em que ressalta que é preciso “conter Bolsonaro”, a Folha diz que “mesmo depois de infectado, manteve o negacionismo, a omissão e a propaganda de falsas curas”. “Mais grave, patrocina agora nova ameaça à saúde pública motivada por interesse eleitoral”. O jornal da família Frias, critica a insistência de Bolsonaro em colocar seu interesse político, na tentativa de reeleição em 2022, acima da saúde pública e conclama o Congresso, o Judiciário, estados e municípios a tomarem “providências inescapáveis para que os brasileiros não fiquem sem vacina no ano que vem”. “Ao negar com espalhafato a intenção do governo federal de comprar a vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, o mandatário não enxerga além do objetivo eleitoreiro de neutralizar a imagem de a solução salvadora vir de São Paulo, governado por seu provável concorrente em 2022, o tucano João Doria”, diz o texto. Estadão Já o Estadão diz que “o que Bolsonaro deseja – e assim faz valer – é uma pasta incondicionalmente subserviente a suas idiossincrasias políticas e ideológicas”, sobre a desautorização do presidente ao terceiro ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante a pandemia. “Eduardo Pazuello tornou-se, num período de seis meses, o terceiro ministro da Saúde a ser desmentido publicamente pelo presidente Bolsonaro, simplesmente por agir de forma coerente com o interesse público e as evidências médicas. Por respeito ao seu nome e, muito especialmente, por zelo com a saúde da população, era o caso de o general de brigada pedir as contas, assim como fizeram Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich”, diz o texto. O jornal representante da plutocracia paulista critica ainda o “presidente sou eu” disparado por Bolsonaro “como se a loucura de impedir o trabalho do Ministério da Saúde pudesse ter alguma similaridade com o exercício da autoridade”. “É a ignorância que se faz arbítrio”, conclui. O Globo Porta-voz político da família Marinho, o jornal O Globo afirma que “o Brasil vem sendo submetido a um festival de oportunismo, ideologia e insensatez”. “Bolsonaro reagiu como quem, desde o início da pandemia, põe ideologia no lugar do conhecimento”, diz o editorial, ressaltando que “Bolsonaro comete uma barbaridade quando se nega a ampliar essa iniciativa”, em relação ao apoio do Ministério da Saúde à importação do Coronavac. O jornal ainda criticou João Doria por “promoter o impossível” – “Só ao final dos testes uma vacina estará aprovada”. “Nem Doria, nem Bolsonaro, nem ninguém pode saber o que dará certo. Politizar questões científicas já nos custou 155 mil vidas. É inaceitável que custe ainda mais”, conclui.