Política

Candidatos a vereador não se ligam a Bolsonaro

Percentual de postulantes com nomes de urna vinculados a polícias, militarismo e igrejas é praticamente o mesmo de 2016

Por Carlos Victor Costa 03/10/2020 07h44
Candidatos a vereador não se ligam a Bolsonaro
Reprodução - Foto: Assessoria
Em 2018, dois dos principais eixos do discurso que elegeu Jair Bolsonaro (sem partido) foram a vinculação com o braço armado do Estado e a centralidade dos dogmas religiosos na construção do seu plano de governo. Com isso, se esperava que o número de candidatos a vereador que usaria em seus nomes vínculos a esses temas fosse maior, mas em Maceió – cidade em que Bolsonaro teve, em 2018, 52,29% dos votos no 1° turno e 61,63% no segundo – isso não ocorreu. Em 2016 – pleito anterior à eleição de Bolsonaro – de 233 candidatos à Câmara Municipal, sete tinham seus nomes vinculados às forças policiais e seis a crenças religiosas. Contudo, nesta eleição, esse percentual teve leve queda, 5,57% para 5,2%. Dos 576 candidatos à Casa de Mário Guimarães deste ano, 17 usam em seus nomes de urna algum tipo de vínculo com as polícias Militar, Civil ou Corpo de Bombeiros. Treze candidatos usam títulos de irmão (a) ou pastor (a). Mesmo assim, o cientista político Ranulfo Paranhos, avalia que a tendência desse momento é de mais conservadorismo. “E é aí entra a questão dos militares. É normal que talvez daqui alguns anos que Bolsonaro se torne um produto muito ruim para se agregar, e aí as pessoas se desvinculam e talvez nomes relacionados ao militarismo, à PM de uma maneira geral, não seja interessante”, comenta. “Mas nesse momento, esses nomes são mais interessantes porque vendem, porque os nomes trazem uma carga de compreensão e isso é bom que se entenda, sempre que um candidato diz que é coronel alguma coisa e ele coloca lá o nome dele, sempre que o eleitor olha para ele olha para uma patente alta, olha com respeito e por aí vai”, avalia o cientista político à reportagem Tribuna. CANDIDATURAS VAZIAS Toda eleição, principalmente para vereador, isso é um fenômeno comprovado, tende a ter mais pessoas que tentam atrair atenção usando apelidos que puxam para o humor ou que se vincula a outras personalidades mais conhecidas seja da política ou não. Tanto que em Maceió, terão nomes que vão desde Zebrão, Nô Papai Noel, Jorge Tchu Tchu Tchu a Doquinha do Caldinho. Para Ranulfo, esses nomes demonstram candidaturas vazias. “Esses nomes mais engraçados é porque os indivíduos só se vendem se for a partir desse nome”. Ranulfo ressalta que campanha política é promoção de identidade e funciona exatamente como funciona um produto. “O mercado funciona tal qual para o candidato nas eleições. Ou seja, candidato é o produto, eleitor é o cliente consumidor e esse produto tem uma identidade. Essa identidade diz respeito ao seu conteúdo, diz respeito a sua parte externa, sua parte visual. Não passa disso o candidato. Política é mercado. Campanha principalmente. É tanto que uma das áreas mais importantes em campanhas políticas é marketing. O bom marqueteiro de campanha vai criar um perfil de um produto e torná-lo desejável ou ele vai pegar a tendência do momento”, afirma.