Política

Maia critica previsão de liberação do auxílio a informais

Para Rodrigo Maia, governo consegue pagar antes; 'Sempre vai haver críticas', disse ministro Paulo Guedes

Por G1 31/03/2020 19h45
Maia critica previsão de liberação do auxílio a informais
Reprodução - Foto: Assessoria
A revisão do governo de iniciar somente no próximo dia 16 o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais foi criticada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) nesta terça-feira (31). Para Maia, já que o auxílio é "emergencial", o pagamento deveria ser feito antes. O presidente da Câmara declarou ainda que o governo tem "toda a condição" de antecipar essa previsão. O pagamento foi aprovado pelo Congresso Nacional em razão dos efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia e será feito por três meses. O governo propôs R$ 200, mas os parlamentares aumentaram o valor durante a votação. Segundo o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), "muito provavelmente" o pagamento começará no próximo dia 16 de abril. "A palavra 'emergencial' não me perece, por uma crise do tamanho que a gente está vivendo, que aguardar até 16 de abril é a melhor solução", afirmou Maia. "Acho que o governo tem toda a condição, num trabalho com mutirão, juntando outras estruturas, mesmo de forma remota, que consiga organizar o pagamento dos brasileiros antes de 16 de abril", acrescentou o presidente da Câmara. 'Sempre vai haver críticas' Questionado em entrevista na tarde desta terça sobre a crítica de Rodrigo Maia, o ministro Paulo Guedes, da Economia, afirmou que o programa criado para atender aos trabalhadores informais em razão da crise do coronavírus não existia. "Foi um choque inesperado. Em três semanas e meia, criamos um programa novo", disse. Para Guedes, "sempre vai haver críticas". "Dinheiro não cai do céu", declarou Guedes. Segundo ele, "tem que ter a compreensão de que não é trivial colocar dinheiro nas mãos de 38 milhões de pessoas". O ministro pediu o apoio de Maia para a aprovação de uma PEC emergencial a fim de flexibilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal, o que permitiria ao governo, segundo o ministro, agir mais rapidamente. "Tenho certeza de que o presidente Rodrigo Maia quer nos ajudar a aprovar isso. Queremos implementar isso o mais rápido possível", disse. MP dos empregos Maia afirmou que a Câmara aguarda, ainda nesta terça-feira, a edição de uma medida provisória para tratar dos empregos que serão impactados durante a pandemia. Caso o governo não envie a medida, os deputados trabalharão em um texto próprio. O texto assinado pelo governo federal deve permitir a redução da jornada de trabalho de forma proporcional à diminuição dos salários dos funcionários, com a contrapartida do recebimento do seguro-desemprego. "O governo encaminhando hoje [terça, 31], a gente vai trabalhar com a proposta do governo. O governo não encaminhando hoje, a partir de amanhã [quarta, 1º], a gente começa a trabalhar um projeto, os projetos dos deputados, e vamos ver se até sexta-feira a gente vota", disse. Ainda segundo o presidente da Câmara, o ideal é que o Congresso vote a MP enviada pelo Executivo com mudanças incorporadas pela Câmara e pelo Senado. Por se tratar de uma medida provisória, o texto tem validade imediata assim que é publicado pelo governo. Pela Constituição, Câmara e Senado têm até 120 dias para aprovar o texto e torná-lo lei permanente. No entanto, parlamentares têm discutido a possibilidade de mexer nas regras para agilizar a tramitação. PEC do orçamento de guerra Sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria um orçamento paralelo para as medidas de combate ao coronavírus, Maia explicou que há um ponto de discórdia com o governo em relação ao texto. Segundo ele, os parlamentares não querem abrir mão de um dispositivo que deixa expresso que o Congresso Nacional terá o poder de controlar os gastos. Pela Constituição, o Parlamento já tem essa prerrogativa de fiscalizar as contas do governo. "Você delega poder [ao governo para gastar], mas o controle - claro, já é do parlamento e precisa ficar expresso na PEC - esse poder, sem dúvida nenhuma, tem que ser do Parlamento e continua sendo do Parlamento. Senão, fica parecendo que o governo tem o poder absoluto para tomar qualquer decisão. Não tem. Ele tem poder de tomar decisão sempre, [mas], com qualquer extrapolação da sua responsabilidade, o Parlamento tendo as condições de fazer o controle. Porque é assim que funciona o sistema democrático", afirmou. Maia ressaltou, porém, que pretende votar a matéria ainda nesta semana, com ou sem o apoio do governo. "Temos só esse pequeno problema com o governo, que eu espero que a gente possa ter isso resolvido, para que a gente possa votar a matéria também com o apoio do governo e não apesar do governo", disse.