Política

'Bolsonaro não começou a governar'

Cientista política Luciana Santana avalia discurso do presidente da República durante a Assembleia Geral das Nações Unidas

Por Jairo Silva com Tribuna Independente 26/09/2019 08h09
'Bolsonaro não começou a governar'
Reprodução - Foto: Assessoria
O discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na Assembleia Geral da ONU, na última terça-feira (24), causou perplexidade em diversos setores do país e do mundo. Para a cientista política Luciana Santana, o presidente parece ainda não ter saído de seu palanque eleitoral. Para ela, a repercussão internacional dos principais parceiros do Brasil é de distanciamento e que a avaliação foi mais negativa do que positiva. “Era como se o presidente ainda estivesse no palanque alimentando sua base eleitoral, refirmando temas que a sua base aplaude e considera relevante. Um jogo doméstico para fortalecer a base”, afirma a cientista. Para ela, o discurso foi carregado de uma ideologia arcaica que remonta a “Guerra Fria”, o discurso enfatiza a luta de seu governo contra o “comunismo” em detrimento do combate ao aquecimento global. Voltado para o público no Brasil que apoia o ‘bolsonarismo’, o presidente, segundo Luciana Santana, desperdiça uma oportunidade ímpar de firmar novas parcerias e fortalecer aquelas que ainda resistem. A cientista política destaca que aquele espaço é lugar de alinhar parcerias e potencializar a imagem do Brasil no cenário exterior. “O discurso de enfrentamento é desnecessário no espaço onde a fala foi feita (ONU), pois nesses espaços o que se busca é o dialogo e as maiores parcerias que você possa fortalecer nas mais diferentes áreas”. Em sua avaliação, Luciana Santana ressalta a falta de preocupação com áreas essências como segurança pública, educação, saúde e infraestrutura. “O presidente utiliza um tom beligerante, sem nenhum aceno á conciliação ou de buscar parceiras para governar”, analisa a cientista política. Sobre a temática ‘Meio Ambiente’, para ela, a fala de Jair Bolsonaro foi positiva ao reafirmar a soberania nacional, mas a forma foi errada. “As questões relacionadas à Amazônia apresentadas por Bolsonaro possuem erros tanto no conteúdo como na forma. O Brasil poderia ter saído maior com esse discurso, mas a situação foi o contrario”, pontua. Ela enfatiza que a população brasileira é maior que a base do presidente e anseia por demandas urgentes em diferentes áreas que não foram contempladas.