Política

Ministério Público do Trabalho em Alagoas vai investigar demissões no PSCOM

Até a manhã de ontem, foram 14 despedidos; todos aderiram à greve dos jornalistas

Por Texto: Carlos Amaral com Tribuna Independente 07/08/2019 14h48
Ministério Público do Trabalho em Alagoas vai investigar demissões no PSCOM
Reprodução - Foto: Assessoria
Mais uma empresa de comunicação demitiu jornalistas após a recente greve contra redução do piso salarial da categoria. Agora foi a vez do Pajuçara Sistema de Comunicação (PSCOM) excluir de seus quadros – até o final da manhã de terça-feira (6) – 15 profissionais, todos da tevê. Ainda na última terça, representantes do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal) se reuniu com Rafael Gazzaneo, procurador-chefe do Trabalho em Alagoas. O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu um procedimento investigatório para investigar as demissões. “Vamos agora apurar as circunstâncias da conduta da empresa para avaliar se houve conduta antissindical relacionada à greve da categoria, tal como ocorreu recentemente em outro grupo de comunicação do estado, a fim de garantir o cumprimento da legislação trabalhista e os direitos dos trabalhadores”, diz Rafael Gazzaneo por meio de assessoria. De acordo com Izaías Barbosa, presidente do Sindjornal, a ideia é mover ações semelhantes às contra a Organização Arnon de Mello (OAM), que também demitiu jornalistas após a greve. “A gente achou que esse tipo de coisa já estaria sanado. Exatamente quando se completa um mês do fim da greve, o PSCOM demite 14 pessoas. O que chama a atenção é a falta de respeito com os profissionais quando montaram no pátio da empresa um ‘acampamento de guerra’ para intimidar os colegas que trabalhavam e constrangimento aos demitidos, uma forma de mostrar que aqueles que se rebelaram e lutaram por um direito estão sendo punidos por isso”, afirma Izaías Barbosa. “Queremos o cumprimento da sentença normativa do Tribunal Regional do Trabalho [TRT]”, completa. No julgamento do dissídio coletivo dos jornalistas dos três maiores grupos de comunicação do estado: PSCOM, OAM e Grupo Opinião, ficou determinada estabilidade por 90 dias. Ou seja, até outubro. Para o repórter Alberto Lima, com dez anos de PSCOM – sendo oito seguidos – e um dos 15 demitidos, o caminhão estacionado no pátio da sede da empresa – para a realização de exames demissionais – foi para intimidar os jornalistas que seguem contratados. “Causou estranheza chegar para trabalhar e ter um caminhão de exames demissionais lá. Entendo isso como uma forma de inibir, e de intimidar, aqueles que ficaram. ‘Se vocês não fizerem o que a empresa quer também vão para aquela fila lá’”, comenta. “Agora, são 15 profissionais estão fora do mercado, mas não vai faltar espaço pela qualidade de todos eles. São capacitados e não estavam à toa no PSCOM. Como diz o poeta, a vida não acabou, ela continua”, completa Alberto Lima. Nem todos querem retornar a postos de trabalho A ideia inicial do Sindjornal é garantir a reintegração dos demitidos no PSCOM. Contudo, nem todos querem regressar aos postos de trabalho. Segundo Izaías Barbosa, os que têm esse pensamento afirmam não haver mais clima para seguir em atuação na empresa. “Eles ficaram de discutir esse assunto hoje [terça, 6] e nos passar a posição. O que eles já tinham como certo é que vão blocar, o que a maioria decidir será seguido por todos”, comenta Izaías Barbosa, presidente do Sindjornal, após reunião com o procurador-chefe do Trabalho em Alagoas, Rafael Gazzaneo. A Tribuna contatou um dos jornalistas demitidos do PSCOM que apenas confirmou a situação e que eles se reuniriam no período da noite. Portanto, após o fechamento desta edição. A reportagem também tentou contato com Leonardo Sampaio, diretor-executivo do PSCOM, mas sua secretária disse que ele estava fora da empresa e que daria o recado para retorno da ligação. Até o fechamento desta edição isso não ocorreu. PROFESSORES Nove professores do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) divulgaram uma nota nesta terça em repúdio às demissões promovidas pela direção do PSCOM. Segundo eles, o PSCOM “persegue profissionais que se opuseram à perda de suas garantias trabalhistas e à retirada de direitos”, afirmam. “O jornalismo brasileiro atravessa tempos sombrios e que os profissionais de imprensa, juntamente com os professores do ensino público, foram escolhidos como inimigos do país pelo governo autoritário e truculento, que ora ocupa o Palácio do Planalto”, completa a nota.