Política

José Vieira defende parcerias para Universidade Federal de Alagoas

Candidato ao cargo de reitor da instituição preza pela boa relação com os movimentos sociais

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 27/07/2019 11h17
José Vieira defende parcerias para Universidade Federal de Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) passa por processo de consulta à comunidade acadêmica sobre quem será o próximo titular de sua Reitoria. A Tribuna Independente publica entrevista com José Vieira, atual vice-reitor e que concorre à titularidade do posto máximo da instituição. Em sua avaliação, é momento de persistir e de se adaptar aos novos tempos, com diálogos e parcerias.   Tribuna Independente – O senhor é o atual vice-reitor da Ufal e no último período o país teve três governos – Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e agora Jair Bolsonaro (PSL) –, o que afeta as universidades federais. Por que quer ser reitor agora? José Vieira – É verdade. Nos últimos quatro anos nós atravessamos três governo diferentes e acho que duas palavras resumem muito bem o que foram este período e o que serão os próximos quatro anos: persistência e resiliência [capacidade de lidar com mudanças]. Persistência no caminho de seguir em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade social, da qual eu sou fruto, pois vim da escola pública e me formei numa universidade pública. Hoje, como docente e gestor, sei o quanto é necessário estarmos presentes e atuantes, e ser elemento conciliador para superar momentos de dificuldades. A Universidade já vem de um processo de diminuição de recursos de custeio há mais de cinco anos. Ou seja, antes de nossa gestão. E é necessário manter as contas em ordem. Ao longo dos últimos quatros anos eu ocupei algumas atribuições como ordenador de despesa, percorri todos os setores da Universidade – do administrativo ao acadêmico –, conheço cada técnico, cada setor, sei onde podemos aprimorar para executar melhor o orçamento. Sei também que é necessário em alguns momentos dialogar, até mesmo para dizer não quando preciso para manter as contas em ordem. Mas isso tem de ser feito de forma independente, justificada. Quando a comunidade tem acesso às contas da Universidade e sabe dos limites da nossa gestão, ela compreende determinadas medidas. Como foi o caso da restrição de viagens e passagens internacionais; restrição de diárias e passagens nacionais, mas distribuídas e delimitadas dentro de critérios equitativos. Como foi o caso da nossa atitude – junto com outros colegas porque ninguém faz uma gestão só – de otimizar o uso dos transportes, não somente negar, mas chamar a comunidade a utilizá-los de modo mais otimizado. Ainda que isso representasse sair de determinada zona de conforto. Penso que a Universidade, nos próximos anos, vai ter de reinventar. Acho que a gente não pode abdicar do princípio da universidade pública e da gratuidade, mas a gente precisa rever nossos custos e otimizar nossas ações. A gente precisa incluir sem incluir. A Universidade deve continuar tendo a boa relação que tem com os movimentos sociais – negro, LGBTI, agrários –, mas não pode abdicar de estabelecer parcerias com outros setores da sociedade. Tribuna Independente – O senhor acabou de citar o MEC e este ministério tem passado por certa confusão com troca de ministros e adotado posturas que vão à contramão da construção das últimas décadas do que vem a ser o papel das universidades. Caso eleito, como o senhor prevê a relação com esse MEC do governo Bolsonaro? José Vieira – Primeiro essa relação tem de ser tratada do ponto de vista institucional e não do ponto de vista partidário. Nós temos um compromisso com a Universidade e vamos, sem abdicar da defesa da universidade pública, buscar todos os canais existes. Seja no MEC, seja junto aos parlamentares de Alagoas, que já vêm ajudando bastante a maior instituição pública alagoana. Quero me aproximar dos parlamentares, independentemente do partido. O nosso partido é Alagoas, é a Ufal. E acredito que a universidade é maior que o governo. Tribuna Independente – Muita gente não compreende o papel que as universidades têm nos locais onde estão inseridas, mesmo muitos estudantes não têm a real dimensão disso. Qual a importância da Ufal para Alagoas? José Vieira – Essa compreensão se confunde muito com a minha compreensão de vida. Aos 14 anos meu primeiro trabalho foi ser office-boy numa universidade federal, exatamente no gabinete de uma reitoria. Conheci três reitores que me ensinaram os princípios da meritocracia e do respeito à coisa pública. Eu aprendi que a universidade é importante porque ela aponta rumos para seu desenvolvimento. Na minha tese de doutorado, eu pesquiso como uma universidade é decisiva, importante, para formar os quadros dirigentes pensantes. Sejam eles na política partidária, no movimento sindical, no campo, empresarial... Então, a Universidade é um espaço de pluralidade, onde ideias diferentes convivem e debatem a realidade com projetos alternativos e de sustentabilidade da economia regional, e mesmo de conhecimento a partir de Alagoas. A Ufal catalisa diferentes polos de conhecimento, que catapultam o desenvolvimento. Seja formando profissionais nas mais diversas áreas, seja ajudando a formular políticas públicas. Hoje a Ufal está em quase todos os conselhos e não é só o reitor que está presenta, mas todos os especialistas. Por exemplo, no caso do açúcar, a Ufal detém com mais 10 universidades – na Ridesa – mais de 60 cultiváveis da cana-de-açúcar, tanto para o grande produtor quanto para o pequeno. Também para agricultura familiar. Além de produzir defensivos agrícolas orgânicos e que não poluem o meio-ambiente. Maceió, cercada de tantos canaviais, se não tivesse esses defensivos que água estaria bebendo? A Ufal é decisiva no estabelecimento de políticas públicas. Outro exemplo, o bairro do Pinheiro. Quase todas as nossas expertises da Meteorologia, da Computação, da Comunicação, da Agrimensura estão à disposição.