Política

Agência confirma que empresas pagaram por disparos de fake news pró-Bolsonaro no Whatsapp

Espanhol Luis Novoa, dono da agência Enviawhatsapps, diz que 'empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas' brasileiros compraram seu software para mandar mensagens em massa a favor de Bolsonaro durante as eleições

Por Revista Fórum 18/06/2019 10h25
Agência confirma que empresas pagaram por disparos de fake news pró-Bolsonaro no Whatsapp
Reprodução - Foto: Assessoria
Reportagem de Patrícia Campos Mello na edição desta terça-feira (18) da Folha de S. Paulo, revela que durante a campanha eleitoral de 2018, empresas brasileiras contrataram uma agência de marketing na Espanha para fazer, pelo WhatsApp, disparos em massa de mensagens políticas a favor do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em áudios obtidos pela jornalista, o espanhol Luis Novoa, dono da agência Enviawhatsapps, diz que “empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas” brasileiros compraram seu software para mandar mensagens em massa a favor de Bolsonaro. Em entrevista à Folha, Novoa comprova que recebeu dinheiro para o disparo de fake news, mas não sabia que seu software estava sendo usado para campanhas políticas no Brasil e só tomou conhecimento quando o WhatsApp cortou, sob a alegação de mau uso, as linhas telefônicas de sua empresa. “Eles contratavam o software pelo nosso site, fazíamos a instalação e pronto […] Como eram empresas, achamos normal, temos muitas empresas [que fazem marketing comercial por WhatsApp]”, afirma o espanhol, na gravação. “Mas aí começaram a cortar nossas linhas, fomos olhar e nos demos conta de que todas essas contratações, 80%, 90%, estavam fazendo campanha política”, completa o empresário espanhol. R$ 12 MILHÕES A jornalista da Folha é autora da reportagem, publicada em 18 de outubro do ano passado – durante a campanha eleitoral -, que afirma que empresários gastam até R$ 12 milhões para impulsionar fake news pró-Bolsonaro no Whatsapp. A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.