Política

Contra corte de verbas, entidades estudantis saem às ruas nesta quinta (30)

Comunidade acadêmica paralisa atividade em busca de garantir mobilização para o ato contra cortes na educação

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 30/05/2019 08h30
Contra corte de verbas, entidades estudantis saem às ruas nesta quinta (30)
Reprodução - Foto: Assessoria
Professores, estudantes e trabalhadores da educação participam nesta quinta-feira (30) em todo o Brasil de manifestações em defesa das universidades federais, da pesquisa científica e do investimento na educação básica, após o corte de recursos anunciado pelo Governo Federal. O ato está sendo organizado nacionalmente pela União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG). Em Maceió, o ato foi convocado por entidades sindicais e estudantis como Diretório Central dos Estudantes (DCE) Ufal Quilombo dos Palmares, Sinteal, Adufal, Sintufal, Sintietifal e terá início às 13h com concentração na Praça do Centenário, localizada na Avenida Fernandes Lima, no bairro do Farol e terá uma caminhada em direção até o Centro da capital. De acordo com a dirigente do DCE Ufal, Lysanne Ferro, assim como ocorreu no último dia 15, os atos de hoje se colocam contra os cortes na educação o desmonte das universidades que tem sido política do governo  do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ela confirma ainda que foi definido que as atividades acadêmicas serão paralisadas. “Nossa convocatória nacionalmente é que esse ato será maior, pois o governo não recuou com os cortes, pelo contrário e se nega a escutar os estudantes, chegando até a ridicularizar os estudantes de todo o país. Isso não será aceito por nós daremos o nosso recado nas ruas”, ressaltou a estudante. No ato do dia 15 de maio, cerca de cinco mil, conforme estimativa da Polícia Militar tomaram as ruas de Maceió. De acordo com a organização da mobilização, a manifestação reuniu mais de 10 mil pessoas. As manifestações ocorrem contra o contingenciamento pelo Ministério da Educação (MEC) de, pelo menos, R$ 2,4 bilhões para investimentos em programas do ensino infantil ao médio; e o bloqueio R$ 2,2 bilhões nas verbas discricionárias das universidades e institutos federais. Os números foram revelados pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior. PRESSÃO DAS RUAS Sobre essa pressão que está vindo das ruas, tanto do manifesto em defesa das pautas do governo Bolsonaro que ocorreu no último domingo (26), como a contra os cortes da educação e reforma da previdência a reportagem da Tribuna Independente conversou com parlamentares do estado para saber se esses protestos influenciam na decisão do parlamentar na Câmara dos Deputados na hora de se posicionar e votar as pautas. Parlamentares dizem que manifestações precisam ser ouvidas   Líder da bancada federal alagoana em Brasília, Marx Beltrão (PSD) disse que as manifestações de qualquer grupo, desde que ordeiras e pacíficas, são justas e precisam ser ouvidas pela classe política. “Acredito que os protestos precisam ser ouvidos e respeitados, mas os posicionamentos no plenário devem ser orientados por análises e avaliação técnica das medidas propostas. O momento exige atenção ao aviso que vem das ruas, por parte de todos os grupos e de todas as orientações ideológicas. Porém o momento também exige cautela para que as decisões que afetarão a vida nacional sejam adotadas com racionalidade, respaldo técnico, social e legal, seriedade e bom senso”. [caption id="attachment_303580" align="aligncenter" width="640"] Deputados alagoanos defendem manifestações e acreditam que atos agregam à democracia do país (Fotos: Edilson Omena e Sandro Lima/arquivo)[/caption] Paulão (PT) destaca que a mobilização do último dia 15 foi uma das maiores já vista no Brasil e que a manifestação em prol do governo tinha como eixo apenas atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. “Não podemos permitir esses cortes, como já ocorreu na emenda 95 no governo Temer. Bolsonaro hoje é o inimigo número um da educação, ele tem muito medo do pensar”. Para o deputado JHC (PSB), esse é um processo natural e que pode agregar à democracia brasileira, na medida em que demonstra uma população mais consciente de seu papel como agente político. Já a deputada Tereza Nelma (PSDB) acredita que essas manifestações podem influenciar políticos indecisos, ou que estejam sendo pressionados por dirigentes partidários ou pelo Governo, mas que em seu caso não, pois tem posições claras e não troca voto de consciência por cargos ou vantagens pessoais. “As manifestações populares pacíficas são legítimas. As pessoas podem e devem externar suas opiniões, principalmente agora, num momento em nos defrontamos com tanta ameaça de atraso político e social. Daí a necessidade de nós, enquanto políticos, analisarmos minuciosamente os impactos de cada demanda. O povo está cansado de tantos direitos jogados no lixo, corrupção, falta de ética política. As manifestações de hoje, 30 de maio, em prol da educação, têm o meu apoio. São tempos difíceis para o ensino superior brasileiro, e a educação em todos os níveis. Jamais poderia ser conivente com tamanho absurdo, que é “contingenciar” (como afirma o governo) parte de uma verba que compromete o funcionamento das Universidades Públicas”, diz a deputada.