Política

Entidades da educação organizam outra manifestação nesta quinta-feira (30)

Movimento antecede greve geral, marcada para 14 de junho

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 29/05/2019 08h22
Entidades da educação organizam outra manifestação nesta quinta-feira (30)
Reprodução - Foto: Assessoria
Está marcado para esta quinta-feira (30) mais uma mobilização nacional em defesa da educação e contra os cortes do governo federal nas universidades. A convocação do ato foi feita pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e até o momento, as manifestações foram confirmadas em 24 capitais. Em nota, a direção executiva da Central única dos Trabalhadores (CUT) convocou os trabalhadores a participar das mobilizações do dia 30 de maio em todo o país “rumo à greve geral do dia 14 de junho contra a reforma da Previdência”. “Orientamos os sindicatos a somarem forças com os estudantes e professores na luta pela revogação de cortes e em defesa da educação pública, universal e de qualidade, em todos os níveis”, diz trecho da nota. À Tribuna, a presidente da CUT em Alagoas, Rilda Alves, reforçou o que diz a nota da executiva da Central e destacou que a principal pauta do ato será em defesa da educação. A sindicalista pontuou ainda que a manifestação realizada no último domingo (26) em prol das pautas do governo Bolsonaro não teve uma repercussão no tamanho que os governistas esperavam. “O governo esperava uma ato bem melhor e também da forma como foi feita atacando o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) não ajuda em nada nas articulações”. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Alagoas (Sinteal), Consuelo Correia o ato será no sentido de mostrar a importância da educação para o futuro do país. “A mobilização está envolvendo professores da rede básica, do ensino superior e estudantes de todos os níveis. O nosso ato será no sentido de dizer que a educação pública existe para empoderar a classe trabalhadora e trazer um projeto de desenvolvimento para o nosso país”. De acordo com a dirigente da UBES, Valéxia Oliveira, as pautas da manifestação de quinta-feira (30) são as mesmas do último ato, mas que espera uma participação ainda maior da população. “O povo consegue tudo que ele quer, o povo está acordando, os estudantes estão acordando, os trabalhadores também, pois esse governo não nos representa. Ele representa o empresariado e a autarquia”., “Protestos ocorrem pela falta de diálogo do governo”   A reportagem da Tribuna Independente consultou também a cientista política Luciana Santana. Ela fez uma análise sobre o cenário de manifestos no país em menos de seis meses do governo Bolsonaro. Para ela, essas manifestações são sintomas do que se nota no plano das instituições políticas, com atenção especial para o Executivo na figura do presidente Jair Bolsonaro (PSL). [caption id="attachment_303366" align="alignright" width="200"] Luciana Santana diz que manifestos também direcionam ao Centrão (Foto: Sandro Lima)[/caption] “Você tem um cenário bastante complicado. Um acirramento entre as relações do Congresso com o Executivo. A falta de uma liderança no governo que efetivamente possa cumprir o seu papel que é negociar as pautas com o Congresso, dialogar com a sociedade de uma forma mais horizontal. Sem radicalismo e autoritarismo, sem ideologização, e aí a gente está vendo algo no caminho oposto. Então as manifestações é um reflexo disso”. A cientista política acredita que as manifestações em defesa da educação tomaram grandes proporções por se tratar de uma pauta que unifica a sociedade. Luciana Santana, no entanto, entende que a manifestação em prol do presidente Jair Bolsonaro foi bastante controvérsia por ter sido construída em cima de pautas autoritárias e antidemocráticas, como pedidos do fechamento do Congresso Nacional e intervenção no Supremo Tribunal Federal. “Devido a repercussão algumas manifestações foram revertidas para certo apoio a pautas do governo, a exemplo da reforma da Previdência, pacote anticrime. Mas não deixou de questionar o papel desempenhado pelo Centrão, que ao meu ver é o cerne na verdade  do acirramento entre o Executivo e o Legislativo. Não é necessariamente esse tipo de pressão que vá resolver. O que precisa é de uma liderança com habilidade política para poder negociar e desconstruir essa ideia de que negociar significa o toma lá dá cá, não é bem isso. O que se espera é uma mudança pelo menos na organização do governo, que ainda precisa dessa organização que não existe. Que o presidente possa desempenhar suas funções de forma adequada e sem muita demagogia, sem muito autoritarismo”. Luciana Santana chamou atenção para o fato do Judiciário estar participando do pacto pelas reformas e pautas que estão em destaque na agenda política. “Então o judiciário aparecer como poder político complica bastante já que qualquer tipo de inconstitucionalidade ou questionamentos que são feitos justamente nesse poder. Então seria necessário que o judiciário não se envolvesse politicamente nisso porque não é a sua função”.