Política

Ex-servidor da Câmara de Maceió pode ser condenado a mais de 100 anos de prisão

Benício Vieira segue preso e é acusado de estupros em série há mais de 15 anos

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 23/04/2019 08h37
Ex-servidor da Câmara de Maceió pode ser condenado a mais de 100 anos de prisão
Reprodução - Foto: Assessoria
Denunciado por sequestro qualificado, estupro qualificado e roubo majorado, o ex-servidor da Câmara de Vereadores de Maceió, Benício Vieira de Lima pode ser condenado a mais de 100 anos de prisão, levando em consideração a pena máxima de cada condenação, acredita e defende o Ministério Público Estadual (MPE). A informação foi dada pelo promotor de Justiça Lucas Carneiro, que na companhia da colega Dalva Tenório – ambos das 59ª e 60ª Promotorias de Justiça da Capital  – concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (22) para falar sobre o caso do ex-servidor da Câmara de Maceió. De acordo com o Ministério Público, Benício Vieira teria praticado estupros em séries contra menos de 14, 16 e 17 anos, respectivamente e que vinha atuando há quase 15 anos. Três denúncias já foram ajuizadas contra ele e um quarto processo, que ainda não foi divulgado, deve ser finalizado até esta segunda-feira (22), conforme informou o promotor de Justiça durante a coletiva de imprensa. Após a coletiva, o promotor Lucas Carneiro conversou com a reportagem da Tribuna Independente e confirmou que Benício Vieira segue preso e que outros inquéritos estão para chegar ao Ministério Público. O promotor, no entanto, ressalta que o MPE quer que  o réu tenha uma pena justa e que por isso o órgão está estudando caso a caso, com cuidado. “Ele está preso. Tem prisão preventiva decretada em quatro processos, desses quatro, três já foram oferecidas as denúncias que é a peça inicial da ação penal. Existe mais uma denúncia sendo feita agora. Mas tem cinco outros inquéritos a chegar e sabemos que há outras vítimas por aí. Já houve reconhecimento pessoal, as vítimas foram pessoalmente. Quanto mais prisões preventivas, mais garantias de que ali é que ele vai ficar. Não estamos reunindo um processo em um só não, cada vítima e cada processo serão tratados individualmente”. Benício foi preso na semana passada após uma operação da Polícia Civil que teve como ponto de partida relatórios da Secretaria de Saúde feitos, após o atendimento de várias vítimas com relatos semelhantes. IDENTIDADE Questionado pela reportagem de como a polícia chegou a identidade de Benício Vieira, o promotor explicou que foi através inicialmente do projeto do MPE, chamado Abuso Sexual: Notificar é Preciso. Uso de carro pode pesar em condenação   “Quem percebeu isso primeiro foi o órgão de primeiro contato com as vítimas. Reunimos todos os hospitais aqui e criou uma forma harmônica e padronizada de comunicação e esses hospitais analisando isso perceberam que tinham casos parecidos. Percebendo isso e atendendo uma das vítimas foi comunicado a polícia, que fez um trabalho espetacular de investigação e aí conseguiu chegar nele, através também de reconhecimento pessoal”, disse o promotor Lucas Carneiro, que ressaltou que o acusado agiu igualmente em todos os casos. “Ele abordava as vítimas em plena via pública perguntava por uma igreja e sob ameaça ele colocava a vítima no carro, levava até um local e lá praticava os estupros. É interessante notar também que ao final do estupro ele levava a vítima para outro lugar e no caminho se desculpava. Então, veja, não era uma pessoa mentalmente incapaz. Porque sob a ótica penal, mentalmente incapaz é aquele que não entende as consequências do ato, muito pelo contrário, ele tanto entendia a gravidade do que ele fazia que pedia desculpas as vítimas”. O promotor destacou ainda que pelo fato de Benício ser um estuprador em série, o MPE acredita que tenha muitas outras vítimas. VEÍCULO DA CÂMARA Sobre a utilização do veículo da Câmara Municipal para praticar os crimes, o promotor informou que o MPE deve analisar a questão do prejuízo ao erário, já que um carro público foi utilizado em beneficio próprio, o que segundo Lucas Carneiro, pode pesar negativamente na hora de dosar a pena numa condenação final.