Política

FGV e Ibre apontam ociosidade na indústria

Recentemente, a CNI cortou a projeção de crescimento do PIB industrial para este ano de 3,3% para 1,1%

Por Brasil 247 22/04/2019 09h10
FGV e Ibre apontam ociosidade na indústria
Reprodução - Foto: Assessoria
Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vergas (FGV), apontou que 12 de 15 segmentos operaram com uma ociosidade das fábricas acima da média histórica. De acordo com o vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, não há indicativos de melhora para os próximos meses. Somente dois segmentos avaliados, o farmacêutico e o de papel e celulose, usaram a capacidade de produção de suas fábricas em níveis acima da média histórica. A indústria do vestuário registrou ocupação em níveis considerados normais. Vale ressaltar que, recentemente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) cortou a projeção de crescimento do PIB industrial para este ano de 3,3% para 1,1%. O ano 1 de Jair Bolsonaro (PSL) será de estagnação econômica. De acordo com o estudo, a indústria de transformação usou 74,6% do seu potencial no primeiro trimestre, uma marca abaixo da média histórica, de 81%. A maior diferença entre o nível de utilização da capacidade atual e a média histórica, descontadas as variações sazonais, ocorre nos fabricantes de bens de capital. No primeiro trimestre, o indicador estava 10,1 pontos abaixo da média histórica. Em seguida aparecem os bens intermediários (-6,1 pontos) e os bens duráveis (- 4,7 pontos). O gerente de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, reforça que "a atividade produtiva está andando de lado, principalmente na indústria, desde julho do ano passado". "A economia está sem dinâmica", diz. As entrevistas foram publicadas no jornal O Estado de S. Paulo. Segundo o dirigente, o alto desemprego e as más condições financeiras dos brasileiros afetaram as vendas e o faturamento das indústrias. "Com isso, hoje as indústrias não precisam ampliar o uso da capacidade instalada", afirma. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no final do mês passado, apontaram que a taxa de desemprego ficou em 12,4%, ou 13,1 milhões de desocupados. Outro impacto da ociosidade elevada recai sobre o capital de giro das empresas, observa Coelho. Quando as indústrias estão com ociosidade elevada, as margens de ganho ficam comprimidas porque as empresas não estão remunerando seus ativos fixos (máquinas, por exemplo). "Descapitalizadas, as indústrias vão ter problemas de capital de giro quando o mercado retomar", diz. Segundo o vice da Fiesp, não há indicativo de que o mercado vá melhorar nos próximos seis meses. Ele argumenta que os produtos brasileiros têm problemas de competitividade no mercado externo. "A Apex (agência de promoção às exportações) foi desmontada", diz.