Política

Servidores de Maceió ocupam Câmara Municipal em protesto contra PLs da Prefeitura

Sessões do parlamento foram suspensas esta semana e nesta quarta-feira (10) uma reunião entre sindicalistas e vereadores será realizada para tentar resolver impasse

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 10/04/2019 08h08
Servidores de Maceió ocupam Câmara Municipal em protesto contra PLs da Prefeitura
Reprodução - Foto: Assessoria
Centenas de servidores ocuparam a Câmara Municipal de Maceió (CMM) na tarde desta terça-feira (9) em protesto contra os projetos de Lei (PL) que alteram o Estatuto dos Servidores Públicos Municipais de Maceió e o Plano de Cargos das categorias, encaminhados ao parlamento na semana passada pelo prefeito Rui Palmeira (PSDB). Por conta disso, as sessões plenárias destas quarta e quinta-feira (10 e 11) foram suspensas. No acordo com os parlamentares, ficou decidido que uma reunião com os presidentes dos sindicatos do funcionalismo municipal e os vereadores será realizada nesta quarta. Os vereadores se comprometeram a tentar sensibilizar o prefeito para refazer os PLs, no todo ou em parte ou, até mesmo, retirá-lo de pauta, pleito principal dos trabalhadores. Os trabalhadores chegaram à porta da Câmara no início da tarde, mas foram proibidos de entrar no local. Eles alegam que uma reunião com os parlamentares estava marcada, mas isso foi negado pelo presidente da Casa Kelmann Vieira (PSDB). “Comigo não marcaram nada”, afirma o vereador. Durante os discursos e palavras de ordem, policiais militares começaram a atirar contra os manifestantes. Uma bomba foi acionada. Segundo relatos de servidores da Câmara, foi essa explosão que desencadeou a entrada forçada dos servidores no local. Na confusão, boa parte das portas de vidro do prédio foi destruída. A reportagem contatou a assessoria de comunicação da Polícia Militar para saber o motivo de os policiais terem atirado contra os servidores, mas até o fechamento desta edição não houve resposta. Os servidores chegaram ao plenário do Legislativo, interrompendo a sessão. Sob gritos de traidores, alguns parlamentares tomaram a dianteira para acalmar os ânimos. Francisco Sales (PPL) e Galba Netto (MDB) chegaram a subir nas mesas para pedir calma e que todos se retirassem porque o piso não aguentaria todos que ali estavam. [caption id="attachment_292385" align="aligncenter" width="640"] Portas de vidro da sede da Câmara Municipal foram destruídas durante ocupação do prédio (Foto: Edilson Omena)[/caption] Após cerca de 30 minutos de ocupação do plenário, os vereadores se dirigiram à sala da presidência da Casa. De lá, se reuniram com alguns sindicalistas. Já no plenário Silvânio Barbosa, destinado a sessões públicas, Kelmann Vieira se comprometeu a discutir os PLs com os sindicatos, mas só nesta quarta devido ao clima que tomou conta do local. “As sessões estão suspensas até a próxima semana. Sentaremos amanhã [quarta] para discutir os PLs e encontramos a melhor solução para o impasse”, garante o presidente da CMM. À imprensa, ele reafirma o compromisso, mas destacou os prejuízos da ação dos servidores. “Os danos ao patrimônio serão levantados”, adianta. “Mas entendemos o lado deles [servidores], são medidas polêmicas e que mexem com as vidas das pessoas”, completa. Sindicalistas queriam decisão de pronto, mas aceitaram reunião   Os servidores queriam, ao menos, o compromisso da Câmara de Maceió de que os Projetos de Lei não seriam votados. Contudo, segundo Consuelo Correia, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), diante do clima tenso que tomou conta do local, a proposta de outra reunião foi aceita pelos sindicalistas. “Não era o que queríamos, que era sentar hoje [terça], mas o presidente [Kelmann Vieira] propôs, por causa dos ânimos aqui dentro, que sentássemos amanhã [quarta]. Realmente, com esse clima fica difícil de nos entendermos, se há ou não possibilidade de arquivamento dos PLs”, comenta Consuelo Correia. Ela explica o motivo de os servidores terem ocupado a Câmara de Maceió. “Tínhamos marcado uma reunião para antes da sessão, mas quando chegamos, a porta estava fechada. Disseram que íamos subir, mas nos cozinhavam em banho-maria para votar tudo e nos deixar de fora”, diz Consuelo Correia. BRIGAS DENTRO... Com ânimos à flor da pele, não demorou muito para que brigas entre os manifestantes, com servidores da Casa e com ao menos um parlamentar ocorressem. [caption id="attachment_292386" align="aligncenter" width="640"] Kelmann Vieira, presidente da Câmara Municipal, tenta apartar briga entre servidores, um em trabalho e o outro na manifestação (Foto: Edilson Omena)[/caption] Logo após ocuparem o plenário da Câmara, duas brigas ocorrem. Uma entre manifestantes, perto da Mesa Diretora da Casa; outra entre com um guarda municipal que fazia a segurança do presidente Kelmann Vieira e um manifestante, colega de farda. Em seguida, na antessala da presidência da Casa, três sindicalistas começaram a trocar ofensas e quase chegaram às vias de fato. O motivo: que sindicato participaria da reunião com os parlamentares, pois o combinado era um por categoria. No fim, ambos participaram da conversa. Até o vereador Siderlane Mendonça (PEN) bateu boca com os manifestantes. Ninguém comentou os incidentes. [caption id="attachment_292387" align="aligncenter" width="640"] Sindicalistas discutem na antessala da presidência da Câmara por causa de participação em reunião (Foto: Edilson Omena)[/caption] E DO LADO DE FORA Além dos disparos e da bomba, um helicóptero das forças de Segurança Pública sobrevoou o local e o Bope foi acionado. Já os manifestantes exibiam uma bandeira do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Maceió suja de sangue. Segundo eles, resultado da ação policial. [caption id="attachment_292388" align="aligncenter" width="640"] Bandeira do Sindspref suja de sangue; segundo manifestantes, resultado da ação policial (Foto: Edilson Omena)[/caption]