Política

Maioria da 'CEI do Pinheiro' defende paralisação da Braskem

Quatro dos sete vereadores que compõem a Comissão entendem que extração da empresa nos bairros afetados por rachaduras deve ser terminada

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 28/03/2019 08h09
Maioria da 'CEI do Pinheiro' defende paralisação da Braskem
Reprodução - Foto: Assessoria
Dos sete membros da Comissão Especial de Inquérito (CEI) sobre as rachaduras nos bairros Pinheiro, Bebedouro e Mutange, quatro defendem a paralisação das atividades da Braskem nos bairros afetados. Para eles, os indícios apontam a empresa como responsável – mesmo que não só – pelo que ocorre nestes locais. Os vereadores que compõem a CEI são: Francisco Sales (PPL), presidente; José Márcio Filho (PSDB), relator; Silvania Barbosa (PRTB), secretária; Chico Filho (Progressistas), relator substituto; Luciano Marinho (Podemos), secretário substituto; Samyr Malta (PTC) e Maria Aparecida (DEM), membros. Francisco Sales, José Márcio Filho, Luciano Marinho e Samyr Malta defendem a paralisação das atividades da Braskem nos bairros de Bebedouro e Mutange. No Pinheiro isso já ocorre. O presidente da CEI defende a suspensão das atividades da empresa, até de forma preventiva. Ele também ressalta o fato de moradores dos bairros terem de deixar suas residências enquanto a Braskem segue em funcionamento. “Defendo não só agora, mas há mais de um ano. De forma preventiva. As pessoas já não mais aceitam ter de sair de suas casas e a empresa continuar operando”. Já Samyr Malta destaca que tanto a audiência no Senado quanto reportagens apontam que os locais das minas de sal-gema exploradas pela empresa coincidem com os locais de afundamento. “Ficou demonstrado que onde tem minas de sal-gema exploradas pela Braskem é onde está tendo problema. Ainda não é algo comprovado em 100%, mas o direcionamento é todo para a empresa. Por isso, acho que já deveria ter essa medida, de prevenção, porque já não paira muitas dúvidas mais”, comenta o parlamentar. José Márcio Filho também destaca a audiência em Brasília e reportagens que mostraram as minas nos mesmos locais das rachaduras. Para ele, “não há alternativa senão a suspensão das atividades da empresa”, afirma. “E não só a suspensão, mas também o bloqueio das contas da empresa de forma preventiva para que se possa garantir a reparação dos danos estruturais causados à cidade e, principalmente, a indenização das vítimas”, completa. No mesmo tom dos demais vereadores, Luciano Marinho diz não ter dúvidas de que a Braskem tem responsabilidade no caso e, por isso, defende a paralisação de suas atividades. “É preciso parar definitivamente em 100% as atividades da Braskem em toda aquela região. Ainda que se constate a causa do problema como natural, ainda sim, no meu ponto de vista, a Braskem tem grande contribuição nisso tudo”, afirma o vereador. JUDICIALIZAÇÃO Presidente da CEI, Francisco Sales ressalta que a Comissão tem poderes para provocar o Poder Executivo a paralisar as atividades da Braskem e até mesmo judicializar a questão. “Se for preciso, será feito. Por mim, aliás, já deveria ter feito”. Silvânia Barbosa e Maria Aparecida não quiseram falar sobre o assunto. Chico Filho cobra posição de órgãos técnicos   O vereador Chico Filho ressalta os indícios de culpa da Braskem, mas questiona o fato de órgãos técnicos que estudam as áreas afetadas por rachaduras não terem pedido a suspensão das extrações da empresa. Para ele, é preciso ter um documento técnico recomendando a paralisação. “Se há o indício, por que não pedir a paralisação?”, questiona o vereador do Progressistas sobre a postura dos órgãos técnicos. “A primeira coisa que essas agências de fiscalização e controle deveriam ter feito era emitir uma nota dizendo que existe riscos e que a Braskem é suspeita e por isso suas atividades devem ser paralisadas ou não tem motivo para isso e a empresa segue sua vida, mas nada foi emitido”, completa. [caption id="attachment_289410" align="alignleft" width="224"] Chico Filho diz que é preciso ter laudos técnicos apontando a situação (Foto: Ascom/Câmara)[/caption] Ele até defende a paralisação das atividades da Braskem nos bairros com afundamento, mas quer laudos técnicos apontando nesta direção. “Havendo indícios mínimos que essas atividades tenham correlação com os tremores, a paralisação é inevitável e deve ser imediata. Mas precisamos de posições técnicas de todos os órgãos competentes. Não podemos trabalhar com achismos porque essa situação está causando pânico nas pessoas”, diz Chico Filho. Ele ressalta que durante a audiência pública no Senado, convocada por Rodrigo Cunha (PSDB), questionou os geólogos presentes sobre a possibilidade de paralisação das extrações nas minas da Braskem, inclusive nas de água – usada para preencher o vazio que fica após a retirada do sal-gema do subsolo. “Ninguém me respondeu”, reclama o vereador. “Por isso pedi lá que toda a apresentação fosse encaminha à Câmara Municipal, pois aquelas informações jamais chegaram até nós”, completa o vereador. AUDIÊNCIA Nesta quinta-feira (28), a Câmara realiza audiência pública para discutir o tema, às 9h, no Plenário Silvânio Barbosa, em sua sede no bairro de Jaraguá.