Política

Privatização do BNB prejudica agricultores

Em Alagoas, Fetag tem reunido a categoria e conversa com líder da bancada para mostrar impactos negativos da proposta

Por Luciana Martins com Tribuna Independente 08/03/2019 07h45
Privatização do BNB prejudica agricultores
Reprodução - Foto: Assessoria
O maior financiador da agricultura familiar, o Banco do Nordeste Brasileiro (BNB), entra na lista do governo Jair Bolsonaro como proposta para ser privatizado. O anúncio feito por meio da Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento trouxe uma preocupação para o segmento em Alagoas, que logo se reuniu ontem (7), com o líder da bancada federal alagoana, o deputado federal Marx Beltrão (PSD). Givaldo Teles, presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na agricultura em Alagoas (Fetag) explica que entre os pontos de pautas a serem discutidos com o deputado está a privatização do Banco do Nordeste. “Jamais estaremos de acordo com a privatização de um banco que hoje patrocina os programas de crédito voltado para o campo, por isso, vamos pedir também uma reunião com os demais membros da bancada para mostrar qual o impacto negativo que a privatização do banco do Nordeste causará no campo alagoano”, argumentou. De acordo com Givaldo Teles, o Banco do Nordeste encerrou o ano de 2018 com um saldo positivo injetando mais de R$ 23 milhões em operações e valores contratados, sendo mais de R$ 160 mil somente para Alagoas. “É um orgulho para Alagoas ter o Banco do Nordeste. A partir do momento que este banco passa a ser privatizado, o agricultor familiar, o pequeno agricultor, não terá acesso a estas linhas de créditos e teremos a fome e a miséria no campo”, avalia Teles em entrevista à reportagem da Tribuna Independente. A expectativa da Federação é de que a bancada alagoana também seja contrária à proposta do governo federal. O líder, Marx Beltrão, já adiantou o seu posicionamento. “Eu sou totalmente contra a privatização ou unificação do Banco do Nordeste com o BNDES porque é ele quem fomenta todo o setor produtivo do Nordeste”, garantiu. De acordo com Marx, alguns membros da bancada alagoana também se mostraram contrário à privatização, mas ressalta ser importante essa reunião com toda bancada. “Essa é uma decisão individual e cada deputado tem que formar o seu pensamento para que todos possam manifestar a sua decisão, opinião. A reunião com todos os membros deve acontecer ainda este mês”, informou o parlamentar. Na avaliação do parlamentar ao ser privatizado, o banco perderá a sua principal característica que é fomentar a agricultura familiar, que já encontra problemas como falta de assistência técnica, de apoio do governo e poucos recursos destinados ao financiamento. “O homem do campo não pode ser prejudicado, por isso, vou ouvir as duas maiores instituições que representam os agricultores em Alagoas para tomar uma decisão que possa atender aos anseios deste segmento”, garantiu Beltrão à Tribuna Independente. Beltrão aguarda PSD sobre vice-liderança   [caption id="attachment_284921" align="aligncenter" width="640"] Marx Beltrão foi sondado para ser vice-líder do governo na Câmara (Foto: Edilson Omena)[/caption] Marx Beltrão disse que recebeu o convite do deputado federal Major Vitor Hugo (PSL) para ser vice-líder do governo e não diretamente do presidente Jair Bolsonaro. Conforme o parlamentar, a resposta virá depois que houver uma conversa com o seu partido. “Eu sou do PSD que não faz parte da base do governo e só tomarei a decisão de ser ou não depois que o meu partido decidir se irá para a base do governo”, comentou Beltrão com a Tribuna. O líder da bancada alagoana fez questão de ressaltar que se for vice-líder, a população pode ficar tranquila quanto aos seus posicionamentos. “Vou defender o cidadão alagoano e o povo brasileiro independentemente das posições do governo”, pontuou. O parlamentar informou que algumas questões do governo não podem ser aceitas e para isso o é preciso ter maturidade para enfrentar os problemas como eles realmente estão postos. “O que não se pode é escutar apenas o ministro da Economia [Paulo Guedes] que não tem coração, apenas número na cabeça, e isso é ruim para o país”, lamentou. PREVIDÊNCIA Com a Federação dos Trabalhadores da Agricultura em Alagoas (Fetag), o líder da bancada alagoana revelou que foi importante ouvir o posicionamento da Fetag sobre os pontos discutidos em Brasília. “É meu dever como deputado escutar o posicionamento deles e só vou apoiar a reforma se este for o desejo da categoria”, assegurou. Beltrão reconhece que a reforma da Previdência é necessária, no entanto com relação aos agricultores já se declarou contrário ao texto apresentado. “A reforma deve acontecer se for justa para os trabalhadores, se não for assim, eu não apoiarei”, pontuou. Debate No Carnaval, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni para tratar da reforma que já está na Câmara dos Deputados e prestes a entrar em debate na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Estamos seguros com a nova reforma da Previdência. Virão ajustes que o Parlamento deverá fazer”, disse Onyx. A reforma é defendida por Bolsonaro e está entre as principais metas estabelecidas para os cem primeiros dias de governo.