Política

Oposição começa a dar o tom na Assembleia

Até agora, governo ainda não anuncia quem será seu líder na Casa de Tavares Bastos

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 02/03/2019 09h54
Oposição começa a dar o tom na Assembleia
Reprodução - Foto: Assessoria
Após eleição para presidência da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), algumas demonstrações de condução diplomática dos trabalhos no Legislativo e recados do presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Marcelo Victor (SD) sobre a independência da Casa ao governo, as bancadas de oposição e de deputados que se intitulam independentes estão crescendo. Nas recentes sessões é notório que até mesmo os deputados da base governista estão fazendo cobranças e críticas pontuais ao governo, a exemplo dos parlamentares do partido do governador, Jó Pereira (MDB) e Galba Novaes (MDB). O crescimento da oposição, ao menos neste início de ano, é avaliado por alguns deputados entrevistados pela reportagem da Tribuna Independente. Declarados oposição ao governo aparecem os deputados novatos Davi Maia (DEM) e Dudu Ronalsa (PSDB). Mas, o governador Renan Filho (MDB) terá que lidar com o bloco dos parlamentares que se intitulam “independentes” que pode dar trabalho na hora de algumas votações. Desse grupo fazem parte Bruno Toledo (Pros), que desde o primeiro mandato de Renan Filho vem sendo um dos críticos a sua gestão, Léo Loureiro (PP), Tarcizo Freire (PP), Cabo Bebeto (PSL), Francisco Tenório (PMN), além de Cibele Moura (PSDB), que apesar de ter votado no governador na eleição de outubro do ano passado, anunciou independência na Casa Legislativa. No último dia 20, a deputada Jó Pereira utilizou a tribuna da ALE para denunciar que os pequenos e médios produtores, que atuam junto ao Programa do Leite, estão há quase 120 dias sem receber pelo seu trabalho. Jó também lembrou que o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) aprovou a liberação de R$ 20 milhões, mas o Governo do Estado só autorizou o pagamento de pouco mais de R$ 7 milhões. Em aparte, o deputado Galba Novaes (MDB) também criticou a falta de pagamento aos produtores e disse que já apresentou uma indicação solicitando à secretaria de Estado da Agricultura informações sobre a suspensão deste pagamento. Até o momento, o governo não anunciou quem será o seu líder na Assembleia Legislativa. Nos corredores do parlamento as especulações são de que os deputados Silvio Camelo (PV) e Ricardo Nezinho (MDB) são os cotados para a função. Liderança do governo é aguardada para debates De acordo com Davi Maia (DEM), está difícil encontrar, atualmente, uma bancada de situação do governo. Ele critica o fato de o governador não ter anunciado até o momento o seu líder, o que para o deputado seria um certo desprezo de Renan Filho com a Assembleia. “A Assembleia Legislativa tem uma situação independente, mas hoje muito mais apontando para oposição. As críticas ao governo são dos deputados da bancada independente, especialmente no que se trata de Fecoep, que a deputada Jó tem batido muito, bem como o deputado Galba Novaes e vários deputados. Na questão da educação, o deputado Francisco Tenório deu um discurso falando muito mal dos números e dos gastos da secretaria. Sinceramente, não vejo ninguém se declarar favorável ao governo. A ALE já vai entrar para sua terceira semana de trabalho e você não ver um líder de governo. Não vejo nenhum deputado para ser o interlocutor”. Para explicar a situação do governo perante aos parlamentares, o deputado Dudu Ronalsa cita que a relação do governador Renan Filho com o parlamento foi prejudicada após a tentativa de interferir na eleição da Mesa Diretora que elegeu Marcelo Victor (SD) como presidente. “Talvez o governador Renan, pela forma que conduziu e todo mundo sabe que ele tentou conduzir a eleição da Assembleia, prejudicou um pouco o andamento futuro do trabalho dele. Nenhum deputado aqui vai votar nada que não seja de beneficio para o estado. Isso com certeza têm reflexos nos trabalhos da Casa”. Dudu Ronalsa faz críticas sobre recursos Por parte de Dudu Ronalsa, as críticas ao governo têm sido em relação aos cortes de recursos em programas sociais, a exemplo do Acolhe Alagoas. [caption id="attachment_283821" align="aligncenter" width="1200"] Dudu Ronalsa vem chamando a atenção do governo (Foto: Ascom / ALE)[/caption] “Eu preciso saber como vai ser esse corte e tem outros temas que também a gente vai trazer e não vai agradar ao governo. A minha preocupação hoje é a se tiver um projeto e eu sentir que ele vai trazer benefício para o estado, eu vou votar a favor. Independentemente de ser governo ou não. Às vezes tem aquela oposição que tudo que o Executivo manda você vota contra, isso não é ser oposição, é ser irresponsável. Então, hoje me coloco como oposição porque não tenho nenhuma ligação política com o governador”. Já o deputado Bruno Toledo (Pros) diz que não acredita que a condução republicana do presidente Marcelo Victor tenha influência na decisão individual de cada parlamentar quanto ao governo. Ele acrescenta ainda que o governador falha no diálogo institucional e que a prova disso é que o governo está sem líder na ALE. “Acho que é possível sim um crescimento de uma bancada oposicionista ou independente, mas não pela posição da presidência da Casa, e sim pelos atos do próprio governo”. Outro deputado que criticou a forma como a candidatura de Olavo Calheiros não seria interessante para a ALE foi Tarcizo Freire (PP). “O governo não podia impor uma candidatura onde o tio dele chega na Assembleia e não dá um bom dia a ninguém, não fala com ninguém. A gente não pode eleger um parlamentar que não respeite ninguém”, disse à Rádio Novo Nordeste.