Política

MPE pede afastamento de prefeito por desvio milionário

Gustavo Feijó, que também é vice-presidente da CBF, está sendo acusado de liderar uma organização criminosa em Boca da Mata

28/02/2019 08h22
MPE pede afastamento de prefeito por desvio milionário
Reprodução - Foto: Assessoria
O Ministério Público Estadual (MPE), por meio da Promotoria de Justiça de Boca da Mata e do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, ajuizou ação civil por ato de improbidade administrativa em desfavor de Gustavo Feijó (MDB), prefeito da cidade, e mais 11 pessoas. Vale destacar que Feijó não exerce a função de prefeito porque está em plena atividade na função de vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com o MP Estadual, todos são acusados de integrar uma organização criminosa que desviou mais de R$ 28 milhões dos cofres públicos com contratação, a partir de licitação fraudada e serviços que nunca foram prestados.  Na petição inicial foi pedido ao Poder Judiciário o bloqueio dos bens dos envolvidos e o afastamento de Gustavo Feijó. Para comandar o suposto esquema, que acontece desde 2013, Feijó teria se associado a Ricardo Marcel Matos Mendonça, diretor do Instituto da Previdência de Boca da Mata, braço direito de Feijó nas irregularidades e “dono aparente” do Posto de Gasolina “Auto Posto 20” (Feijó era o real dono do empreendimento familiar), usado na fraude e que ainda teve como sócios: Suelle Sothania Cintra, esposa de Ricardo Marcel; Edson José Bezerra, Davi de Freitas, Diego de Freitas e Felipe de Omena Feijó, todos estes parentes e pessoas próximas do prefeito. Além deles, participava do referido desvio milionário de dinheiro público Antônio Thiago Melo da Rocha, ex-secretário de Finanças de Boca da Mata. Apontado como principal operador financeiro do esquema, ele é dono de outro posto de gasolina, conhecido como “Posto Santo Antônio”, também utilizado nas irregularidades. Já Jenilda Gomes Lima é proprietária da empresa “Ômega Locação e Terceirização Ltda”, utilizada como fachada para contratação fantasma de serviço de transporte de veículos. Ainda atuavam como laranjas da fraude Roberto Cunha Rocha e Cynthia Cesar Jatobá da Rocha; Wellington Carlos Bezerra, irmão de José Edson Bezerra; Hermano Cardoso Pedrosa Filho; Luiz Bastos Cabral, assessor do prefeito; Carlos Alberto da Silva da Graça, supervisor de compras da prefeitura de Boca da Mata e Mariana Omena Feijó, filha de Gustavo Feijó. Ação tomou como base relatório do Coaf e quebra de sigilo autorizada     De acordo com a petição inicial, assinada pelos Promotores de Justiça Bruno Baptista, titular da promotoria de Justiça de Boca da Mata, José Carlos Castro e Karla Padilha, ambos do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, a ação foi baseada em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Constam ainda extratos bancários obtidos mediante quebra de sigilo autorizada pela Justiça e depoimento dos envolvidos e testemunhas, onde se verificou movimentações financeiras da empresa “Ômega Locação e Terceirização Ltda” incompatíveis com sua capacidade econômica. Os elementos probatórios colhidos apontaram que a prefeitura de Boca da Mata depositava na conta bancária da empresa “Ômega Locação” grandes quantias em dinheiro, posteriormente retiradas ou transferidas, pela pessoa de Antônio Thiago, para os demais integrantes do suposto esquema, com a justificativa de pagamento decorrente de serviços prestados ao município. “Na verdade tudo não passava de um grande simulacro, eis que a empresa contratada não prestava tais serviços aos órgãos públicos municipais, servindo apenas como corredor para saída de dinheiro da prefeitura e sua distribuição para as pessoas escolhidas por Gustavo Feijó, que nunca aparecia pessoalmente no esquema, mas agia em nome de seus prepostos, visando a permitir o locupletamento ilícito dos acusados”, explicam os Promotores em um dos trechos da petição. Os representantes do Ministério Público de Alagoas destacaram ainda que o suposto esquema de desvio de dinheiro também envolveu o fornecimento de combustível para prefeitura de Boca da Mata, por meio da utilização de dois postos de gasolina, estes que pertenciam a familiares ou pessoas próximas ao prefeito Gustavo Feijó. Baseado nas investigações, os promotores acreditam que Gustavo Feijó instalou dentro da prefeitura um esquema milionário de corrupção e lavagem de dinheiro.