Política

Alagoanos podem presidir Senado e Câmara Federal

Renan Calheiros e JHC intensificam as articulações em Brasília para chegar aos postos mais altos no Congresso

Por Tribuna Independente com Carlos Victor Costa 15/12/2018 10h53
Alagoanos podem presidir Senado e Câmara Federal
Reprodução - Foto: Assessoria
Alagoas pode ter dois representantes presidindo os maiores parlamentos do país. A nova legislatura toma posse em fevereiro de 2019 e apesar de o senador Renan Calheiros (MDB) dizer que ainda não decidiu se será candidato, a reportagem da Tribuna Independente apurou que ele articula “pesado” a sua candidatura para um quinto mandato no comando da Casa. Já na Câmara dos Deputados, João Henrique Caldas, o JHC (PSB), garante que não tem “Plano B” e será candidato a presidente da ‘câmara baixa’ do Congresso Nacional. Renan Calheiros presidiu o Senado em quatro ocasiões: entre 2005 e 2007; entre 2 de fevereiro de 2007 a 14 de outubro de 2007; de 2013 a 2015, e no biênio 2015-2017.  Para alcançar o quinto mandato, o senador alagoano vivencia um cenário que não tinha passado em outras ocasiões. Em um contato recente com a assessoria de comunicação do senador Renan Calheiros, à Tribuna Independente foi informada de que ele não decidiu se será candidato. A defesa do senador, descreve a sua assessoria, é que apenas o candidato seja do MDB, já tem o direito por ser a maior bancada do Senado.  “Ele decidirá em janeiro”, limitou-se a assessoria. Um bate-boca recente entre Renan e o senador Lasier Martins (PSD) no Senado deixou evidente que está se formando uma frente parlamentar para trabalhar contra uma possível candidatura do parlamentar alagoano. Um dia após o entrevero, foi a vez do senador eleito pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, dizer que vai trabalhar para evitar a eleição de Calheiros à presidência do Senado. Colocado pelos opositores de Renan Calheiros, como possível candidato à Presidência do Senado, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) tem dito a interlocutores que abre mão da disputa se o MDB indicar a senadora Simone Tebet (MDB-MS) para o cargo, ao invés de apostar as suas fichas em Renan Calheiros. Jereissati nega que tenha se colocado seu nome como “reação” à candidatura de Calheiros, mas defende que o momento é ideal para alguém que represente um projeto “diferente”. Aliados do senador alagoano acreditam que a presença de Renan Calheiros na presidência do Senado desagrada ao futuro governo Bolsonaro, bem como alguns setores da oposição. Nos últimos dias, Renan Calheiros assumiu uma postura de se aproximar mais das redes sociais e por meio delas, vem publicando mensagens sobre o cenário da política no país. Em uma de suas publicações, o senador divulgou uma mensagem em que, apesar de afirmar ainda não ter decidido entrar na disputa, se diz preocupado com o equilíbrio institucional. O senador alagoano também critica aquele que, hoje, é tido como seu principal adversário, o cearense Tasso Jereissati (PSDB). CÂMARA FEDERAL Ao contrário de Renan Calheiros, o deputado federal JHC, tem a seu favor, a amizade com um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o também deputado Eduardo Bolsonaro. Tanto que o parlamentar alagoano já esteve na residência do presidente eleito, no Rio de Janeiro, para manifestar a sua intenção de disputar o comando da Câmara Federal. JHC foi o deputado federal mais votado do Brasil, proporcionalmente. À Tribuna Independente, o deputado disse que sua candidatura é suprapartidária e traz um projeto impessoal. “Ao Poder Legislativo não cabe ser ‘puxadinho do Executivo’, nem muito menos fazer uma oposição mecânica, com ‘pautas-bomba’ que servem de achaque. A condução será independente e harmônica, como determina a Constituição”. Embora possua um bom relacionamento com o presidente eleito, na presidência da Câmara não estará a “pessoa física” do deputado JHC, mas o presidente de um Poder”, argumenta o candidato à presidência da Câmara. Probabilidade de Renan Calheiros vencer é maior Diante deste cenário de um novo governo e de extrema direita, a reportagem da Tribuna Independente entrevistou o cientista político, Ranulfo Paranhos, para saber qual o peso de ter dois alagoanos – Renan Calheiros e JHC –, presidindo o Senado e a Câmara, respectivamente. Outra contextualização diz respeito como essa relação em Brasília teria impacto político em Alagoas devido à postura de Renan e JHC em relação ao presidente eleito, Jair Bolsonaro. Ranulfo analisa que a probabilidade de Renan Calheiros ser reconduzido à presidência do Senado é grande. Ele justifica a sua opinião referenciando o acumulo de expertise do senador, tempo de Senado, além da própria característica do partido que é o maior do Senado. “Acho bastante provável que ele [Renan Calheiros] volte à presidência do Senado. Se não voltar, também não será grande novidade, pois seria um curso normal na política”, argumenta Paranhos. O cientista político explica que para Renan não ser escolhido presidente do Senado, precisa haver uma reunião com retorno bastante interessante para que os senadores não votem no parlamentar alagoano. Sobre a candidatura de JHC, o cientista político destaca que nesse caso a probabilidade é baixa, mas que pode acontecer. Em cima disso, Ranulfo lembra que, independentemente, de estar mais inclinada para a direita ou mais para o centro, a Câmara já escolheu presidente por pura pirraça. “O Severino Cavalcante foi escolhido como ato de pirraça dos parlamentares. Escolher o JHC é o nome de segundo mandato”, comenta. Ranulfo acha pouco provável a eleição de JHC por ele ser ainda um parlamentar novo na Câmara dos Deputados, diferentemente do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Quando você coloca na pauta do dia a votação, quando isso vai para o embate corporal, para as alianças é difícil acreditar que um cara como Rodrigo Maia que tem tanto tempo de Casa que conduziu a Câmara dos Deputados mesmo com um número de opositores ao DEM, tenha menor influência política. O PT é um partido historicamente de oposição ao DEM, mas mesmo os petistas veem no Rodrigo alguém que cuja experiência pode dar calma, pode dar estabilidade a Casa. Um cara como Rodrigo Maia não tem o ímpeto de atropelar, por exemplo, ou por falta de conhecimento ou por maldade, ele não atropelaria o regimento da Casa. Um cara como o JHC seria mais difícil você controlar ímpetos, você controlar que isso fosse permitido”. Acontecendo a vitória tanto de Renan Calheiros para presidir o Senado, como a de JHC para comandar a Câmara, Ranulfo Paranhos lembra que Alagoas não se beneficiaria economicamente. “Os estados recebem seus recursos independentemente desse poder de mando. É óbvio que para projetos especiais, que quando você olha para ministérios, que para um governador, para um prefeito de capital que tem relações mais próximas com os dois presidentes da Casa, isso vai facilitar”, finaliza Paranhos.