Política

Policiais à paisana prendem ex-prefeito de Traipu

Marcos Santos tentou fugir durante a perseguição enquanto estava em Traipu participando de uma festa religiosa no município

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 14/12/2018 10h40
Policiais à paisana prendem ex-prefeito de Traipu
Reprodução - Foto: Assessoria
Um misto de festa e alegria às margens de um rio famoso, que se contrapõe com um suspeito sendo perseguido pela polícia pelas ruas da localidade. Lendo esse relato parece até uma cena de filme, mas não é ficção e aconteceu em Traipu, município do Agreste de Alagoas, durante a festa da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Ó. Essa descrição trata-se da prisão do ex-prefeito do município, Marcos Santos, que ocorreu durante a realização de uma novena em comemoração a festa da padroeira daquele município, às margens do Rio São Francisco. De acordo com as informações de um morador de Traipu, parecia “coisa de cinema”. Ele relata que o ex-prefeito estava numa Pajero Full de cor preta e ao ser abordado por três carros descaracterizados da Polícia Federal (PF), decidiu fugir, dando início a uma perseguição pelas ruas do município. “Ele deixou o carro numa rua e correu para a igreja, onde tinham várias pessoas assistindo à missa da festa da padroeira, momento em que foi interceptado por um policial à paisana e acabou preso”, relatou a testemunha. A reportagem da Tribuna Independente apurou ainda que o filho de Marcos Santos, Marcos Douglas Medeiros dos Santos Filho, também teve prisão decretada pela Justiça e teria sido preso em Arapiraca. Em nota, a assessoria de comunicação da Polícia Federal em Alagoas informou apenas que os policiais cumpriram mandados de prisão após decisão judicial expedida pelo  Tribunal Regional Federal da 5ª Região e não passou detalhes. A justificativa é de que o juiz determinou sigilo da ação. Diante dessa informação da assessoria da PF, a Tribuna apurou também que o ex-prefeito, conhecido como o Barão do São Francisco, estava com os dias contados para cumprir a pena de 19 anos e 10 meses e 15 dias de reclusão. Isso porque em maio deste ano o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou, por unanimidade, agravo regimental sobre recurso especial impetrado pela defesa de Marcos Santos.  Desses quase 20 anos de sentença, dois anos podem ser retirados, uma vez que o crime de formação de quadrilha foi excluído por motivos de prescrição. Marcos Santos vai para o Baldomero Cavalcanti Marcos Santos foi condenado pelo Pleno do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), por crimes de responsabilidade, fraude à licitação, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, em esquema de desvios milionários. Os crimes do ex-prefeito foram constatados em procedimento de fiscalização realizada pela Controladoria Geral da União (CGU) e durante a operação Carranca, investigação realizada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF). As fraudes teriam sido realizadas por meio das empresas de construção civil Alvorada Construções Ltda., Construtora Alagoense Ltda., Metropolitana Const. e Comércio Ltda., Construtora Cavalcante Ltda., J.J. Santos e Cia. Ltda. e Amazonas Construções Ltda. HC À Tribuna, o advogado Diego Mousinho, responsável pela defesa de Marcos Santos, confirmou para a reportagem que a prisão se deu por conta da condenação do TRF5 e que o ex-prefeito deve ser transferido para uma cela especial do presídio Baldomero Cavalcanti, por ter diploma. A defesa confirmou ainda que já está preparando um habeas corpus, pois ainda há possibilidade de recurso. “A tese que usaremos, é que, diferente do ex -presidente Lula, não houve o duplo grau de jurisdição, porque o processo começou originalmente no segundo grau, então não houve ratificação da decisão”. Em fevereiro deste ano a Justiça chegou a bloquear os bens de Marcos Santos por conta da não prestação de contas de uma reforma efetuada na Casa da Cultura de Traipu, em 2011. Esta ação foi movida pela prefeitura do município sob a gestão do então prefeito Eduardo Tavares. As denúncias na Justiça contra Marcos Santos, que já administrou o município por dois mandatos, vêm desde 2008. Santos também é réu em ação penal que tramita na Comarca de Traipu acusado de ser o mandante do assassinato de José Valter Palmeira, ocorrido em 15 de maio de 2011. Valter foi secretário de Turismo do município e era amigo pessoal de Marcos.