Política

Parlamentares alagoanos divergem sobre ministros militares

Posições do novo governo e capacidade de assumir pastas têm mais importância que origem dos novos ocupantes da Esplanada

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 04/12/2018 08h22
Parlamentares alagoanos divergem sobre ministros militares
Reprodução - Foto: Assessoria
Até esta segunda-feira (3), o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) indicou cinco militares para ocupar a Esplanada dos Ministérios. Em comparação com a ditadura militar, apenas João Batista Figueiredo teve tantos membros da caserna no primeiro escalão do Palácio do Planalto. Para o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT), o problema não é os ministros serem militares, mas suas posições diante dos temas de interesse nacional. [caption id="attachment_263617" align="alignleft" width="207"] Ronaldo Lessa: ‘Não podemos ficar agora submetidos ao Tio Sam’ (Foto: Sandro Lima)[/caption] “Tem militar que são pessoas de posições nacionalistas. Minha maior preocupação é com a forma de ele [Jair Bolsonaro] pensar, os valores que já externou sobre alguns assuntos e as questões externas, como o Mercosul. Essa da embaixada do Brasil ir para Jerusalém, acho que ele tá mexendo onde a gente não tem problema. Não precisamos disto, mas de parceiros, independente do que for”, afirma. “E esse alinhamento muito grande com os Estados Unidos me preocupa porque acho que temos de ter autonomia. Não podemos ficar agora submetidos ao Tio Sam. Esse não é o caminho”, completa Ronaldo Lessa. Paulão (PT) também diz não ser o principal problema ter muitos militares como ministros. Contudo, faz críticas ao fato de se ter escolhido alguém da caserna para assumir o da Defesa. “É verdade que há qualificação, principalmente os generais cuja maioria tem doutorado, mas teria de ter um equilíbrio maior. Eu entendo que a área da defesa deveria ser um civil. Esse é o modelo de uma democracia mais consolidada. Já as Forças Armadas têm outra função”, comenta Paulão. O petista também questiona os critérios gerais de escolha do ministério. “Ele não respeita o desenho dos partidos. Foi esse o discurso que fez [na campanha], tanto que traz ao debate um fator que vem desde a década de 1940: o Estado laico. Bolsonaro fortalece o segmento evangélico e isso é muito perigoso para a democracia, essa visão teológica do processo”, completa Paulão. PDT e PT são oposição ao futuro governo de Jair Bolsonaro. Rodrigo Cunha, Tereza Nelma e Marx Beltrão vigilantes com Bolsonaro   [caption id="attachment_263619" align="alignright" width="231"] Tereza Nelma tem ressalvas a ministros militares (Foto: Sandro Lima)[/caption] Se Ronaldo Lessa e Paulão questionam os posicionamentos da equipe de Jair Bolsonaro, Marx Beltrão (PSD) – deputado federal –, Tereza Nelma (PSDB) – deputada federal eleita – e Rodrigo Cunha (PSDB) – senador eleito – apontam a necessidade de aguardar o início, de fato, do novo período no Palácio do Planalto. Dos três, apenas Tereza Nelma possui ressalvas à quantidade de militares na Esplanada dos Ministérios. “Nos preocupa, sim, porque nós temos de estar munidos em levar a paz e fazer um trabalho muito bom pelo país e pelo nosso estado. Com essa vinda agora do Bolsonaro com os generais teremos um novo aprendizado de convivência. O que for de melhor para o país vamos estar juntos”, comenta Tereza Nelma. Já Rodrigo Cunha enaltece os critérios de escolha dos ministros, por fora dos partidos.   [caption id="attachment_263620" align="alignleft" width="285"] Para Rodrigo Cunha, perfil das escolhas foi ‘inovador’ por ignorar partidos (Foto: Sandro Lima)[/caption] “Percebo que vai ter uma mudança total de perfil na gestão política e espero que isso se transforme em resultados. As escolhas têm um perfil interessante, inovador, porque não foi atrás dos partidos políticos para fazer as indicações. Estarei extremamente vigilante para tentar coibir excessos, mas torcendo que as coisas sigam bem”, comenta o senador eleito.   Para Marx Beltrão o que importa é a capacidade dos indicados para exercer as funções às quais foram escolhidos.   “A maioria tem qualificação para ocupar as pastas, independente se é militar, político ou de setor organizado. O que importa é o governo fazer um trabalho em prol do Brasil. Eu estarei fiscalizando e se acertar, terá meu apoio. Se errar, minha crítica”, diz Marx Beltrão.