O bate-boca entre os senadores Renan Calheiros (MDB) e Lasier Martins (PSD) no Senado deixou evidente que está se formando uma frente parlamentar para trabalhar contra uma possível candidatura do parlamentar alagoano para presidir pela quinta vez a Câmara Alta do Congresso Nacional.
Durante a discussão com Renan Calheiros, Lasier chegou a dizer que o tempo do colega já havia acabado e que ele não seria eleito presidente do Senado. A confusão teve início após o senador alagoano falar sobre questões de saúde.
“Tudo o que meus adversários querem é que, por conta dessa pneumonia, eu diga se sou ou não sou mais candidato à presidência do Senado”, disse.
Um dia após o entrevero entre eles, foi a vez do senador eleito pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, dizer que vai trabalhar para evitar a eleição de Renan Calheiros (MDB) para a presidência do Senado Federal.
A nova legislatura toma posse em fevereiro e apesar de Renan dizer que ainda não decidiu se será candidato, a reportagem da Tribuna Independente apurou que ele articula sua candidatura para um quinto mandato no comando da Casa. Ele presidiu o Senado em quatro ocasiões: entre 2005 e 2007, entre 2 de fevereiro de 2007 a 14 de outubro de 2007, de 2013 a 2015, e no biênio 2015-2017.
A fonte de Brasília que manteve contato com a Tribuna informou que o senador vem “articulando pesado” junto com os colegas parlamentares e que “ele não entra para perder”.
INDEFINIDO
A assessoria de comunicação do senador Renan Calheiros explicou que ele ainda não decidiu se será candidato, e que defende apenas que o candidato seja do MDB que tem o direito por ser a maior bancada do Senado. “Ele decidirá em janeiro. E é a favor da votação aberta. A briga com Lasier foi justamente dizendo que foi ele quem abriu as votações do Senado na reforma administrativa. E lembrando que o processo do Lasier por agressão também deve ser aberto. O que há é muitos senadores pedindo para ele ser e ele respondendo apenas que decidirá se quer no fim de janeiro”, disse a assessoria.
AVALIAÇÃO
Para a cientista política, Luciana Santana, a presença da candidatura de Renan Calheiros é algo natural diante da atual configuração e do tamanho da bancada do MDB no Senado Federal.
“Se ele vai decidir integrar o governo, se ele será independente ou uma bancada dividida com esses posicionamentos, ainda é cedo para dizer que pode ser prejudicial ou não a presença de determinados nomes aí em alguns cargos. Claro, independentemente de qualquer desses nomes, o desejável para qualquer presidente é que ele tenha, sim, em ambas as Casas, nomes que possam levar sua pauta estratégica e prioritária do governo adiante nas votações”, argumenta Santana.