Política

Empresa pode ser coautora de desvios em 14 municípios alagoanos

Operação da PF aponta suspeita de esquema milionário com prestadora de serviços de locação de veículos e prefeituras de Alagoas

Por Carlos Amaral com Tribuna Indepedente 28/11/2018 09h17
Empresa pode ser coautora de desvios em 14 municípios alagoanos
Reprodução - Foto: Assessoria
Uma mesma empresa de locação de veículos pode ser coautora de desvios de recursos públicos em 14 municípios alagoanos. Na segunda-feira (27), foi a Polícia Federal (PF) – em conjunto com a Receita Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) – quem realizou uma operação, denominada Sesmaria, que tem como um dos alvos a empresa Jenilda Gomes Lima-ME – nome fantasia Ômega Locação e Terceirização. A PF não revelou o nome da empresa, mas a Tribuna apurou e confirmou ser a mesma já na mira de órgãos de controle e fiscalização. As cidades alvos da operação da PF são: Boca da Mata, Mata Grande, Branquinha, Campo Grande, Joaquim Gomes, Maravilha, Olho D´Água Grande, Pariconha, Rio Largo, São Luiz do Quitunde, Estrela de Alagoas, São Miguel dos Campos, Pão de Açúcar e Dois Riachos. Foram cumpridos 42 mandados de buscas e apreensão e três de prisão preventiva, mas nenhum do detidos teve o nome revelado. De acordo com o delegado Luciano Patury, responsável pela operação, as investigações iniciaram em 2016. Em coletiva realizada ontem, em Maceió, ele explica como se chegou ao suposto esquema. “Esses valores proviam de pagamentos para uma firma contratada para prestar serviço de locação. A investigação identificou que empresa figurava em outros 13 municípios. Somente em dois, os valores dos contratos são de R$ 80 milhões. Com a CGU, identificamos possível superfaturamento de 25% nesses contratos, sem contar os que ainda serão analisados, os dos outros 13 municípios”, relata. Segundo o delegado, a empresa possui só um veículo em sua frota, o que gerou sublocação. Ele também aponta ilicitude em aditivos contratuais. COMBUSTÍVEL A PF também aponta fraude na compra de combustíveis. Segundo o delegado, um dos postos chegou a emitir nota fiscal de mais combustível do que possuía para vender e o secretário de Finanças de um dos municípios é dono de um dos estabelecimentos, mas usa um “laranja”. “O secretário de Finanças era quem realizava o pagamento deste posto. Depois sacava o dinheiro e pulverizava usando várias transferências bancárias, inclusive para ‘laranjas’ para dificultar o rastreamento”, diz Luciano Patury. RIQUEZA A operação Sesmaria, da PF, também conseguiu o sequestro de bens móveis e imóveis dos suspeitos de envolvimento no esquema de desvios de recursos públicos com a Ômega Locação e Terceirização. Entre eles estão mais de 40 carros de luxo, apartamentos, fazendas e embarcações. “Dos carros, esse número é somente os que estão em nome dos suspeitos. Entre as embarcações, apenas uma delas está avaliada em R$ 800 mil”, relata o delegado Luciano Patury. Ômega foi alvo do MPE em abril deste ano   A empresa Jenilda Gomes Lima-ME – Ômega Locação e Terceirização – foi alvo da operação Ánomos do Ministério Público Estadual (MPE) em abril deste ano também por fraude em licitação e desvios de recursos na prestação de serviços de locação de veículos na cidade de Mata Grande. A dona da empresa chegou a ser presa preventivamente. Segundo o MPE, o desvio na cidade sertaneja chegou a R$ 12 milhões e as empresas sublocavam a frota exigida pela Prefeitura a pessoas físicas, em boa parte parentes e correligionários de Jacob Brandão, ex-prefeito de Mata Grande. “Nos contratos, ficava um percentual de 40% para o pagamento de quem sublocava os veículos e os outros 60% eram divididos entre o prefeito, o dono da empresa e possíveis atravessadores. Somente com o contrato fraudulento celebrado com a empresa Marcelo Calado dos Santos ou Albatroz, o prefeito Jacob Brandão lucrava entre R$ 40 e R$ 70 mil por mês”, relatou o MPE e abril. Na conta de um dos “laranjas”, segue o MPE, os valores movimentados em um ano chegou a R$ 11 milhões. Detalhe, a renda mensal desse “laranja” é de um salário mínimo e ele trabalha como barbeiro. “Quando o dinheiro era depositado, um atravessador fazia os saques, tirava a sua comissão, repassava para outra pessoa ligada diretamente a Jacob Brandão que também retinha seu percentual”, completou o MPE.