Política

Bolsonaro não deve reconduzir Raquel Dodge à PGR

Presidente eleito tem usado a desculpa de que a lista tríplice pode conter nomes alinhados com a 'esquerda' para ignorar documento

Por Jornal GGN 20/11/2018 10h00
Bolsonaro não deve reconduzir Raquel Dodge à PGR
Reprodução - Foto: Assessoria
Por "falta de afinidade", membros de carreira do Ministério Público Federal disseram ao Correio Brasiliense que Raquel Dodge não deve ser escolhida por Jair Bolsonaro para capitanear a Procuradoria Geral da República por um segundo mandato. Apesar disso, procuradores entendem que o importante é o presidente eleito respeitar a lista tríplice para a escolha do próximo PGR. Bolsonaro, porém, dá sinais de que irá ignorar o documento pela primeira vez desde que passou a ser seguido, em 2003. Bolsonaro tem usado a desculpa de que a lista tríplice do MPF pode conter nomes alinhados com a "esquerda" para criar margem para ignorar o documento. “O critério [de escolha do PGR] é a isenção. É alguém que esteja livre do viés ideológico de esquerda, que não tenha feito carreira em cima disso. Que não seja um ativista no passado por certas questões nacionais”, disse em 16 de outubro. Dodge já denunciou Bolsonaro, em abril de 2018, por racismo e manifestação discriminatória contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs. A 1ª turma do Supremo Tribunal Federal rejeitou a denúncia. "Os dois vão se encontrar amanhã", afirmou o Correio. O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti, disse ao jornal que espera que Bolsonaro seja influenciado por Sergio Moro, futuro ministro da Justiça, a aceitar a lista tríplice. “A lista tríplice, a independência e a credibilidade são parte essencial da Lava-Jato ser o que foi. Sem a lista, a operação que atacou várias pessoas que estavam no governo não teria forças para continuar. A Lava Jato não seria a sombra do que foi. Tenho certeza de que Moro sabe disso. (...) Eu não acredito que Moro e o presidente, refletindo com mais calma, não respeitarão a lista”, defendeu. A lista tríplice foi criada em 2001, mas só passou a ser respeitada com Lula, em 2003. O MPF indica 3 nomes para ocupar o comando da PGR. O escolhido pela Presidência da República com base nessas indicações passa por sabatina do Senado, e precisa ser aprovado pela maioria dos parlamentares.