Política

Candidato à presidência da OAB-AL, Nivaldo Barbosa defende advocacia forte

Candidato pelo lado da situação, advogado mostra suas propostas e trata sobre prerrogativas

Por Texto: Carlos Amaral com Tribuna Independente 17/11/2018 10h32
Candidato à presidência da OAB-AL, Nivaldo Barbosa defende advocacia forte
Reprodução - Foto: Assessoria
Nivaldo Barbosa Júnior é o atual presidente da Caixa de Assistência dos Advogados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas e candidato à presidência da Autarquia no estado. Contando com o apoio da atual diretoria, o mote de sua campanha é a defesa da unidade na advocacia. Para ele, os advogados perdem espaço e força na sociedade quando se dividem. “O ataque à prerrogativa de um é um ataque à prerrogativa de todos”, premissa que, segundo Nivaldo Barbosa, tem sido esquecida por seus colegas. As eleições da Ordem ocorrem no próximo dia 23 e, cumprindo seu papel democrático, a Tribuna traz a segunda entrevista com os dois candidatos que disputam o comando da instituição em Alagoas.   Tribuna Independente – O senhor é o candidato à presidência da OAB em Alagoas que conta com o apoio da atual diretoria. Qual o principal acerto, em sua avaliação, da gestão da Autarquia no último período? Nivaldo Barbosa – Foi o trabalho pela dignidade da advocacia, que passou pela criação da Diretoria de Prerrogativas cujo funcionamento é de 24 horas por dia. De domingo a domingo. Tivemos situações em que a própria presidente [Fernanda Marinela] foi à delegacia durante a madrugada para acolher e proteger as prerrogativas do advogado. E isso tanto na capital quanto no interior, sete dias por semana. Além das prerrogativas, o programa de aparelhamento. Construímos uma estrutura digna, à altura da advocacia, com escritórios compartilhados em Maceió, Arapiraca e em Delmiro Gouveia. Só o escritório compartilhado, que a gente chama de OAB Office, na sede em Jacarecica atende mais 700 pessoas por mês. É uma estrutura em que você tem computador, sala de reunião e de atendimento para aquele advogado que ainda não tem seu próprio escritório. Aparelhamos também quase 50 salas nos fóruns da capital e do interior. Construímos um auditório para os cursos da ESA [Escola Superior de Advocacia] aqui em Maceió e em Arapiraca, na nova sede da Ordem lá. Revitalizamos as sedes de Palmeira dos Índios, de Santana do Ipanema e de União dos Palmares. Entregamos mais de 260 convênios aos advogados, que permitem a eles acesso a consumos e serviços com preços diferenciados, de modo que se tenha o retorno da anuidade em forma de benefícios. Trouxemos planos de saúde, dos mais baratos aos mais caros. Trouxemos a OABPrev, que a previdência própria para os advogados. Criamos uma frente de esporte que hoje possui 14 times de futebol, e um feminino que é referência nacional. Tivemos a Corrida dos Advogados, que já vai na quinta edição. Temos auxílio-natalidade; transporte do Centro para o Fórum. Um volume enorme de serviços entregue à advocacia para conferir dignidade e condições de trabalho a todos os profissionais, que são numerosos e precisavam dessa proteção. Tribuna Independente – Em seus discursos, o senhor sempre fala em unidade – inclusive no nome de sua chapa –, há dissenso na categoria, ao ponto de a unidade precisar ser pregada com mais veemência? Nivaldo Barbosa – Na verdade, há um dado estatístico em que mostra – de alguma forma – que a rivalidade tomou conta não somente da sociedade, mas também entrou dentro das profissões. Isso aconteceu também na advocacia. Então, é preciso sim unir [a categoria]. Nosso diagnóstico é que começamos a perder espaço quando começamos a nos desunir, quando começamos, cada um, a puxar a corda para um lado. O combate pelas prerrogativas de um tem de ser visto como combate pelas prerrogativas de todos. O ataque à prerrogativa de um é um ataque à prerrogativa de todos. Da mesma forma que ataques aos honorários de um, é ataque aos de todos. Isso não vem sendo praticado. Cada advogado tem se preocupado, cada vez mais, com seu próprio sucesso ou com suas condições de trabalho que tem esquecido que seu colega também precisa estar forte para que a instituição e a sua profissão estejam fortes. A partir disso, criamos esse grande movimento de união na advocacia, que rende bons frutos. Trouxemos para dentro desse movimento advocacias pública e privada; concurseiros e professores; advocacia previdenciária e a criminalista. Enfim, um grande movimento que permitiu vários líderes da advocacia alagoana se alinharem esse pacto, essa junção. Isso tem rendido bons frutos e o nível do debate ficou bem mais alto. As ideias e projetos ficaram muito interessantes, a partir dessa ideia de união da advocacia. Tribuna Independente – O senhor falou em advogados pensando muito em si e não na categoria como um todo, similar ao comportamento mais geral da sociedade. Isso não deveria ser pautado já nas faculdades de Direito, dando mais foco à coletividade entre colegas de profissão? Nivaldo Barbosa – Sim. Isso é uma questão cultural. É como se fosse aquele movimento chamado egocentrismo [comportamento voltado somente para si ou tudo que lhe diz respeito, ou a incapacidade de se diferenciar dos outros] que a gente viu na Idade Média. De alguma forma isso vem retornando e deve ser tratado com ciência, estudo e análise. É fato, há hoje um individualismo exagerado e a sociedade perde muito com isso porque ao invés de agirmos sempre em grupo, pensando no coletivo, você está pensando somente no seu lado. Isso fragmenta. Imagine então numa entidade de classe. A gente tem trabalhado muito a ideia de uma eleição com respeito porque o nosso histórico, nas últimas eleições da Ordem, foi muito ruim. As agressões e ataques entre os candidatos deixaram o debate apenas no plano secundário. Toda a sociedade enxergou isso e foi muito ruim. Aquilo mostrou desunião que foi muito negativa e fragilizou a advocacia. Por isso, precisamos retomar esse espaço que foi tirado, a partir de um projeto de união. Tribuna Independente – Alguns segmentos da sociedade têm demonstrado preocupação com o presidente eleito Jair Bolsonaro devido a posturas suas e de sua equipe. Por exemplo, a tentativa de proibir a presença da imprensa na cerimônia de celebração aos 30 anos da Constituição. Lhe causa alguma preocupação o próximo período que o Brasil vai viver, em relação às liberdades democráticas, e que papel a OAB deve ter? Nivaldo Barbosa – Acho que a OAB vai ter um papel fundamental, não necessariamente, por ter ganhado A ou B. A OAB vai ter papel fundamental pela pacificação. Exatamente aquilo que estávamos tratando, aquela rivalidade exagerada, em que temos assistido na sociedade e nas entidades de classe, não levam o Brasil a lugar nenhum. É preciso pacificar o país. E por que a OAB tem esse papel? Por que não somos uma profissão qualquer, temos uma missão constitucional. Independente da cor ou do partido, nós temos de defender o Estado Democrático de Direito e a cidadania. Acho que esse é o grande papel da advocacia: conseguir equacionar os debates e zelar pelo sucesso do país.