Política

Substituto de Collor na campanha, Pinto de Luna diz que não é tapa-buraco

Ex-delegado da PF corre contra o tempo para se tornar conhecido

Por Texto: Carlos Amaral com Tribuna Independente 22/09/2018 10h30
Substituto de Collor na campanha, Pinto de Luna diz que não é tapa-buraco
Reprodução - Foto: Assessoria
José Pinto de Luna (PROS), ex-superintendente da Polícia Federal (PF) em Alagoas, iniciou sua campanha ao Governo do Estado nesta semana, no lugar do senador Fernando Collor (PTC), que desistiu do pleito. Pinto de Luna, como é chamado, agora corre contra o tempo para angariar apoios, tornar sua candidatura e seu nome conhecidos para a maioria dos alagoanos. O ex-delegado garante: “não sou tapa-buraco”. À Tribuna Independente, o agora candidato da maior coligação oposicionista à reeleição do governador Renan Filho (MDB), Pinto de Luna reconhece as dificuldades da disputa, amplificadas pelas condições de construção de sua candidatura, cuja entrada com registro na Justiça Eleitoral se deu na última segunda-feira (17). “A missão é árdua, mas, nesse contexto, eu recordo a eleição de 2010 em que tive mais de 24 mil votos, todos espontâneos, e uma eleição majoritária sempre potencializa. Acredito que tenha muito eleitor que vai se engajar em nossa campanha, mas é lógico que meu nome não tem a expressão política do Fernando Collor, que já presidiu o país. Contudo, não é tão polêmico quanto o dele, não tem os mesmos desgastes. Agora tenho de me tornar conhecido como naquele tempo [2010]. Um garoto que tinha oito anos, hoje tem 16. Ou seja, ele não se lembra de mim”, diz. Para o ex-delegado da PF, a meta, neste momento, é provocar um segundo para a disputa ao Palácio República dos Palmares, sendo o canalizador dos eleitores descontentes com o atual governador. “Não é possível que o candidato ‘Renanzinho’ não tenha oposição. Queremos explorar também os indecisos, ao oferecer uma nova opção de voto. Para isso, estamos correndo para massificar a campanha nas redes sociais, basicamente uma injeção na veia, e com os programas no rádio e na tevê. Tempo para caminhadas e visitas ao interior ficou prejudicado porque só entrei na disputa agora”, analisa. UNIDADE Ao anunciar sua desistência, Fernando Collor falou em falta de reciprocidade. Se ele se referia ou não ao apoio dos partidos coligados: DEM, PSDB, Progressistas, PROS e PSDB, isso não ficou claro, apesar da evidente distância dos tucanos de suas atividades de campanha. Salvo exceções. Segundo Pinto de Luna, sua candidatura não enfrenta esse problema. “O grupo tá fechado comigo. Lógico que cada tem sua campanha para tocar. O senador Biu [Benedito] de Lira [PP] tá fazendo a dele, assim como o Rodrigo Cunha [PSDB]. Mas eles convergem em meu nome ao Governo do Estado e não era isso que acontecia. Acredito que nenhum dos dois não tenha problema em subir no palanque comigo”, afirma. O ex-superintendente da PF ressalta não ter problema algum em pedir votos para os nomes da coligação. “Se for pelo lado de quem tem mais processo, de maneira objetiva, o senador Renan [MDB] tem mais. E, a que sei, o que o Biu tinha foi arquivado. Sobre recursos, o Biu vem trazendo. Agora, o sistema político não comporta uma chapa de santos de candura. Nós sabemos disso e não sou nenhum menino”, ressalta Pinto de Luna. Programa é mais amplo que segurança   Por ser ex-delegado da PF, é natural a associação de sua candidatura à segurança pública, mas Pinto de Luna garante que suas propostas para o Governo do Estado vão além. “A segurança é meu carro-chefe, mas você não pode dissociar do debate a educação, por exemplo. Segurança é o efeito da má educação, que é a causa. Não tem como fugir disso”, afirma. “O índice maior de infrações penais, principalmente em crimes contra o patrimônio e contra pessoa, são nas grotas, onde a educação é quase nenhuma. A instrução escolar reduz o índice de violência”, completa. TATURANA Pinto de Luna ganhou notoriedade em Alagoas durante a Operação Taturana, deflagrada em 2007, que apurou desvios – R$ 300 milhões – da folha de pagamentos da Assembleia Legislativa, quando era o superintendente da PF. Porém, ao decidir entrar na política, o ex-delegado passa a conviver com investigados por corrupção, inclusive da operação que comandou. Ele garante não haver nenhum constrangimento, de sua parte, em dividir espaços com nomes que indiciou. “Na minha coligação só tem o Arthur [Lira, Progressistas]. Ele foi indiciado, mas não algemado nem preso. Aquele trabalho que fizemos foi o institucional da PF e não tem nada a ver com o seio político. Não tenho nenhum embaraço com o Arthur, mas não iria para o palanque com outros nomes por terem histórico mais pesado que o dele, de matador ou quadrilheiro”, destaca. “Sei dividir bem o delegado de polícia do político, mas com certo limite ao qual eu não passo. Cometer crime, não cometo. Posso até cometer alguma irregularidade, desses que todos cometem todos os dias, mas crime de jeito nenhum”, garante Pinto de Luna.