Política

Candidatos ocultam seus partidos em material de campanha

Siglas partidárias somem dos programas de tevê e de materiais impressos e digitais nas eleições deste ano para o governo

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 07/09/2018 14h17
Candidatos ocultam seus partidos em material de campanha
Reprodução - Foto: Assessoria
Já não é de hoje que os partidos políticos não são bem vistos pelos eleitores, mas na campanha eleitoral deste ano suas logomarcas andam bem escondidas pelos candidatos, mesmo os de legendas que tradicionalmente se reafirmam em momentos como o atual. A ocultação dos partidos em materiais de campanha e nos programas de tevê ocorre em todo o país e em níveis diferentes. Há quem mantenha algo que remeta à marca da legenda, mas quem mude tudo em seu visual de campanha. Entre os cinco candidatos ao Governo do Estado, os dois mais bem colocados nas pesquisas – Renan Filho (MDB) e Fernando Collor (PTC) – não fazem menção alguma às respectivas legendas em seus programas na tevê ou em materiais de campanha. Já o candidato do PSOL, Basile Christopoulos, possui materiais sem a marca da legenda e em outros ela está presente de forma discreta. Josan Leite, do PSL, tem dado mais destaque ao partido em seu programa na tevê; e Melquezedeque Farias, em suas redes sociais, tem divulgado bastante o PCO, ao qual é filiado. A reportagem procurou as assessorias das candidaturas de Renan Filho, Fernando Collor e Basile Christopoulos para saber o motivo da ausência – ou falta de destaque – das logomarcas de seus partidos na campanha. Somente a campanha do candidato do PSOL respondeu até o fechamento desta edição. “Nós temos vários materiais e em alguns a gente utilizou [a logomarca do PSOL], em outros não. Por questões técnicas mesmo. Porém, no nosso dia a dia, seja quando entregamos panfletos ou nas mídias sociais, enfatizamos a filiação e apoio aos candidatos”, diz a assessoria de Basile Christopoulos. Esconder legendas pode ser estratégia de campanha Para a cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a não presença das logomarcas dos partidos na campanha é estratégia política devido à eleição “atípica” que se dá neste ano. Ela também aponta que nos estados essa prática é mais comum. “Este ano não tem uma polarização partidária como tinha nos outros, entre PT e PSDB. Estamos numa eleição atípica. E como a gente está num período complicado, com essa crise, evitar o partido é uma estratégia política. Com objetivo de agregar apoio”, explica. “Diferente do que acontece com o PT no âmbito federal porque aí a sigla conta”, ressalta Luciana Santana à reportagem da Tribuna Independente. Ela destaca que no caso do PT, devido à situação do partido do próprio ex-presidente Lula, a sigla deverá investir mais na sua divulgação para aganaria mais votos para deputados, “ao contrário do que ocorreu em 2006, quando o Lula se distanciou – evitou – a comparação com o partido”. A cientista também pontua que a desvinculação partidária na campanha pode afetar o desempenho das chapas proporcionais. “Quando você trabalha pouco essa questão partidária, eventualmente os proporcionais podem sofre com isso porque muitos votos acabam sendo partidários”. Ainda de acordo com Luciana Santana, é importante destacar que, ao menos nos estados, as lideranças políticas têm mais força que os partidos. Preferência partidária mostra o PT à frente No último dia 23, o instituto Datafolha divulgou pesquisa sobre a preferência partidária dos brasileiros. O PT aparece na frente sendo citado por 24% dos entrevistados, mas a maioria – 52% – disse não optar por nenhum. A pesquisa mostra PSDB e MDB empatados com 4%, na segunda colocação na preferência do eleitorado. PDT, PSB, PSL e PSOL aparecem com 1%. REGIÕES As regiões Norte e Nordeste são as regiões onde o PT possui maior aceitação pelos eleitores, segundo o Datafolha. Respectivamente, o partido é o preferido de 32% e 34% dos entrevistados, respectivamente. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, a sigla atinge 17%; no Sul, 20%. Já o PSDB é mais aceito nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, com 6%. Na região Norte, o partido é o preferido por 4%; no Sul por 3%; e no Nordeste, 2%. O MDB, é a sigla mais escolhida por 7% dos eleitores do Norte e do Centro-Oeste; nas regiões Sul e Nordeste, os emedebistas são os preferidos de 4% dos eleitores; No Sudeste, 3%. O PSL obteve maior índice no Centro-Oeste, com 3%; nas demais regiões, 1%. O PDT atingiu com 2% no Sul; 1% no Sudeste, no Nordeste e no Norte; e 0% no Centro-Oeste. O PSOL teve 1% em todas as regiões do Brasil, menos o Centro-Oeste, com 0%. O PSB ficou com 1% nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte e registrou 0% no Sudeste e no Sul.