Política

Marina: 'Democracia não pode ficar sujeita a variações do dólar'

Marina aproveitou para garantir que irá trabalhar pela “recuperação” do chamado tripé da estabilidade macroeconômica

Por Reuters 23/08/2018 19h48
Marina: 'Democracia não pode ficar sujeita a variações do dólar'
Reprodução - Foto: Assessoria
A candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede) afirmou nesta quinta-feira que a democracia não pode ficar “sujeita” à influência das variações do câmbio por conta do cenário eleitoral. Para a presidenciável, que participou de sabatina nesta quinta-feira organizada pela EBC e transmitida pela TV Brasil, o foco da campanha deveria ser o debate de ideias e não os movimentos do mercado cambial. “Acho que sempre que se tem uma eleição, aparece essa história de variação do dólar associado a ‘se aquele candidato ganhar é um problema’”, disse a candidata. “Acho que a democracia não pode ficar sujeita a esse tipo de coisa. Na democracia a gente tem que debater ideias e ter a clareza de que os que criaram os problemas não vão resolver”, afirmou Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde a semana passada, o dólar vem numa escalada cada vez mais intensa contra o real, subindo 6,64 por cento em sete pregões consecutivos, influenciado pelas dificuldades do candidato tucano Geraldo Alckmin, preferido pelo mercado financeiro, subir nas pesquisas de intenção de voto. Nesta terça-feira, a moeda norte-americana fechou cotada a 4,12 reais. POLÍTICA ECONÔMICA Marina aproveitou para garantir que irá trabalhar pela “recuperação” do chamado tripé da estabilidade macroeconômica, implementado nos anos 1990 e consolidado na década seguinte. “O Plano Real deu certo. E infelizmente ele foi descontinuado. É câmbio flutuante —com intervenção para não flutuar excessivamente, que é um mecanismo de proteção da nossa moeda e isso são os grandes economistas que dizem—, e ao mesmo tempo o superávit primário com meta de inflação”, defendeu. A recuperação da credibilidade do país, a partir dessa agenda mais ortodoxa na economia, poderá atrair investimentos para infraestrutura e construção civil, principalmente a voltada a moradias populares, aposta a candidata, ressaltando geração de empregos e estímulo ao turismo associados com o movimento. Marina aproveitou para argumentar que políticas de preservação e recuperação do meio ambiente também podem ajudar na queda do índice de desemprego, citando que um processo de reflorestamento pode gerar até 200 postos de trabalho diretos e indiretos para cada hectare recuperado. A título de ilustração, a Amazônia registrou desmatamento de cerca de 695 mil hectares no ano passado. “Vamos, inclusive, fazer um milhão e meio de tetos solares para gerar emprego e renda para a nossa população”, disse a candidata, sugerindo outra iniciativa verde para a geração de empregos. Marina também reafirmou sua posição favorável à diversificação do crédito e ao cadastro positivo de bons pagadores, como formas de reduzir os juros cobrados dos consumidores. A candidata, que tem histórico de militância em movimentos ambientais e sociais, disse ainda que o trabalhador não pode “pagar o preço sozinho” de eventuais mudanças na política de valorização do salário mínimo. “Tem um dever de casa a ser feito, o exemplo tem que vir de cima. Não se pode convocar o povo a fazer um sacrifício quando aqueles que estão nos maiores postos estão envolvidos em graves casos de corrupção, e impunes em função do foro privilegiado”, afirmou, citando ainda a iniciativa de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de aumentarem seus salários, que constituem o teto dos rendimentos do funcionalismo público. “Temos que pensar uma política de salário mínimo para corrigir a inflação, obviamente, e vamos trabalhar para o país crescer.”