Política

Alagoas pode reeleger 50% de seus deputados federais

Estudo nacional aponta que 75% da Câmara Federal deve ser reeleita em outubro e renovação ainda é muito tímida nas eleições

Por Andrezza Tavares com Tribuna Independente 22/08/2018 07h34
Alagoas pode reeleger 50% de seus deputados federais
Reprodução - Foto: Assessoria
Dos 79% dos deputados federais que tentarão a reeleição em todo o país, 75% deles poderão ser reeleitos este ano. É o que aponta um estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) divulgado nesta terça-feira (21). Em Alagoas, esse percentual de reeleição deve ficar entre 50% e 55% da bancada federal, segundo avaliação da cientista política Luciana Santana. “Acho que não devemos alcançar uma reeleição de 75% porque temos nomes que não estão na disputa e que estão concorrendo em outros cargos. Em Alagoas, a renovação pode ser, em média de 50%, o que é uma taxa boa, pois a média gira em torno de 40% ou 45% tanto no Brasil quanto nos Estados”, analisa Luciana Santana em entrevista à reportagem da Tribuna Independente. A cientista política avalia que a renovação se dará também pelos novos nomes que aparecem na disputa e que tem potencial de obter um resultado positivo, contando com um investimento alto dos partidos, a exemplo dos que compõem a chapa comandada pelo senador Fernando Collor (PTC), candidato ao governo. Em Alagoas, dos nove deputados federais, dois não concorrem à reeleição. São eles: Maurício Quintella (PR), que deixa a Câmara Federal para disputar uma vaga no Senado, e Cícero Almeida (PHS), postulante ao cargo de deputado estadual. Desta forma, sete se apresentam à reeleição: Arthur Lira (PP), Ronaldo Lessa (PDT), Paulão (PT), Givaldo Carimbão (Avante), Pedro Vilela (PSDB), JHC (PSB) e Marx Beltrão (PSD). De acordo com Luciana Santana, os parlamentares que buscam a renovação de seus mandatos contam com um apoio importante nesse contexto que são as candidaturas majoritárias – ao governo e Senado –, consideradas importantes no carregamento de votos, culminando diretamente nas eleições para deputado. CONTRADIÇÃO Tanto a cientista política Luciana Santana quanto o analista político responsável pela pesquisa do Diap, Neuriberg Dias, o resultado de 75% de reeleição da Câmara Federal não reflete a expectativa e o sentimento de renovação da população. “O esperado numa conjuntura tão desfavorável, de incertezas, crise econômica, Lava Jato [Operação da Polícia Federal], é que o eleitor se tornasse mais exigente e realmente não reelegesse candidatos que tivessem participação nesses episódios negativos, mas por essa pesquisa do Diap [Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar], é o contrário”, pontuou Luciana Santana, acrescentando que ficou surpresa e de certa forma incomodada com o resultado da pesquisa. Vários parlamentares Brasil afora estão envolvidos com esses episódios negativos, a exemplo da Operação Lava Jato, e Alagoas não é diferente. Por isso, existe uma força-tarefa dentro dos próprios partidos para protegê-los e investir pesado na tentativa de garantir a reeleição do máximo de candidaturas possíveis. Novatos disputam uma vaga para cadeira de senador   Alagoas tem três senadores, porém nas eleições deste ano, apenas duas vagas estão em disputa e os senadores Renan Calheiros (MDB) e Benedito de Lira (PP) buscam a reeleição. Em entrevista à Tribuna Independente, a cientista política Luciana Santana também avaliou o cenário eleitoral para o Senado em Alagoas e apontou que pode haver uma renovação de 50% dos cargos em disputa. “Ou seja, um dos senadores veteranos não deverá ser reeleito este ano”, revelou a doutora em Ciências Políticas. O perfil dos candidatos à reeleição e suas trajetórias, aliado aos dois novos adversários, cujos nomes são competitivos – Maurício Quintella (PR) e Rodrigo Cunha (PSDB) –, levam a crer que apenas um dos senadores que estão no mandato será reeleito e o outro dará lugar ao novo. “Dificilmente, nessa eleição, vamos ter os dois atuais senadores não reeleitos. Acontece que eles disputam entre si e o que vai contar é quem tem menos rejeição, além de suas candidaturas estarem alinhadas com o governo”, explicou Luciana Santana. Com essa polarização, quem deverá se beneficiar é Maurício Quintella e Rodrigo Cunha, configurando como segunda opção dos eleitores de Renan e Benedito. É o que avalia a cientista política. “O eleitor escolhe primeiro o voto em Renan ou Benedito de Lira. A segunda opção é aquele que ele poderia votar em qualquer outra circunstância e isso favorece a eleição de candidatos novatos que fogem dessa polarização”, pontuou Santana. Ainda em entrevista à reportagem da Tribuna, Luciana Santana recorda o fato ocorrido nas eleições de 2010 quando existia uma polarização entre Renan Calheiros e Heloísa Helena, considerada a segunda opção dos eleitores. No entanto, foi Benedito de Lira, então candidato ao Senado que conseguiu uma expressiva votação com mais de um milhão de votos e sendo eleito como primeiro senador, deixando em segundo lugar o seu atual concorrente, Renan Calheiros.