Política

Podemos ameaça romper com MDB em Alagoas

Diretório nacional do partido pode intervir e anular todas as coligações definidas, exceto a de deputado estadual

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 08/08/2018 07h35
Podemos ameaça romper com MDB em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Quem acreditava que o fim da dança das cadeiras partidárias nas coligações para as eleições deste ano encerrou com as convenções do último domingo (5), se enganou. Até o dia 15 deste mês – data limite para o registro das candidaturas junto à Justiça Eleitoral – muita coisa pode acontecer devido à falta de sintonia entre diretórios nacionais e locais das legendas. Esse é o caso do Podemos, cuja coligação estadual é com o bloco liderado pelo MDB, mas isso pode ser desfeito por causa de sua direção nacional. Na terça-feira (7), uma nota atribuída à direção nacional do Podemos informando uma intervenção no diretório alagoano começou a circular pelos sites locais. O documento foi confirmado por Gustavo Castro, 1º secretário nacional do partido e ligado a Álvaro Dias – candidato a presidente da República. Contudo, Álvaro Vasconcelos, então presidente estadual da legenda, negou a veracidade da nota. “A decisão de coligar com o MDB vai contra uma decisão da direção nacional porque eles têm candidato a presidente e, na prática, estaríamos no palanque de um adversário de Álvaro Dias. Por isso, trocamos a direção local, que é provisória, e colocamos o Omar Coelho como presidente estadual”, explica Gustavo Castro. “Todas as coligações aí estão anuladas, exceto a para deputado estadual”, completa. Entretanto, Álvaro Vasconcelos garantiu à Tribuna que a direção nacional do Podemos sequer tinha conhecimento da nota sobre a intervenção no diretório local, tampouco sobre o próprio ato em si. Segundo ele, o contato foi feito com a deputada federal Renata Abreu, presidente nacional do partido. “Falei com a Renata e ela disse desconhecer esse assunto. A decisão de coligar com o MDB foi, inclusive, unânime dentro do partido”, garante Álvaro Vasconcelos. A reportagem tentou contatar Renata Abreu para saber qual versão é a verdadeira, mas sem sucesso. O assessor de imprensa nacional do partido ficou de enviar o posicionamento oficial do Podemos, o que não ocorreu até o fechamento desta edição. Antes disso, outra assessora disse acreditar ser a nota “falsa porque não chegou nada disso aqui”. Também se tentou contatar Omar Coelho e Álvaro Dias, também sem sucesso. Confirmada saída, Renan Calheiros perde suplente   Até o dia 15 de agosto muita água pode passar por baixo da ponte, mas caso a saída do Podemos da coligação com o MDB – ao menos nas candidaturas majoritárias – o senador Renan Calheiros perde seu primeiro suplente: Rafael Tenório. [caption id="attachment_124058" align="alignleft" width="200"] Renan Calheiros diz que o Podemos nacional não pode interferir (Foto: Sandro Lima/arquivo)[/caption] Segundo Renan Calheiros, a coligação entre os partidos não pode ser desfeita pela direção nacional do Podemos. “Não pode interferir. Não tem como desfazer a eficácia da convenção”, crava. “O fato de mudar de direção [Podemos], isso aí não é problema porque não tem mais como retroagir. Meus suplentes são Rafael Tenório e a Silvânia [Barbosa, PRTB]. Não tenho aliança com o Álvaro Dias, tenho com o partido dele aqui em Alagoas, entendeu?”, completa o senador à reportagem da Tribuna Independente. ÁLVARO VASCONCELOS Segundo Gustavo Castro, a direção nacional do Podemos também anulou o registro de candidatura a deputado federal de Álvaro Vasconcelos. “Com isso, ele não pode nem ser candidato a nada nesta eleição”. Segundo a ata da convenção partidária, o Podemos indicou apenas o nome de Álvaro Vasconcelos para a disputa à Câmara dos Deputados. E três nomes para a disputa à Assembleia Legislativa Estadual (ALE). “Colocada em votação, foram as referidas propostas de coligações, às eleições majoritária e proporcional, juntamente com os candidatos que a compõe, aprovada por unanimidade”, diz a ata da convenção do Podemos cuja participação foi de doze pessoas, entre elas Omar Coelho. Para deputado federal, a coligação aprovada pelo Podemos em Alagoas possui os seguintes partidos: MDB; SD; PPS; PDT; PR; PTB; PCdoB; PHS; PV; AVANTE; PT; PRTB; DC; PSD; PMB; PRP; e PMN. Já para deputado estadual, a coligação do Podemos é com o PDT; AVANTE; e PMN. Todas as atas de todas as convenções partidárias de Alagoas estão disponíveis no site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em formato PDF. OUTROS PARTIDOS Não só o Podemos figura com problemas nas decisões tomadas para coligações em Alagoas. O PROS também passa por situação semelhante. Sua direção nacional quer a legenda na coligação com o MDB e PT, mas localmente o partido – presidido pelo deputado estadual Bruno Toledo – se situa no campo oposto. À reportagem, tanto o deputado estadual quanto o senador Renan Calheiros comentaram a situação. Segundo o emedebista, a presença do PROS foi a pedido de seu presidente nacional. “Já temos partidos demais”, diz Renan Calheiros sobre a coligação para estas eleições. (Com Carlos Victor Costa)