Política

‘A Lava Jato era uma Ferrari e agora é um caminhão’, diz procurador da força-tarefa

Segundo Carlos Fernando dos Santos Lima, STF deu 'poder demais ao juízes'

Por Brasil 247 30/07/2018 08h21
‘A Lava Jato era uma Ferrari e agora é um caminhão’, diz procurador da força-tarefa
Reprodução - Foto: Assessoria
O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima faz críticas à operação Lava Jato, em entrevista publicada na Folha de S. Paulo desta segunda-feira (30), e diz que a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) aos acordos de delação premiada deu poder demais aos juízes. Fernando ainda diz que a delação de Palocci é pífia. Para o procurador, o excesso de rapidez em alguma coletas de colaboração, resultou em fragilidades da operação, como no caso do ex-senador Delcídio do Amaral. Sobre a operação Lava Jato, Carlos Fernando diz: “tenho certeza de que, se boa parte dessas investigações fosse feita em primeiro grau, teria um resultado mais eficiente. Até nós podemos sofrer a crítica. Por que a Lava Jato diminuiu o ritmo? Porque a todo momento estamos sendo brecados ou pelo foro privilegiado ou pela transferência de casos para a Justiça Eleitoral. A Lava Jato no começo era uma Ferrari. Agora, somos um caminhão. Milhares de coisas que fomos acumulando, que temos que resolver.” E acrescenta: “um dos problemas que está nos segurando é a estrada, que é ruim. Se os ministros do Supremo insistirem em tirar as coisas do Paraná ou mandar para a Eleitoral, vai ficar difícil. A Justiça Eleitoral em segundo grau é muito menos jurídica e muito mais influenciada por fatores políticos. O Supremo hoje diz: esse caso não é seu. Mas se alguém olhar a Constituição, o Supremo não tem essa competência. Quem decide conflito de competência entre Justiça Federal e Estadual é o STJ.” Sobre as delações feitas às pressas para se obter resultados supostamente técnicos, Fernando pondera: “o caso do Delcídio, do Sérgio Machado, por exemplo. Quando você faz com excesso de rapidez, corre o risco de fazer colaborações mal feitas. Delcídio, na minha opinião, quase nem se auto incrimina. A primeira coisa é o colaborador falar os crimes que cometeu”. O procurador acredita que, nesses casos, o acordo de delação beneficiou mais o colaborador do que o Estado: “no caso do Sérgio Machado, no final das contas, o principal sequer foi denunciado. Aquelas conversas supostamente com membros do Congresso e ex-parlamentares, que geraram até pedido de prisão no Supremo, sequer movimentaram uma denúncia. Aquela gravação era um bom início de negociação, mas não era um fim em si mesma. A gente tem que tomar muito cuidado com excesso de vontade de conseguir certos documentos, provas, gravações.”