Política

Câmara do Rio discute impeachment de Crivella nesta quinta-feira

Sessão extraordinária suspende recesso parlamentar, após pedido da oposição seguido de requerimento quase idêntico da base governista

Por G1 12/07/2018 09h09
Câmara do Rio discute impeachment de Crivella nesta quinta-feira
Reprodução - Foto: Assessoria
A Câmara do Rio discute, a partir de 14h desta quinta-feira (12), os dois pedidos de impeachment protocolados na Casa contra o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB). A sessão extraordinária interrompe o recesso parlamentar que só acabaria no final do mês. A reunião em plenário só foi possível porque 17 parlamentares da oposição assinaram requerimento para que a Casa discutisse o impedimento de Crivella. Horas depois do pedido oposicionista ser protocolado, mais 17 parlamentares - dessa vez da base governista do prefeito - assinaram um documento semelhante, para demonstrar "união" e o desejo de derrubar o impedimento. Detalhes de como se dará o trâmite da sessão desta quinta ainda dependem de parecer da Procuradoria da Câmara. Inclusive, não foi esclarecido se os vereadores irão se pronunciar em plenário. Há discussões, por exemplo, sobre a quantidade de votos necessários para a admissibilidade do impeachment. Isto é, se a denúncia deve ser aceita, antes mesmo de entrar no mérito das acusações. A oposição diz que são necessários 17 votos, enquanto a Casa entende que são necessários 34 (veja o passo a passo abaixo). No Diário Oficial da Câmara, o presidente da Casa, vereador Jorge Felippe (MDB), detalhou que a sessão será para "deliberar sobre recebimento das denúncias de infração político-administrativa contra o Excelentíssimo Senhor Prefeito". Os pedidos de impeachment contra o prefeito foram feitos após publicação do jornal "O Globo" revelar ter havido uma reunião secreta com pastores no Palácio da Cidade, sede do governo, em que o prefeito garantiu soluções para problemas com IPTU e agilidade para cirurgias de catarata. Em áudio obtido pelo jornal, Crivella diz: "Nós temos que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na prefeitura para esses processos andarem. Temos que dar um fim nisso”. Estratégias da oposição e da base O G1 ouviu membros da oposição que reconhecem a tarefa "muito difícil", e da base do governo, que desejam uma "vitória sólida" para fortalecer a prefeitura, apesar do momento de "fragilidade", nas palavras dos próprios aliados. Estes consideram o impeachment irrealizável. "Não só porque faltam 48 horas. Mesmo que fosse até o fim do governo, não conseguiriam", ironiza um importante membro do governo Crivella, na condição de anonimato. A ideia, diz ele, é lotar o plenário com deputados favoráveis a Crivella para mostrar a força do governo. Mas o aliado reconhece que nem todos os 51 parlamentares devem aparecer em meio às férias. Já Tarcísio Motta, do PSOL, não acredita que o governo tenha facilidade. "Na votação da Previdência eles conseguiram 28 votos contra 20. A margem do governo foi pequena. A base está enfraquecida." Para correligionários do psolista, a votação vai depender também do "calor das ruas". Em entrevista coletiva na terça-feira, eles pediram várias vezes para que a sociedade civil participe da sessão na quinta e prometeram marcar atos em redes sociais. David Miranda, também do PSOL, disse que vai pedir para que todos os vereadores - e não somente os que votarem pelo impeachment - defendam seu voto no púlpito. Um outro parlamentar diz que a intenção é deixar "constrangidos" aqueles que defendam as atitudes do Executivo vistas como impopulares. [caption id="attachment_116130" align="aligncenter" width="600"] (Foto: Cláudia Peixoto/Editoria de Arte G1)[/caption]