Política

Família negocia rendição de Baixinho Boiadeiro

Boiadeiro exige segurança para se entregar à polícia e defesa já se reuniu com o secretário de Segurança Pública

Por Carlos Victor Costa 04/05/2018 08h47
Família negocia rendição de Baixinho Boiadeiro
Reprodução - Foto: Assessoria
Após o delegado regional de Arapiraca, Thiago Prado ter pedido para que a família convença José Márcio Cavalcante, o Baixinho Boiadeiro, a se entregar à Polícia Civil para evitar qualquer confronto ou tragédia, a advogada dele, Mabylla Ferro, informou à reportagem da Tribuna Independente que o seu cliente ainda não se entregou por não ter segurança garantida. A advogada relata que esteve com o secretário de Segurança Pública do Estado, coronel Lima Junior, para garantir a segurança de Baixinho Boiadeiro após ele se entregar. No entanto, o acordo acabou não sendo concretizado pelo fato de  gestor da pasta não ter dado garantias seguras a Baixinho. Ela afirma que Boiadeiro sempre quis se entregar para poder se defender das acusações. “Desde o final do ano nós estamos negociando com o estado. Nós estivemos com o secretário de Segurança e ele disse que não tem como garantir a segurança dele. Ele [Lima Júnior] garante só até a entrada do presídio e lá dentro, não tem como se responsabilizar por nada. Ele sempre quis se apresentar, mas não pode pagar com a vida dele”, argumenta a advogada. Competência O secretário Lima Junior, por sua vez, disse à Tribuna que realmente teve algumas reuniões com os advogados de Baixinho Boiadeiro, deixando claro que garante a segurança de José Márcio até a chegada ao presídio, pelo fato de que dentro do sistema prisional a responsabilidade passa a ser da secretaria de Ressocialização (Seris). O secretário disse também que garantiu a escolta do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) até o sistema prisional. “Inclusive eu disse que se ele se apresentar, na hora vem um tenente do Bope para fazer o procedimento de exame de corpo de delito e demais exames”. Defesa diz que policiais foram sem mandado Em contato com a reportagem da Tribuna Independente, a irmã de Preto Boiadeiro, Bahia Boiadeiro, relatou que a polícia chegou à fazenda em dois carros descaracterizados. Os veículos seriam um Palio e um Sandero. Ela acrescenta ainda que os policiais invadiram o local sem mandado de busca com oito homens fortemente armados, também descaracterizados. “Quando meu irmão viu os carros entrando na fazenda, correu para dentro do carro da L-200 branca e na mesma hora me mandou um áudio pelo WhatsApp pedindo ajuda que tinha entrado homens na fazenda e ele não sabia quem era.  Lembrando também que  não houve troca de tiros porque meu irmão estava  em um carro e correu para o Batalhão da Polícia de Arapiraca, pedindo socorro. Inclusive, tem policiais do Batalhão que são testemunhas disso, e em seguida o delegado chegou dizendo que ele tinha um mandado em prisão em aberto ou seja confundiram ele com o meu outro irmão Baixinho Boiadeiro”. A advogada da família Boiadeiro, Mabylla Ferro, em entrevista para a reportagem da Tribuna Independente, disse que o a prisão de Preto foi um abuso de autoridade. “Tanto que o Ministério Público e o juiz Jandir de Barros Carvalho viram que não havia nenhum dos requisitos que preenchesse a manutenção da prisão”, resume. Juiz relaxa prisão de Preto Boiadeiro e seu motorista O juiz da 8ª Vara Criminal de Arapiraca, Jandir de Barros Carvalho expediu ontem (3) alvarás de soltura em favor de José Anselmo Cavalcante Melo, “Preto Boiadeiro”, e seu motorista Dalbério José Menezes. Eles foram detidos na terça-feira (2) em Arapiraca, por porte ilegal de arma de fogo. A prisão ocorreu após uma investida da Polícia Civil (PC) numa das fazendas da família Boiadeiro, na cidade de Craíbas, em busca do irmão de Preto, José Márcio Cavalcante, o Baixinho Boiadeiro.  Ele teve a prisão preventiva decretada por supostamente ter participado da tentativa de homicídio contra José Emílio Dantas, no dia 9 de novembro de 2017, na cidade de Batalha, após saber do assassinato do pai, o ex-vereador Adelmo Rodrigues de Melo, o Neguinho Boiadeiro. Bahia ressalta ainda que se Preto Boiadeiro estivesse com prisão decretada, ele não iria correr para o Batalhão da Polícia. “Além de ter o  pai assassinado, precisamos passar por essas humilhações? Que marcação é essa com minha família?”. Segundo o delegado regional de Arapiraca, Thiago Prado, houve a informação de que Baixinho Boiadeiro estaria escondido na localidade. Lá, a polícia teria avistado Preto Boiadeiro na companhia de seu motorista, que ao avistarem a chegada das supostas viaturas, teriam fugido. “A polícia foi até o local e encontrou um indivíduo de aparência física semelhante [a de Baixinho Boiadeiro] e ao avistarem as duas viaturas da polícia, entraram na L200 e saíram em fuga. O carro se afastou e depois tivemos informações que o Preto Boiadeiro estaria no 3º Batalhão da Polícia Militar. Uma equipe foi até lá e o encontrou. Os dois foram autuados em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, crime de desobediência e associação criminosa. Tiveram a prisão convertida em preventiva. O juiz homologou a prisão em flagrante”, explicou o delegado Thiago Prado.