Política

Manifestantes realizam ato no Centro em defesa de Lula

Também foram realizados atos em rodovias alagoanas e três trechos foram bloqueados

Por Carlos Amaral com Tribuna Hoje 11/04/2018 12h24
Manifestantes realizam ato no Centro em defesa de Lula
Reprodução - Foto: Assessoria
Centenas de manifestantes realizaram na manhã desta quarta-feira (11) uma caminhada no Calçadão do Comércio, no Centro de Maceió, em defesa do ex-presidente da República, Lula (PT), e por sua libertação da carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba, capital do Paraná. Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, após julgamento em segunda instância no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). O ex-presidente nega todas as acusações. Contudo, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal (primeira instância), em Curitiba, a quem cabe determinar o início da pena, o fez antes da conclusão dos recursos no TRF-4. Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou habeas corpus da defesa do ex-presidente para evitar sua prisão antes do trânsito em julgado da ação penal, conforme prevê o artigo 5º da Constituição Federal, cláusula pétrea. Para os manifestantes, trata-se de clara e evidente perseguição política porque, além de não cumprir o rito legal, o processo carece de provas contra o petista. [caption id="attachment_90533" align="alignright" width="200"] Lenilda Lima: 'Constituição foi rasgada' (Foto: Sandro Lima)[/caption] A concentração do ato em Maceió ocorreu na Praça Deodoro, também no Centro da capital alagoana. Manifestações semelhantes estão sendo – ou serão até o fim desta quarta-feira – realizados em outros estados e no interior de Alagoas. Para Lenilda Lima, dirigente do PT em Alagoas, não é possível esperar que o Poder Judiciário faça justiça a Lula. “Para mim, o que vale é a nossa agenda de mobilização porque via Judiciário vai prevalecer a injustiça. Nossa Constituição foi rasgada e quem diz isso são juristas, não eu. É um absurdo o que ocorre no país”. Ainda de acordo com ela, a prisão de Lula é parte de uma ofensiva contra os avanços sociais recentes vividos no país e na América Latina, “mas no Brasil não há pudor. Rasgam as leis sem cerimônia”, completa Lenilda Lima. Já Rilda Alves, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Alagoas, ressalta que atos como o desta quarta-feira se repetirão até a soltura do ex-presidente Lula. [caption id="attachment_90534" align="alignleft" width="261"] Segundo Rilda Alves, atos contra prisão de Lula não vão parar, sejam ‘grandes ou pequenos’ (Foto: Sandro Lima)[/caption] “Grandes ou pequenos, nós só vamos parar quando essa injustiça for desfeita. A prisão de Lula é política e ilegal, algo articulado entre o poder econômico e o político do país. Nossa tarefa é defender Lula e a democracia, pois a intenção deles é impedi-lo de disputar as eleições deste ano”, afirma Rilda Alves. RODOVIAS Três trechos de rodovias federais em alagoas foram interditados na manhã desta quarta-feira em protesto contra a prisão do ex-presidente Lula. Os locais fechados por trabalhadores rurais sem terra ficam nas cidades de Atalaia, Teotônio Vilela e União dos Palmares. Em Atalaia, cerca de 50 manifestantes atearam fogo em pneus e galhos soltos para fechar os dois sentidos da rodovia BR-316. Na BR-101, em Teotônio Vilela, cem manifestantes bloquearam os dois sentidos da pista; também foi fechado trecho próximo a Junqueiro. Na BR-104, em União dos Palmares, também cerca de 100 pessoas fecharam a rodovia.   [caption id="attachment_90531" align="aligncenter" width="500"] Em União dos Palmares, na BR 104, cerca de 100 manifestantes interditaram rodovia em protesto contra a prisão do ex-presidente Lula (Foto: Ascom/PRF)[/caption]   As rodovias em Atalaia e União dos Palmares foram liberadas no final da manhã desta quarta-feira. STF No próximo mês de setembro, o STF trocará de presidente. Sai Cármem Lúcia e assume Dias Toffoli. A atual chefe do Judiciário brasileiro se negou a pôr em pauta Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) – ainda se nega – antes do julgamento do habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula. O entendimento já público dos ministros da Corte é mudança de posição tomada sobre o assunto em 2016. Portanto, se as ADCs tivessem ido a plenário no STF é provável que nem fosse necessário julgar o pedido da defesa de Lula. Para Lenilda Lima, a mudança de comando no STF não vai alterar a postura da Corte – e nem do Judiciário – em relação ao ex-presidente. “Pode até ocorrer mudança, mas isso vai depender do processo de lutas do povo. Eu acredito nele. Mas, como bem o Lula falou há algum tempo, o Judiciário está acovardado’. Ou comprometido. Essa postura adotada por este Poder pê em xeque a democracia brasileira, tanto aqui dentro quanto lá fora, no exterior”, afirma Lenilda Lima. ADCs O ministro Marco Aurélio Mello é o relator da ADC 43 no STF. Impetrada pelo PEN, sua discussão foi adiada porque o partido decidiu retirar a ação “para não beneficiar Lula”. Há uma dúvida se é permitido ao partido retirar a ação. Em todo caso, ainda resta a ADC 44, com o mesmo tema, impetrada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).