Política

Operação da PF não tem relação com denúncia de Boiadeiro

Segundo delegado Agnaldo Mendonça Alves ação desta terça-feira (10) visa aprofundar a ‘Sururugate’; documento apresentado por Baixinho está em análise

Por Carlos Amaral com Tribuna Hoje 10/04/2018 12h06
Operação da PF não tem relação com denúncia de Boiadeiro
Reprodução - Foto: Assessoria
A “Operação Malacafa” realizada na manhã desta terça-feira (10) pela Polícia Federal (PF) em Alagoas para apurar fraudes na folha de pagamentos da Assembleia Legislativa Estadual (ALE) não tem relação direta com a denúncia de José Márcio Cavalcante de Melo, conhecido como Baixinho Boiadeiro, filho do vereador assassinado em Batalha, Neguinho Boiadeiro. Baixinho é considerado foragido e no dia 2 de fevereiro publicou vídeo denunciando um suposto esquema de funcionários fantasmas na ALE e que este teria sido o motivo de seu pai ter sido assassinado. Segundo ele, o então vereador Neguinho Boiadeiro iria denunciar o caso à PF e ao Ministério Público. Mesmo após sua morte, a documentação – exibida no vídeo – foi encaminhada a essas instituições. Porém, o delegado regional de combate ao crime organizado da PF em Alagoas, Agnaldo Mendonça Alves, relata que a operação desta terça-feira não tem relação com o vídeo e que o conteúdo denunciado por Baixinho Boiadeiro está sob análise da Polícia Federal. “As buscas de hoje [segunda-feira] tem como objetivo apurar a investigação anterior a esses fatos. Não tem relação direta com o vídeo, trata-se de investigação ligada à ‘Sururugate’. Mas a Polícia Federal segue com o inquérito instaurado, em andamento, e isso está sendo apurado”, resume o delegado Agnaldo Mendonça Alves. O documento mostrado por Baixinho Boiadeiro no vídeo, em sendo comprovada a veracidade, compromete o presidente da ALE deputado Luiz Dantas (MDB), além da prefeita de Batalha, Marina Dantas (MDB), sua nora. Ela é casada com Paulo Dantas, ex-prefeito do município sertanejo e filho do deputado estadual. Na lista apresentada por Baixinho, constam 17 pessoas que receberam entre R$ 12 mil e R$ 17 mil em suas contas, mas ficavam apenas R$ 300. O restante, supostamente, seria destinado a Luiz e Marina Dantas, por meio de um vínculo entre as contas da ALE e da Prefeitura de Batalha. “O que eu posso informar é que a PF deu cumprimento a 14 mandados de busca e apreensão em duas cidades do interior e na capital. Um dos mandados em Maceió, dois em Jacaré dos Homens e 11 em Batalha. O de Maceió não tem relação direta com a Assembleia e em Batalha alguns vereadores foram alvo da operação, mas não posso revelar os nomes”, diz o delegado Agnaldo Mendonça Alves. Contudo, ele ponderou que membros da ALE podem ser ouvidos pela PF. Ao todo, foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, sendo um em Maceió, dois em Jacaré dos Homens e onze em Batalha. ARMA DE FOGO E DINHEIRO Durante o cumprimento dos mandados na cidade de Batalha, uma pessoa foi presa por porte ilegal de arma de fogo. No caso, uma espingarda calibre 12 com o cano raspado. Também foram apreendidos R$ 20 mil em espécie, mas os nomes das pessoas envolvidas não foram revelados pela PF.   [caption id="attachment_86422" align="aligncenter" width="500"] Espingarda calibre 12 com cano raspado apreendida pela PF (Foto: Ascom/PF)[/caption]   SURURUGATE A primeira ação da Sururugate ocorreu em março de 2017 em parceria com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU) que, em seus levantamentos, identificou a presença de mortos e beneficiários do programa Bolsa Família na folha de pagamentos da ALE. Somente entre os anos de 2010 e 2013, segundo a CGU, o montante desviado ultrapassara R$ 150 milhões. A fiscalização encontrou falhas na folha de pagamentos da ALE que iam desde a subdeclaração na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) à acumulação ilegal de cargos e empregos públicos; percepção de benefícios sociais, previdenciários e da reforma agrária em desacordo com a lei; além de pagamentos a servidores após registro de óbito no Sistema de Controle de Óbitos (SISOB). “A informação que consta nos autos do inquérito principal [Sururugate] é que os funcionários eram registrados e não prestavam trabalho para a Assembleia. Isso está sendo verificado e estamos procurando apurar a verdade real”, completa o delegado Agnaldo Mendonça Alves.     [caption id="attachment_86428" align="aligncenter" width="500"] Vinte mil reais em espécie apreendidos pela PF na cidade de Batalha durante cumprimento de mandados da ‘Operação Malacafe’ (Foto: Ascom/PF)[/caption] O deputado Luiz Dantas emitiu nota, leia na íntegra: NOTA "O Poder Legislativo de Alagoas não recebeu nenhuma notificação oficial acerca da operação realizada pela Polícia Federal. Reitero meu ponto de vista: sou o principal interessado no absoluto esclarecimento dessa denúncia de suposto esquema de irregularidades na folha de pagamento, pois jamais compactuaria com tais atitudes. Trabalho à luz do dia, irmanado com a legalidade e os princípios que devem nortear a administração pública. Daí a razão pela qual continuo à disposição para contribuir no completo esclarecimento desse caso. A verdade vai prevalecer e atestar minha conduta correta na gestão do Parlamento alagoano. Maceió, 10 de abril de 2018. Deputado Luiz Dantas Presidente"