Política

‘Círculo Democrático’ faz as contas para as eleições

Partidos considerados pequenos entram fortemente na disputa por vagas na Assembleia Legislativa e Câmara Federal

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 07/04/2018 09h57
‘Círculo Democrático’ faz as contas para as eleições
Reprodução - Foto: Assessoria
Desde sua criação, o “Círculo Democrático” – conjunto de partidos formado pelo PRTB, PPS, Podemos e PV – tem chamado pouca atenção da imprensa, talvez por não ter um grande “figurão” da política, mas de maneira silenciosa o grupo segue montando sua chapa para disputar cadeiras na Câmara dos Deputados e, ainda isoladamente, as legendas que o compõem também estão de olho na Assembleia Legislativa. Segundo um de seus líderes, Adeilson Bezerra, do PRTB, o Círculo Democrático elege ao menos um deputado federal. Ainda de acordo com suas contas, somente o PRTB deverá eleger seis deputados estaduais.   Tribuna Independente – O Círculo Democrático, composto pelo PRTB, PPS, Podemos e PV pretende eleger quantos deputados estaduais e federais? Adeilson Bezerra – De estadual, eu falo pelo PRTB, eleger pelo menos seis deputados. Isso se consolida nesta reta final devido às adesões que temos recebido. Em função até da não candidatura do Rui Palmeira [PSDB], as chapas proporcionais diminuíram, se esfacelaram, e a gente vem recebendo candidatos no perfil de votos entre 10 e 15 mil. O PRTB sozinho deverá fazer seis deputados estaduais. Já para deputado federal – foi para esta disputa que o ‘Círculo Democrático’ foi criado, mas pode ocorrer de se repetir para estadual também –, contando inclusive com a Rosinha da Adefal porque ela deve se filiar a algum partido do grupo, deve fazer, seguramente, um deputado federal. E vamos buscar condições para lutar pela segunda vaga. Mas um, nós já estamos consolidados. Tribuna Independente – O Avante, com a chegada do Givaldo Carimbão, saiu do Círculo Democrático. Por quê? Adeilson Bezerra – Automaticamente. Pelo peso de votos do Carimbão, que destoa do perfil do grupo. Se ele ficasse, toda a lógica do grupo seria perdida, que é atingir 160 mil votos. Com essa votação elege um federal. A gente já passou disso. Devemos estar na faixa de 200 mil a 220 mil. E tanto faz a gente ter 160 mil quanto 230 mil ou 240 mil votos. Só faz um. Oitenta mil votos a mais desses 160 mil não faz diferença, aí é que entraria a lógica de ter um puxador de votos, que poderia ser o Carimbão, ou outro nome. Mas se a gente estima que está em 220 mil votos, é possível uma coligação com um puxador de 80 mil ou 100 mil votos, e aí a chapa bate os 300 mil votos e elege dois. O nosso, do Círculo Democrático e o puxador. Tribuna Independente – E com relação às candidaturas majoritárias, como está o círculo Democrático? Terá candidato ou vai apoiar alguém? Adeilson Bezerra – Até antes da desistência do Rui, nossos planos era sair sozinho na proporcional e lançaríamos candidato a senador, ficando fora da disputa para o Governo do Estado. E agora como o Rui está fora, a maioria do grupo definiu manter nossa autonomia na proporcional e poderemos coligar formalmente com o governador Renan Filho [MDB]. Tribuna Independente – Mas isso ainda não está fechado? Adeilson Bezerra – Não. Ainda permanece a lógica de sair sozinho na proporcional e deixar todo mundo livre na eleição de governador. Mas daqui para as convenções isso pode mudar. Vamos ver o que vai acontecer no cenário político. Se tiver maioria absoluta dentro do grupo que queira ficar dentro do guarda-chuva do governo. Também não tem problema, porque o projeto original de eleger estadual e federal fica incólume. Tribuna Independente – O senhor citou a saída do prefeito Rui Palmeira da disputa eleitoral deste ano. Até que ponto isso influenciou no cenário político, não só na disputa majoritária, mas nas proporcionais também? Adeilson Bezerra – Esfacelou por completo a formação da chapa lá do grupo dele. Se Rui fosse candidato... Isso funciona mais ou menos assim: Renan Filho vai dar 35 mil, 40 mil votos de legenda; o Rui poderia dar 25 mil, 35 mil votos de legenda. Isso representa meio deputado, somente numa candidatura forte ao Governo do Estado. Como Rui saiu da disputa, se perde o interesse porque ficou sem majoritário forte. A chapa de esfacelou por completo, hoje só restou o PP que luta para fazer uma chapa. Acredito que eles consigam um quadro lá para eleger três deputados estaduais. Tribuna Independente – O PP foi o mais prejudicado com a não candidatura do Rui Palmeira? Adeilson Bezerra – Sim. Acredito que o mais prejudicado neste processo foi o projeto do PP, do Benedito de Lira e do Arthur Lira. Foi uma puxada de tapete grande porque a chapa de estadual pifou e a de federal, praticamente, não tem. Porém, o Arthur é muito forte sozinho, tem muitas bases e deve conseguir se reeleger. Mas teve debandada. Uma parte veio para o PRTB e boa parte para o MDB, ou algum partido que fará parte da coligação. Tribuna Independente – Até que ponto o senhor acha que haverá renovação nos parlamentos, Assembleia Legislativa e na bancada de Alagoas na Câmara dos Deputados? Adeilson Bezerra – Deve renovar em torno de 15% na Assembleia, quatro ou cinco vagas que podem ser surpresa, fato novo da eleição. Na Câmara, acredito que pelo menos duas vagas devem ser preenchidas com nomes novos. O PRTB mesmo apresenta nomes que nunca foram do parlamento. Nossa chapa vai do Eduardo Tavares, passando pelo Jarbas Omena e o médico Emanuel Fortes. Vamos de Mamulengo das Alagoas ao Eduardo Tavares. Tribuna Independente – Por que buscar novas lideranças? Adeilson Bezerra – A gente trabalha com pesquisas. Cerca de 50% do eleitorado alagoano – e também o brasileiro – não vota em ninguém. Político virou sinônimo de criminoso. Hoje a juventude não quer saber de política, acha que todos são ladrões. Se você apresentar o velho plantel de políticos, com ex-prefeitos ou ex-deputados, mesmo sérios e que fizeram bons trabalhos, será fruto de rejeição. Eles também sofrem desgaste junto à opinião pública. É necessário que os partidos se reinventem e apresentem nomes novos.