Política

Segundo advogada, Baixinho Boiadeiro teme pela própria vida

Foragido desde que o pai foi morto em Batalha, Márcio Cavalcante não se entregou por medo de ser assassinado

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 28/03/2018 08h05
Segundo advogada, Baixinho Boiadeiro teme pela própria vida
Reprodução - Foto: Assessoria
Em sequência à divulgação de fatos que envolvem os crimes no município sertanejo de Batalha, a reportagem da Tribuna Independente foi procurada pela advogada da família Boiadeiro, Mabylla Loriato, também responsável pelas defesas dos suspeitos do assassinato do vereador de Batalha, Tony Pretinho (PR), José Márcio Cavalcante Melo, o Baixinho Boiadeiro, Thiago Mariano Tenório e André Souza dos Santos. Em entrevista, a advogada relata que Baixinho Boiadeiro – que também responde pela tentativa de homicídio contra José Emílio Dantas –, não se entregou até o momento para a Justiça por temer por sua vida. Ela diz ainda que procurou o Judiciário para poder acesso aos autos do inquérito em que seus clientes são colocados como suspeitos do assassinato de Tony Pretinho, além de cobrar tratamento igual da justiça em relação aos nomes apresentados pela polícia como envolvidos no assassinato do vereador Neguinho Boiadeiro. “Baixinho [Boiadeiro] está sendo cassado para ser executado antes de ser preso. Ele não se apresentou por não ter garantias de segurança. Ele está sendo acusado de ter matado o Tony [Pretinho, vereador] que era seu amigo, seu compadre, mas não tinha motivo nenhum. E não tem como estar aqui para se defender porque o Estado tem apenas tomado as dores da família Dantas. Tanto é que polícia não tomou nenhuma postura contra o José Emilio, que em seu depoimento fala que atirou contra o Baixinho. Enquanto isso o delegado vai à imprensa e diz que tem provas, escutas telefônicas, entre outras coisas que comprovam que o Maikel, Sandro Pinto o Rafael, nomes apresentados pela Polícia Civil como envolvidos na execução do crime do Neguinho e  estão soltos. Estamos cobrando para que seja dado um tratamento igual aos casos. Por que os acusados do crime do Neguinho tiveram acesso aos autos e os do crime do Tony não tiveram?”, questiona a advogada ao falar com a reportagem. Filho de presidente da ALE é acusado de intimidar família Após Baixinho Boiadeiro divulgar vídeo em que afirma que seu pai (Neguinho Boiadeiro) denunciaria supostos desvios de recursos da Assembleia Legislativa do Estado (ALE) e da Prefeitura de Batalha, o filho do presidente da ALE, Paulo Dantas passou a conceder entrevistas em defesa do seu pai, o deputado Luiz Dantas. [caption id="attachment_72867" align="aligncenter" width="450"] Paulo Dantas também foi citado pela defesa da família Boiadeiro (Foto: Assessoria)[/caption] Paulo informou que entrou com uma ação contra Baixinho Boiadeiro por calúnia. Para a advogada isso é uma tentativa de intimidar a família Boiadeiro, que segundo ela, não vai se calar. “Eu disse a ele [Paulo] que deixe a Polícia Federal fazer o trabalho dela. A PF está apurando o desvio de verbas. Ele quer processar, quer intimidar para que a família se cale? O Baixinho, como outros homens da família Boiadeiro, foram condenados por atos ilícitos já responderam por seus crimes. Uma coisa é pagar pelo que deve, outra coisa é acusar por ele ter denunciado desvio milionário da Assembleia e da prefeitura”, ressalta Mabylla. TEMOR Segundo a advogada, a mãe de Baixinho, Mércia Boiadeiro pediu que informasse que a família teme que os assassinos do Neguinho e de Tony Pretinho tentem contra a vida do vereador Sandro Pinto. “Ele é um arquivo vivo, sabe como foi feito toda a trama. Ele que pode colocar outras pessoas na cadeia que é o caso do Paulo Dantas e Marina Dantas. E depois queiram jogar para a família Boiadeiro como estão fazendo no caso do Tony Pretinho”. Defesa tenta acesso aos autos no TJ/AL A advogada Mabylla Loriato relata ainda que devido à “inércia” da juíza responsável pela Comarca de Batalha, Amine Mafra, houve a necessidade de recorrer com um mandado de segurança junto ao Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), solicitando uma liminar protocolada, na quinta-feira (22), no gabinete do desembargador Sebastião Costa Filho, sorteado relator. “Até hoje [terça-feira, 27] a liminar não foi analisada. Estive no gabinete [do desembargador], expliquei a situação porque ter uma pessoa presa sem que ela tenha o direito de se defender e ao menos de saber do que está sendo acusada. Só a Justiça e a Polícia de Alagoas trabalham desta maneira. Se você é acusado, tem direito ao contraditório e à ampla defesa, a menos que queiram acusar uma pessoa sem apurar a verdade”, reclama. “Já foi requerido ao delegado ouvir testemunhas que comprovam que Baixinho, Thiago e André não estão envolvidos no crime, mas ele fica simplesmente adiando”, completa. A reportagem procurou a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Alagoas para saber do andamento acerca do pedido da advogada, mas até o fechamento da edição não houve resposta. Segundo Mabylla, André Souza, detido recentemente, estava em Santa Catarina a trabalho, com esposa e filha. “É uma perseguição não só contra a família Boiadeiro, mas aos amigos, contra todos, inclusive até os advogados temem por suas vidas. A polícia tem que fazer o seu trabalho com seriedade. Existe o direito de defesa e do contraditório. A polícia tem que procurar elementos para indiciar quem cometeu o crime, não acusar inocentes”.

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