Política

Temer associa caso Marielle a recursos para intervenção

Presidente usa morte de vereadora como argumento para injetar dinheiro na ação militar no Rio de Janeiro

Por Jornal GGN 20/03/2018 11h02
Temer associa caso Marielle a recursos para intervenção
Reprodução - Foto: Assessoria
Enquanto a notícia da liberação de mais de R$ 1 bilhão para a intervenção federal no Rio de Janeiro repercute negativamente, o presidente Michel Temer (MDB) ainda tenta associar a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) com a necessidade das medidas. Conforme o GGN vem divulgado desde a última semana, a estratégia adotada pelo governo era de associar o caso a favor das medidas de intervenção. Por isso, Temer buscou junto aos aliados governistas que endossem a tese por ele, a fim de verificar as reações. Observado que parte considerável da opinião pública defende as medidas restritivas e do uso de forças armadas para realizar o papel, que deveria assumir o teor civil, de Segurança Pública, o mandatário resolveu mostrar que, junto com a liberdade dada ao interventor, o general Walter Souza Braga Netto, também se preocupa com o caso da morte da vereadora. Assim vem caminhando as decisões de Temer: primeiro, convocou governistas aliados para assumir o discurso de associar o assassinato à necessidade de intervenção; depois, ainda sem saber os rumos que tomaria a investigação, deixou que a palavra fosse assumida apenas pelos parlamentares, mantendo ele mesmo o silêncio; cancelou a visita que teria neste domingo (18) em sua agenda oficial para realizar o balanço de um mês da intervenção; conversou com Braga Netto para liberar o montante que ele considerasse necessário. Mas para que todos esses passos não escancarem a estratégia por trás do discurso assumido, afirmou que, junto com as questões financeiras, teria solicitado diretamente ao interventor na segurança do Rio, o general Braga Netto, que apresentasse resultados o quanto antes sobre as investigações do assassinato de Marielle. "A determinação é para apurar no menor prazo possível. Falei, inclusive, com o general Braga na sexta-feira para envidar todos os esforços e todos os recursos disponíveis para logo solucionar essa questão", disse Temer. Mas junto com essa notícia, outra trouxe polêmica para o caso: o fato de quem estaria investigando o crime fosse um dos investigados. Isso porque por trás da liberação do presidente Michel Temer de que as autoridades federais estão à disposição da investigação, delegados da Polícia Federal que apuram são os mesmos que integram um grupo formado também por policiais militares e a polícia civil local, do Rio de Janeiro. Na prática, os investigadores são o Grupo Integrado de Operações de Segurança Pública (Giosp), integrado por agentes de inteligência da PF, mas em conjunto com a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Secretaria de Administração Penitenciária e a Polícia Rodoviária Federal.