Política

Seminário sobre 'golpe' acontece quarta na Ufal

Na universidade alagoana, ainda não há pedido para criação de disciplina eletiva sobre o tema

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 06/03/2018 07h49
Seminário sobre 'golpe' acontece quarta na Ufal
Reprodução - Foto: Assessoria
Tem gerado bastante discussão a criação de cursos e disciplinas eletivas sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) – ou golpe, como estão sendo nominados – em universidades brasileiras. Na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), um seminário será realizado na próxima quarta-feira (7), mas não há proposta de criação de disciplina eletiva protocolado na Reitoria da Instituição. Segundo o vice-reitor da Ufal, José Vieira da Cruz, qualquer posicionamento oficial da Instituição só será dado após – e se houver – algum pedido formal de criação de disciplina ou curso sobre esse tema. “No entanto, a Universidade partilha do princípio da liberdade de expressão, da pluralidade do debate acadêmico e da liberdade do ensino. A priori, há apenas a defesa da liberdade de expressão e de ensino”, comenta o vice-reitor da Ufal. SEMINÁRIO O seminário “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” é organizado pela Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (Adufal) e pelo Colegiado de Pedagogia da Ufal. Segundo Jailton Lira, presidente da Adufal, a proposta de criação de disciplina sobre o tema depende da repercussão do evento da próxima quarta-feira. “A gente pensou em aproveitar esse momento agora que esses cursos estão se proliferando, num movimento contra-hegemônico, e fazer um seminário. Por sinal, ele já está rendendo os frutos esperados porque já avaliamos o espaço como pequeno, diante da quantidade de pessoas que dizem que vão comparecer”, comenta Jailton. Porém, ele ressalta algumas particularidades em relação à criada na UnB, por exemplo o fato de ser assunto datado, cabendo mais à Ciência Política. “Transformar o golpe de 2016 em disciplina eletiva fica muito datado. Seria o mesmo que se fosse sobre o golpe de 1964. Na verdade, eu acho que uma coisa muito específica, mesmo tendo a importância que tenha, é difícil você tratar teoricamente. Eu vi a ementa da proposta da UnB, mas é para o curso de Ciência Politica. É mais fácil do que para a gente de um curso de Educação”. Jailton também rebateu as críticas à criação dessas disciplinas ou sobre a realização de seminários e cursos sobre o esse tema. Para ele, isso é tentativa de fazer valer discurso único. “O que me parece é que há uma tentativa de criar uma narrativa única sobre o que ocorreu em 2016: de que tudo se deu dentro dos marcos legais. Isso não é nossa interpretação. O que aconteceu foi uma ruptura institucional e é essa interpretação que estamos apresentado ao público. É natural que pessoas ligadas à área jurídica, sobretudo os mais tradicionais e conservadores, entendam como algo que extrapola os meios acadêmicos. Até porque é papel deles apoiar o golpe dado em 2016, que eles apoiaram”, afirma o presidente da Adufal. UnB O curso de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB) criou a disciplina eletiva “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” em fevereiro deste ano. Ao tomar conhecimento, o ministro da Educação Mendonça Filho pediu investigações sobre sua criação para “apurar possível prática de improbidade administrativa [...] e por fazer possível proselitismo político e ideológico do PT e do lulismo”. Entretanto, outras universidades públicas do país também criaram disciplinas semelhantes: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Em outras cinco já ocorreram manifestações públicas para a criação de disciplinas semelhantes: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Universidade Federal de São João del-Rey (UFSJ).