Política

Da prisão, Vaccari desmente Léo Pinheiro em carta

Defesa do ex-presidente Lula pediu que a carta, escrita à mão, fosse anexa aos autos do recurso do processo do triplex do Guarujá no TRF4

Por Jornal GGN 28/02/2018 09h21
Da prisão, Vaccari desmente Léo Pinheiro em carta
Reprodução - Foto: Assessoria
"Não é verdade o que o declara Léo Pinheiro em seu depoimento e delação premiada, que as doações feitas pela empresa OAS ao PT estariam ligadas a supostos pagamentos de propinas relacionadas a contratos desta empresa com a Petrobras", afirmou João Vaccari Neto em carta, desmentindo as declarações do ex-presidente da OAS. A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que a carta, escrita à mão, fosse anexa aos autos do recurso do processo do triplex do Guarujá, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O objetivo dos advogados é mostrar que se as únicas provas alegadas contra Lula foram de delações de Léo Pinheiro, elas são facilmente desmentidas por outro, assim como ele, réu da Lava Jato. Os advogados ressaltam a fragilidade das acusações contra o ex-presidente, condenado na segunda instância a uma pena maior do que a imposta pelo juiz de Curitiba Sérgio Moro - 12 anos e 1 mês de prisão. A defesa enviou a petição junto com o recurso remetido no último dia 20 de fevereiro. Um dos pontos debatidos pelo advogado Cristiano Zanin Martins e a banca que faz a defesa do líder petista é que, assim como o próprio delator, no caso relacionado ao triplex, Léo Pinheiro, outros réus não foram sequer convocados pelos investigadores para responderem a acusações que envolviam a eles também. Como o caso de Vaccari: "[O MPF] preferiu concentrar a hipótese acusatória no depoimento de Léo Pinheiro, mas não teve a cautela de pedir a oitiva de João Vaccari em busca da verdade real, como seria necessário", informaram os advogados. Como o julgamento contra Lula foi unânime, o único tipo de recurso que pode ser ingressado pela defesa é o embargo de declaração, que não pode discutir o julgamento em si, mas apenas levantar possíveis dúvidas, contradições ou solicitar explicações sobre determinados pontos da sentença. Por isso, a defesa de Lula indica possíveis "omissões em relação a elementos que constam no processo", além de "contradições com os seus próprios termos" e "obscuridades". Léo Pinheiro afirmou, em sua delação premiada, que tratou com Vaccari e que ele teria feito a intermediação, em nome do ex-presidente, para o recebimento do triplex no Guarujá como forma de pagamento de vantagens indevidas. Os advogados de Lula entenderam que, se os próprios investigadores não puderam ir atrás da outra parte mencionada na acusação, eles mesmo o fariam. Por isso, solicitaram a Vaccari um posicionamento sobre as declarações de Léo Pinheiro. "Nunca teve qualquer tratativa ou conversa com Léo Pinheiro para tratar de questões ilegais envolvendo o recebimento de propinas. Também não é verdade o que diz Léo Pinheiro, que eu teria intermediado, em nome do ex-presidente Lula o recebimento do Triplex do Guarujá, como pagamento de vantagens indevidas", afirmou Vaccari, no manuscrito, agora remetido ao TRF-4. As alegações da defesa de Lula ficam nas mãos do relator do TRF-4, o desembargador João Pedro Gebran Neto, e não têm data para serem julgadas. Nesta semana, a defesa do ex-presidente está levantando o maior número possível de contraprovas para as sustentações dos investigadores contra Lula.