Política

Polícia Civil de Alagoas descarta delegado especial para apurar crimes

Eduardo Mero, da Delegacia de Homicídios, garante que mortes de moradores de rua estão sendo apuradas

Por Carlos Victor Costa com Tribuna Independente 20/01/2018 09h07
Polícia Civil de Alagoas descarta delegado especial para apurar crimes
Reprodução - Foto: Assessoria
A Polícia Civil não vai designar delegado especial para investigar mortes de moradores em situação de rua. Somente em janeiro deste ano, já foram contabilizados dois assassinatos envolvendo populares que vivem em situações de vulnerabilidade social. A informação foi dada pelo coordenador da Delegacia de Homicídios de Alagoas, delegado Eduardo Mero. Ele explicou que por se tratar de crimes em diferentes áreas, não tem como designar um delegado especial. “Na verdade, todos os casos estão sendo apurados por delegados de área. Temos oito delegados na Delegacia de Homicídios. Cada área tem um delegado e uma equipe para investigar até porque precisa ter conhecimento da região. Então, não tem como designar um delegado especial para esse tipo de crime”, explica Mero à reportagem da Tribuna Independente. O delegado ressaltou ainda que em relação a esses crimes de moradores de rua não há nada de concreto que exista um grupo de extermínio agindo. “São rumores. Essas suposições não têm procedência. Depende de cada caso. Temos que ver cada caso e os delegados que estão apurando não querem divulgar tudo para não atrapalhar as investigações”. Os crimes contra os moradores de rua também estão sendo ponto de debate na Defensoria Pública Estadual (DPE). O defensor público-geral, Ricardo Melro, informou à reportagem que os fatos preocupam e necessitam de apuração rigorosa. Melro destacou que existe a necessidade de ter um delegado especial para apurar os crimes. “Eu quero saber se tem um delegado designado somente nesses casos ou se esses casos estão chegando e sendo tratados como qualquer outro. Isso a gente vai verificar depois que conversarmos com o pessoal da Polícia Civil”, informou o defensor público-geral. Ofício de parlamentar passou por setores e já foi encaminhado Em entrevista à Tribuna na quinta-feira (18), o deputado federal Paulão (PT), que também é da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), na Câmara Federal, disse ter marcado uma audiência com o governador Renan Filho (PMDB), para que ele receba os membros do Movimento Nacional de População de Rua, a fim de que se encontre uma solução para esses crimes, mas que ainda não obteve retorno do chefe do Executivo. O parlamentar explicou ainda que oficiou a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) para saber como está o inquérito dos assassinatos, mas que da mesma forma que o governador, não obteve até o momento retorno do órgão. À Tribuna, o assessor da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), Pedro Montenegro, afirmou que os ofícios foram encaminhados e recebidos pelos órgãos, mas que até o presente momento nenhum deles retornou. “A reunião com o governador foi marcada diretamente entre eles, não houve ofício. O nosso ofício para a SSP foi enviado dia 21 de dezembro e no mesmo dia recebemos a confirmação do recebimento”. A assessoria de comunicação da secretaria de Segurança Pública esclareceu que o ofício do deputado federal passou por alguns setores da SSP e foi encaminhado para a Polícia Civil, certamente para a Delegacia de Homicídios responder. O parlamentar, por sua vez, tem cobrado as explicações tanto da SSP quanto do Ministério Público Estadual (MPE). OAB-AL acredita que tráfico tem causado os assassinatos Consultada, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB/AL) garante estar acompanhando as investigações alusivas aos crimes contra os moradores de rua. O presidente do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal, presidido OAB, Daniel Gueiros, ressaltou que vem cobrando a execução e elaboração de políticas públicas para essa população. “A gente vem acompanhando o cumprimento delas, mas nesses casos específicos, quando há óbito, nós oficiamos a autoridade competente. Até agora, o que tem acontecido é instauração das investigações. Se elas são concluídas ou se eles identificam a autoria dos crimes a gente não sabe bem. O último levantamento que nós tivemos por dentro, na maioria dos casos, o pessoal tinha sido preso, mas o trabalho principal é para evitar novos episódios”, ressalta. O advogado acrescentou ainda que um dos problemas que pode estar causando essas mortes é a relação de alguns moradores com o tráfico de drogas. “Não porque todos traficam, mas se você se recusar a convivência com o tráfico, você acaba sofrendo represália. Até agora a gente não tem visto nenhum sinal de um grupo de extermínio”, relata Gueiros.