Política

Rodoviários de Alagoas se mobilizam contra reformas de Temer

Presidente do Sindicato da categoria, Sandro Régis fala sobre as estratégias da entidade que conta com mais de 2.700 trabalhadores em todo o estado

Por João Marcos Carvalho, especial com Tribuna Independente 20/12/2017 07h53
Rodoviários de Alagoas se mobilizam contra reformas de Temer
Reprodução - Foto: Assessoria
Organizar a luta de sua categoria para enfrentar as armadilhas da recém-aprovada reforma trabalhista e tentar barrar a reforma previdenciária em marcha no Congresso Nacional. Eis as prioridades de Sandro Régis de Oliveira que, em 9 de dezembro, assumiu a presidência do Sindicato dos Rodoviários do Estado de Alagoas – que congrega 2.750 trabalhadores em empresas de ônibus na Capital e interior do Estado.   Tribuna Independente – Qual a diferença entre a gestão iniciada em 2008 e as anteriores? Sandro Régis – Sem dúvida a unidade da equipe, a transparência e a perseverança na luta pelas reivindicações dos trabalhadores. O Écio, que acabou de deixar a presidência, e agora é o secretário-geral do sindicato, foi um grande comandante. Há nove anos, trabalhamos na conscientização dos companheiros, hoje cada vez mais preparados para enfrentar negociações com um empresariado que só pensa no lucro. Nesse período, tivemos avanços sociais acima da média com relação aos nossos companheiros do resto do Nordeste, como um bom plano de saúde, assistência jurídica forte e um tíquete-refeição decente. Isto alavancou a autoestima do pessoal e fez do nosso sindicato uma referência no Brasil. Tribuna Independente – Qual a estratégia de luta que a diretoria pensa em adotar diante das reformas do governo golpista que tira direitos da classe trabalhadora? Sandro Régis – Depois da bem-sucedida greve de 28 de abril, onde o governo Temer ficou por um fio, houve um recuo inexplicável na luta contra o golpe, permitindo que os golpistas aprovassem a reforma trabalhista e Temer conseguisse barrar duas denúncias contra ele. Esse cochilo foi um desastre monumental para a classe trabalhadora, que hoje se vê diante do maior retrocesso desde 1943, quando direitos fundamentais conquistados ao longo de décadas por meio da CLT foram para o lixo da noite para o dia. Nossa esperança é que um plebiscito revogatório em 2019 anule essa patifaria, revertendo esse quadro dantesco. Tribuna Independente – Você acha que a reforma da Previdência será aprovada? Sandro Régis – Acho que depois da aprovação da reforma trabalhista, que só beneficia o empresariado, o povo acordou e vai tentar impedir a reforma previdenciária com grandiosas manifestações. Afinal, se essas reformas fossem boas para a população o usurpador Temer não precisaria comprar deputados para aprová-las. Outra coisa: entidades sérias e de credibilidade internacional têm demonstrado que o déficit na Previdência é uma mentira que vem sendo construída pelo governo golpista com o auxilio da mídia domesticada, que recebe milhões de reais em publicidade paga com dinheiro público para mentir, distorcer notíciais e inventar fatos contra os trabalhadores e em favor da elite dominante. Como explicar que falta dinheiro para as aposentadorias ao mesmo tempo em que se perdoam dívidas trilionárias com bancos e petrolíferas? Tribuna Independente – Qual a análise que você faz do governo Temer? Sandro Régis – Na verdade, um desgoverno ilegítimo, resultado de um golpe de estado descarado e disfarçado em impeachment que derrubou uma presidenta legitimamente eleita para atender aos interesses da elite, inconformada com a quarta derrota consecutiva nas urnas. Nesse ano e meio de golpe, o Brasil sofreu retrocessos extraordinários nas áreas trabalhista, econômica, social, educacional, científica, judiciária, midiática, de meio ambiente e de direitos humanos. Tribuna Independente – Como o sindicato está vendo o julgamento de Lula, marcado para 24/1/18? Sandro Régis – As forças reacionárias que interromperam o mandato de Dilma tendo com pretexto um crime de responsabilidade que nunca existiu, agora querem impedir que Lula, a maior liderança popular do ocidente, volte a presidir o Brasil. Para isso, se utilizam de partes da PF, do MPF e do Judiciário – que integram o consórcio golpista formado por federações de indústrias, banqueiros, o pessoal do agronegócio, os poderosos grupos midiáticos, os movimentos neofascistas, como o MBL, Vem Pra Rua e outros – para apoiar as ações arbitrárias e seletivas do juiz Sérgio Moro. Tribuna Independente – O que a categoria rodoviária terá como novidade em sua gestão? Sandro Régis – Além da transparência administrativa que adotamos desde 2008, vamos lutar de todas as formas para que os empresários não substituam cobradores por catracas eletrônicas, o que faz com que motoristas cumpram dupla função, comprometendo a segurança do passageiro. Vamos implantar um programa para ajudar cobradores a tirar a CNH, fato que vai permitir que  eles possam ser promovidos a motorista, o que duplica o salário. . De outra parte, como o Governo de Alagoas anunciou que tem R$ 1,3 bilhão de reais disponíveis para aplicar em 2018, o sindicato vai cobrar que boa parcela desse dinheiro seja investida na melhoria do transporte público. Paralelamente à luta pela reposição salarial acima da inflação e a participação nos lucros das empresas e outros benefício.