Política

Grandes sindicatos de Alagoas descartam demissões

Fim do imposto sindical faz com que entidades ajustem as suas contas

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 02/12/2017 08h50
Grandes sindicatos de Alagoas descartam demissões
Reprodução - Foto: Assessoria
Com o fim do imposto sindical, fruto da reforma trabalhista recém-aprovada, alguns sindicatos já discutem a possibilidade de reduzir seus quadros de funcionários e elaborar planos de demissões. Mas, em Alagoas, ao menos nas maiores organizações, essa possibilidade está descartada. O Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social e Trabalho no Estado de Alagoas (Sindprev) e o Sindicato dos Bancários estão entre as maiores organizações sindicais do estado, com 30 mil, 14 mil e dois mil filiados, respectivamente. Segundo Consuelo Correia, presidente do Sinteal, o fim do imposto até afeta as finanças do sindicato, mas nada que gere demissões de funcionários. “Em princípio, o fim do imposto sindical não traz grandes prejuízos porque a gente não o recebe da rede estadual há muito tempo, e dos municípios só Maceió e mais alguns. Mas o fim do imposto tem gerado algumas incompreensões em alguns gestores municipais e eles têm deixado de nos repassar as filiações. Se não houver mudança nos repasses dos filiados, não sofreremos abalos em nossas contas”, diz Consuelo Correia. Célio dos Santos, presidente do Sindprev, também destaca a não necessidade do imposto pela organização que dirige. Porém, ele avalia que os sindicatos dependentes desses recursos vão sofrer com a queda de receita. “Sempre fomos contra o imposto sindical e nunca dependemos dele. A gente só vive com a contribuição mensal dos filiados. Portanto, para nós não houve impacto algum e por isso, não altera em nada nossa relação com os funcionários. Já os que dependem unicamente do imposto sindical estão ‘mortos’”, afirma Célio dos Santos. Já o presidente do Sindicato dos Bancários Márcio dos Anjos diz que será preciso fazer algum ajuste nas contas da entidade, mas nada “profundo”. Ele enfatiza o alto índice de sindicalização da categoria, cerca de 80%, como fator que impede o maior impacto do fim do imposto sindical. “É claro que algo terá de ser reavaliado nas contas do sindicato, até porque há uma queda de receita. Porém, isso não será nada que mexa em nossa estrutura, até porque por volta de 80% dos bancários são sindicalizados em Alagoas e a tendência nossa é aumentar, seja por conta de nossa atuação, seja por conta dos ataques que o Governo Federal tem promovido”, diz Márcio dos Anjos. “Muitos sindicatos vão fechar as portas” Se para Sindprev, Bancários e Sinteal o fim do imposto sindical não causa grandes impactos em suas contas, para Cícero Justino, do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Alagoas (Sindticmal), a realidade é diferente. Com cerca de mil filiados, a entidade tem sofrido com a paralisação de obras governamentais e aumento do desemprego em sua categoria. Para o presidente do Sindticmal, muitos sindicatos fecharão suas portas. “Todos os sindicatos vão sofrer. Todos. Grandes ou pequenos. Alguns vão até fechar as portas. Sem esse recurso como eles vão funcionar? Os que têm associados mal conseguem para pagar a folha”, comenta Cícero Justino. Segundo ele, a possibilidade de demissão na organização que dirige é real e será discutida no início de 2018. “Infelizmente, em janeiro, teremos de discutir sobre isso: como a gente vai sobreviver? Com a situação do jeito que está, sem obras, a construção civil só está com 25% da categoria trabalhando. As empresas estão fechando. Quem trabalha com empréstimo de banco e o governo atrasando pagamentos, está fechando. Quem tá comprando os apartamentos das empresas está deixando de pagar. Isso é nacional e aqui em Alagoas não é diferente. Depende até mais”, afirma. Para ele, os sindicatos vão ter de “renascer” para sobreviver. “Quando não tem imposto, mas tem trabalho é uma coisa. Mas hoje não tem imposto e não tem trabalho”, completa. CUT Em 14 de outubro, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) – em nível nacional – criou um programa interno de demissões por causa da queda de receita gerada pelo fim do imposto sindical. Segundo Rilda Alves, presidente da CUT em Alagoas, a decisão de demitir funcionários locais ainda não foi tomada. “Vamos fazer o possível para não demitir nossos colaboradores porque isso não é nosso interesse. Porém, o que a gente não pode é deixar de pagar folha, de cumprir com as responsabilidades trabalhistas”, diz Rilda Alves. Centrais defendem “novo imposto” Para compensar o fim do imposto sindical, a Força Sindical, presidida pelo deputado federal Paulinho da Força (SD), e pela União Geral de Trabalhadores (UGT) é a cobrança da contribuição assistencial de todos os trabalhadores da categoria, e não só dos filiados. O valor  seria definido em assembleia do sindicato, assim como a quantidade de parcelas. No imposto sindical, cada trabalhador pagava, compulsoriamente, o equivalente a um dia de serviço, uma vez por ano.