Política

Sindpol crê em investigação isenta sobre crimes em Batalha

Para Ricardo Nazário, presidente do sindicato, participação de policial na morte de Neguinho Boiadeiro será esclarecida

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 14/11/2017 07h54
Sindpol crê em investigação isenta sobre crimes em Batalha
Reprodução - Foto: Assessoria
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol), Ricardo Nazário, afirma que a entidade só vai se pronunciar sobre o suposto envolvimento de um agente de polícia no assassinato do vereador da cidade de Batalha, Adelmo Rodrigues de Melo – conhecido como Neguinho Boiadeiro – após a conclusão das investigações. Segundo ele, o sindicato confia na isenção da apuração do crime, ocorrido no último dia 9. Durante o sepultamento de Neguinho Boiadeiro, realizado na última sexta-feira (10) em Craíbas, sua família afirmou que o policial civil Eudson Matos foi um dos responsáveis pelo assassinato do parlamentar. Ele é filho de Edvaldo Joaquim de Matos, sargento reformado da Polícia Militar – à época segurança de Paulo Dantas, então prefeito de Batalha e filho do presidente da Assembleia Legislativa (ALE) Luiz Dantas (PMDB) – assassinado em 2006 por Emanuel Boiadeiro. “O Sindpol acredita na isenção das investigações. Queremos que se apure com veemência e quem for culpado que pague. Mas pode ser que, no calor da emoção, a família, por querer de imediato a prisão do autor do crime, tenha colocado alguém na cena do crime sem que se tenha nada a ver com a situação. Até que ponto o policial [Eudson Matos] está envolvido, se é que está, se foi autor ou mandante? Ninguém sabe ainda”, comenta Ricardo Nazário. Em outubro de 2016, Emanuel Boiadeiro, sobrinho de Neguinho, teria sido morto por Eudson Matos após ação policial na cidade de Belo Monte. A polícia alegou ter havido confronto. PC substitui delegado para apurar o crime A comissão de delegados da Polícia Civil (PC) responsável pelas investigações da explosão de violência ocorrida na cidade de Batalha, no último dia 9, confirmou ontem (13) que um dos suspeitos de ter atirado em José Emílio Dantas é José Márcio Cavalcante, conhecido como “Baixinho”. Ele foi identificado e está foragido. Ele é filho de Neguinho Boiadeiro, morto no mesmo dia ao sair da Câmara de Vereadores. Segundo assessoria de comunicação da Polícia Civil, ainda na noite da última quinta-feira se tentou prender “Baixinho”, mas sem sucesso. “Como não foi localizado, nós o indiciamos e representamos a prisão no mesmo dia da tentativa de homicídio e a juíza Vilma Renata Jatobá decretou no dia seguinte”, explica a Polícia Civil. A reportagem tentou contatar o delegado Cícero Lima, que preside o inquérito, mas ele não atendeu aos telefonemas. TROCA Paulo Cerqueira, delegado-geral da PC, alterou a composição da comissão designada para investigar os crimes ocorridos na cidade de Batalha, no último dia 9. A comissão agora conta com Gustavo Xavier, que substitui Rômulo Monteiro. Além dele, compõem a comissão Cícero Lima e Rosivaldo Vilar. De acordo com a assessoria de comunicação da PC, a troca garante que não haja acusações de parcialidade na investigação. “Como o Rômulo é da cidade, poderia haver qualquer tipo de acusação de parcialidade. A troca deixa a comissão mais à vontade para trabalhar”, explica. “Ligação política não gera dificuldades” O procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça Neto designou ontem (13) o promotor Luiz Vasconcelos para acompanhar a investigação dos crimes ocorridos em [caption id="attachment_10590" align="alignleft" width="300"] Luiz Vasconcelos foi designado para acompanhar o caso acerca do assassinato de Neguinho Boiadeiro (Foto: Ascom/MPE)[/caption] Batalha. Em conversa com a Tribuna Independente, o membro do Ministério Público Estadual (MPE) adiantou já estar a par do que os delegados apuraram até aqui. “Já estive na cidade, na semana passada, e conversei com os delegados para saber as providências adotadas e o que está sendo apurado, o que já se tem de informação”, diz o promotor de Justiça Luiz Vasconcelos. Segundo ele, o fato de ambas as famílias envolvidas na onde de violência – Dantas e Boiadeiro – terem membros ligados à política do estado e terem rixa antiga não gera nenhum dificuldade em especial na apuração do caso. “Eventual dificuldade é da própria investigação, como qualquer uma. O fato de haver animosidades passadas não significa linha de entendimento, nem direcionamento A gente vai buscar elucidar, os culpados e leva-los à justiça”, diz. O promotor explica que sua função, nesta fase das investigações, é acompanhar o trabalho dos delegados e auxiliá-los no que for preciso. “Vamos acompanhar os delegados, nessa primeira fase, inquisitorial, para tentar facilitar ao máximo os trabalhos”, completa. RIXA A rixa entre Dantas e Boiadeiro teve início em 1999, após assassinato de Zé Miguel Dantas, então prefeito de Batalha.