Política

Célia diz que Arapiraca pediu sua volta

Ex-prefeita por três mandatos confirma pré-candidatura para disputar uma das vagas na Assembleia Legislativa

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 04/11/2017 12h22
Célia diz que Arapiraca pediu sua volta
Reprodução - Foto: Assessoria

Uma das principais lideranças políticas do Agreste alagoano – para muitos, a principal –, Célia Rocha cogitou desistir da vida pública no final de 2016 devido a problemas de saúde, o que a fez abrir mão de disputar a reeleição da Prefeitura de Arapiraca. Entretanto, esse quadro mudou e ela volta à cena política de Alagoas, agora no comando do PTC, mesmo partido do senador Fernando Collor. Porém, sem descuidar da saúde. Célia Rocha conversou com a Tribuna Independente e explicou os motivos de decidir disputar uma vaga para a Assembleia Legislativa do Estado (ALE) e não retornar à Câmara dos Deputados, onde já exerceu mandato. A ex-prefeita da segunda maior cidade de Alagoas também falou do “desafio” de comandar um partido para montar chapas proporcionais para 2018, e sobre a gestão de Rogério Teófilo (PSDB) à frente da Prefeitura de Arapiraca.

Tribuna Independente – Após seu terceiro mandato na Prefeitura de Arapiraca, a senhora publicou no Facebook, em dezembro de 2016, que estava saindo da vida pública. A senhora pensou em sair da política por quê?

Célia Rocha – Meu estado de saúde [problemas na coluna vertebral, nas articulações e psoríase, doença de pele] me obrigava a pensar. Tanto é que um ano antes de minha saída [início de dezembro de 2016] eu já dizia que não seria candidata [reeleição], já prevenia ao governador Renan Filho [PMDB], ao Luciano [Barbosa, vice-governador, PMDB], ao meu vice [Yale Fernandes], que eu não teria condição porque minha doença começou pouco mais de um ano antes. Então, eu percebi que alguma coisa não estava bem. Eu tinha muitas dores articulares, coisa que me travava mesmo na cama. Ficava sem mobilidade. Um ano antes eu já sabia e não me preocupei [com a reeleição]. Então, fui a São Paulo para ter uma ideia do que era e fiz um diagnóstico, que em Alagoas não tinha sido feito. Mas não fui me tratar porque era final de mandato e estava tudo muito difícil por causa da recessão que vivíamos no país. Não quis me afastar e só o fiz em janeiro, após a transição de governo. Só em janeiro deste ano iniciei meu tratamento. Demorei uns quatro meses e fiquei boa, sem dores. Com muita medicação, mas sem dor. Mas quando veio esse último período de chuva, as coisas pioraram e tive de voltar a São Paulo.

Tribuna Independente – Então sua ideia de sair da política era meramente por questão de saúde?

Célia Rocha – Por questão de saúde, exclusivamente por isso...

Tribuna Independente – Mas agora está recuperada...

Célia Rocha – Agora, voltei depois desse um mês e pouco. Lógico mexeram na medicação, e estou excelente. E com esse solzinho brilhando é que fico com mais disposição.

Tribuna Independente – Sendo assim a senhora é candidata a quê? A deputada estadual mesmo?

Célia Rocha – É. Quando eu voltei, o senador Fernando Collor me chamou a Brasília para me entregar o PTC, no sentido de que eu presidisse no estado o partido e, a partir daí, começasse a organizar a legenda nos municípios que estavam sem o PTC e naqueles em que o partido estava sem atuação. Com o propósito de fazer uma chapa proporcional estadual e federal, a princípio esses dois espaços. Ele me deu essa incumbência, que para mim é novidade porque nunca lidei com construção partidária, de diretórios. Nunca tinha feito isso. Evidentemente, eu aceitei a missão dele e estou começando a cair em campo nesse sentido. Aí surgiu essa ideia [deputada estadual], fora os pedidos de Arapiraca que solicitam muito a minha volta à vida pública e tenho uma afetividade muito forte com o povo arapiraquense. Agora a gente está com o mandato de um adversário.

Tribuna Independente – Mas por que estadual e não federal, já que a senhora já foi deputada em Brasília?

Célia Rocha – Porque eu não tenho mais condição de saúde. A ideia do senador [Fernando Collor], do governador, deles todos, era de candidatura a federal porque interessa muito mais. E sei das minhas limitações, sei que andar por aqui e em muito menos municípios e não ter o estresse de buscar votos no estado inteiro pelo fato de a disputa para estadual requer uma quantidade menor. Isso me dá mais conforto e segurança à minha saúde e eles, evidentemente, entenderam. Por conta, o espaço de estadual.

Tribuna Independente – E como está o PTC para a eleição do ano que vem, vai montar chapa própria, inclusive com candidatos majoritários, ou vai compor? O partido, inclusive, também está com o Rui Palmeira (PSDB) na Secretaria Municipal de Segurança Comunitária.

Célia Rocha – Eu acho que a união do governador Renan Filho com o senador Collor, através da secretaria de Agricultura consolidou mais essa relação. Mesmo sabendo que existe a parceria com o Rui, porque o PTC ocupa um espaço na Prefeitura. Não estive ainda com o senador depois de uma conversa dele com o governador, só sei dizer que a conversa foi muito boa. Tendo a crer que a tendência compor com o governador.

Tribuna Independente – A senhora falou de sua relação com a cidade de Arapiraca e com as pessoas de lá. Como a senhora avalia a gestão do atual prefeito Rogério Teófilo (PSDB), que é seu adversário político?

Célia Rocha – Nós tivemos um candidato e perdemos a eleição. Mas, me sinto ainda sem condições de avaliar a fundo. Não quero ser leviana porque passei muito tempo fora. Dos dez meses deste ano, passei alguns em Brasília por causa dos meus exames. Não tenho como avaliar, mas não sinto as pessoas satisfeitas, felizes. Eu, na última comemoração do aniversário de Arapiraca [93 anos], fui enquanto cidadã ver o desfile – que eu amo, acho lindo –, e os poucos contatos que tive, numa caminhada no meio das pessoas, senti que há espontaneidade das pessoas no sentido de ‘volta, Célia’, ‘de que não está legal’, ‘que bom você de novo’. Eu percebi isso, mas não quero ser leviana a ponto de julgar a gestão, até porque nem tem um ano ainda. É pouco tempo e ainda tem muito chão. Mas, apesar de a gente viver essa crise, a recessão que a gente viveu entre 2015 e 2016, já não tem mais. A economia está dando sinais de saída do fundo do poço com inflação menor, juro caindo e o emprego, muito modestamente, voltando. Também olhar para trás não adianta nada. Enquanto você não foca para frente, você fica imobilizado. Acho que é isso que talvez esteja acontecendo. Pare de olhar para trás, olhe para frente, foque, e vá adiante. Não sou do quanto pior, melhor.